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GREVE DA SAÚDE NO RIO | Pra que serve o conhecimento do SESO frente à greve da saúde do Rio?

A saúde do Rio, que encontra-se nas mãos de Marcelo Crivella, enfrenta mais uma profunda crise. Costumamos estudar nas salas, nas mais diversas disciplinas, os motivos dessa crise.

Isa SantosAssistente social e residente no Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ

sábado 7 de dezembro de 2019 | Edição do dia

A saúde do Rio, que encontra-se nas mãos de Marcelo Crivella, enfrenta mais uma profunda crise. Costumamos estudar nas salas, nas mais diversas disciplinas, os motivos dessa crise. É comum no nosso currículo nos debruçarmos sobre o financiamento das políticas públicas, os cortes, os impactos do que corriqueiramente os gestores chamam de reorganização mas que sabemos que é parte de um processo de sucateamento, privatização, terceirização, transferência das gestões para OS’s, precarização do trabalho, burocratização do acesso para os usuários e assim por diante.

No Rio de Janeiro, a atenção primária de saúde é organizada, principalmente, a partir das Clínicas da Família e dos postos de saúde. Esses serviços integram uma rede, precária e sucateada, que busca atender a população e que é fundamental ao acesso a saúde dos trabalhadores, da população pobre, do povo negro e moradores das favelas e periferias do Rio. A partir desse serviços os usuários acessam as especialidades secundárias, terciárias de média e alta complexidade do SUS. Esse é o esquema ideal, o previsto, mas sabemos que os usuários e trabalhadores enfrentam diversas barreiras para o acesso e prática efetiva para o atendimento em saúde. Ainda assim é inegável o avanço que o SUS significa para a organização e acesso da saúde pública no país.

Os impactos dos avanços dos projetos de ataque ao SUS que lemos nos textos recorrentemente estão sendo sentidos hoje, na pele, nos à instituição dos “novos” modelos de gestão da saúde, as OS’s, no Rio presente desde 2009 possui uma legislação municipal que vai de encontro a uma legislação federal vigente desde 1998. E o que observamos até então é um aprofundamento de uma política que, não é especifica deste momento mas toma novas proporções com este modelo frente ao aprofundamento da crise e os impactos disso sobre os direitos dos trabalhadores. Mas tudo isso vemos nos textos, aqui queremos ressaltar como na prática isso se torna uma realidade cruel para trabalhadores e usuários.

Há mais de 2 meses sem salários, sem previsão de pagamento desse e do décimo terceiro, os mais de 20 mil trabalhadores (principalmente da atenção básica a saúde) encontram-se em greve. A população encontra uma realidade que onde clínicas da família e hospitais no Rio encontram-se sem medicamentos, sem matérias de limpeza ou qualquer outra condição básica necessária paro o funcionamento. Um realidade cruel para os trabalhadores que relatam desde a falta de alimentos a despejos e para os usuários que necessitam dos serviços. Uma mostra real de quais são os planos do capital e dos seus governantes para a saúde pública.

Crivella, que vale lembrar se elegeu sob o slogan “Cuidar das Pessoas”, destina um natal de fome para os trabalhadores e de filas, falta de atendimento e todas as consequências que podem derivar disso aos usuários. Não é um detalhe que tanto a maioria dos profissionais que atuam na saúde básica, nos serviços de cuidado, são mulheres e em sua maioria negras e que os usuários atendidos em sua grande maioria também sejam esse setor. Tal qual o nosso curso, a saúde básica hoje é composta em sua grande maioria por mulheres negras e atende ao conjunto dos negros e trabalhadores deste país. As mulheres negras que já recebem 60% a menos que os homens brancos neste país estão, graças a Crivella, sem receber o salário fruto do trabalho que realizaram e realizam. Um escândalo que se junta a vários outros de um prefeito que garante seus interesses e de sua igreja mesmo que isso custe a fome de vários trabalhadores.

Quando levantamos que é diante de uma conjuntura precária de um país cada vez mais reacionário que estamos nos formando enquanto assistentes sociais e que vamos exercer nossa profissão é desta realidade concreta que estamos nos referindo. Contra ela que nos propomos a lutar e para isso desde o Centro Acadêmico de Serviço Social da Uerj (CASS-UERJ) que estamos impulsionando uma campanha de solidariedade, apoio e luta contra os ataques aos SUS e a saúde pública que tem se expressado fortemente na saúde Municipal do Rio de Janeiro.

Como parte da campanha soltamos uma nota de apoio, que pode ser conferida aqui, um chamado a uma campanha de doação de alimentos e uma campanha de fotos em apoio a greve dos trabalhadores da saúde.

Confira aqui o vídeo e chamado para a campanha:

Queremos chamar a todo estudante do Serviço Social, da UERJ e do País, aos profissionais, professores, usuários e a toda a população a se somarem nesta campanha e fortalecerem a luta em defesa da saúde pública, que para nós precisa ser 100% estatal, gratuita e de qualidade para todos.




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