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DECLARAÇÃO DO MRT SOBRE A CRISE POLÍTICA E ECONÔMICA NO PAÍS | Por um movimento nacional contra os ajustes e a corrupção

O PT, ao assumir para si os métodos próprios do capitalismo para governar e ao usar sua influência sobre os sindicatos para permitir que os ajustes do “seu” governo passem sem luta, abre o caminho para o fortalecimento da direita e permitem que os não menos corruptos do PSDB lavem a própria cara. A corrupção não vai ser enfrentada por Moro, a PF, a justiça e a mídia. Moro está com o imperialismo e outro setor capitalista, igualmente corrupto e que quer atacar ainda mais duro que o PT já está fazendo. Contra o impeachment da direita, mas também contra os ajustes e a corrupção do governo do PT. Lutemos por um movimento nacional contra os ajustes, as demissões e a corrupção. Um movimento de massas que ofereça uma alternativa pela esquerda ao governo do PT e seja capaz de impor uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana que coloque o poder de decisão sobre a punição dos corruptos nas mãos da maioria da população e enfrente os grandes problemas do país.

domingo 6 de março de 2016 | 01:28

O PT alimentou a direita

Nossa denúncia da operação de direita por trás de Sérgio Moro e da Lava Jato não nos faz dar menos importância para a denúncia de que o PT abriu caminho para essa ofensiva da direita.

O que está ocorrendo com o PT é uma consequência lógica de um partido que resolveu assimilar os métodos corruptos típicos do sistema capitalista para governar. O destino de um partido que, com o apoio da burocracia sindical e estudantil, bloqueia a luta de classes e qualquer espontaneidade do movimento de massas que possa se transformar em um movimento nacional de luta contra os ataques e a corrupção do governo petista.

Ao contrário, até agora Dilma só respondeu pela direita a pressão do impeachment, mostrando-se disposta a entregar o pré-sal, fazer a reforma da previdência, aprovar uma lei antiterrorista que é pela criminalização dos movimentos sociais, abrindo o caminho para os movimentos reacionários da direita.

Nenhuma confiança em Sérgio Moro, na PF e na mídia, porta vozes da direita e do imperialismo

Com uma falsa imagem de imparcialidade, Sérgio Moro, a justiça e a PF se apresentam como quem vai livrar o país da corrupção. Com a ajuda espetacular da grande imprensa, com a Rede Globo à cabeça, manipulam a justa indignação popular contra a corrupção e os ataques do governo petista. Querem evitar uma resposta pela esquerda à crise política e econômica e buscam canalizar a insatisfação para uma saída pela direita.

Muitos trabalhadores chegaram a comemorar a operação contra Lula e tem a ilusão de que Sérgio Moro pode ser uma saída para os problemas do país. Nós do MRT, organização que impulsiona o Esquerda Diário, dizemos:

não haverá nenhuma transformação do país a favor dos trabalhadores e do povo articulada pela Rede Globo e o Poder Judiciário, em que os trabalhadores e a juventude fiquem como espectadores no sofá assistindo

Moro não somente tem vínculos com a oposição tucana (cheia de corruptos poupados em suas investigações), mas também com o imperialismo que com uma investigação independente do Esquerda Diário denunciamos que quer controlar nosso petróleo e o mercado de navios-sonda, além de ser casado com uma advogada da Shell, uma das principais beneficiárias da crise da Petrobras e da política de vender o pré-sal (que ganhou o apoio de Dilma recentemente, o que diversos setores petistas criticaram e parecem agora ter esquecido). Estes querem assumir as rédeas do país para impor ataques ainda mais duros, como está fazendo Macri na Argentina, contra o qual nossos irmãos do PTS na Frente de Esquerda e dos Trabalhadores colocam todas as forças para resistir.

Essa direita está disposta a passar até mesmo por cima dos poucos direitos democráticos garantidos pela Constituição.

Toda esta situação traz à tona novamente a política de impeachment, um mecanismo reacionário que está sendo levado adiante pelos setores mais conservadores e de direita do Congresso Nacional. Combinado a isso o Poder Judiciário avança em ações de condenação sem a devida apuração de fato e até mesmo “conduz coercitivamente” um ex-presidente. Esses métodos, que hoje são empregados para resolver disputas entre os próprios interesses capitalistas, imperialistas e os partidos que os representam, amanhã serão utilizados contra o movimento operário e suas organizações, como foi na ditadura.

O PSOL e o PSTU, os principais partidos que se apresentam como alternativa pela esquerda ao PT se blocaram numa escandalosa legitimação da Lava Jato

Exigem o aprofundamento das investigações para “pegar a direita também”, alimentando uma ilusão delirante em Sérgio Moro e cia. Até mesmo Sérgio Moro teve que soltar nota pública “esclarecendo” o absurdo antidemocrático que fez, mas a esquerda preferiu pedir mais para o “honesto” juiz federal.

Trata-se não somente de uma adaptação a uma certa opinião pública que não vê o que está em jogo, ou não quer ver porque apoia a ofensiva da direita, mas de uma posição que fortalece instituições do regime que não podem representar nenhuma alternativa, como o Poder Judiciário.

O PSOL, frente à recente operação sobre o Lula, tardou em se posicionar e, quando o fez em nota do partido, se negou a defender qualquer política além de uma “investigação até o final”, “pois ninguém está acima da lei” e a abstração da necessidade de “construir uma alternativa pela esquerda”, só pensando nas próximas eleições. Enquanto isso, continua numa frente permanente (Frente Povo Sem Medo) com a burocracia petista da CUT e CTB, principal obstáculo à constituição de uma força independente dos trabalhadores à esquerda do PT.

Com isso, só fortalecem a ofensiva da direita e juntam-se todos com a política do PSTU (e da corrente interna do PSOL, a CST) que há tempos já não tinha nenhuma preocupação em se delimitar da direita, com uma política de chamar a derrubar o governo Dilma por fora de qualquer mobilização independente das massas.

No caso do PSTU, parecem de esquerda ao falar de greve geral, mas deixam passar os ataques em todos os lugares onde tem papel de direção, praticamente sem resistência. Basta ver que não organizou sequer uma campanha séria contra as 517 demissões na General Motors de São José dos Campos. A política de “eleições gerais” que o PSTU defende desde o ano passado, termina na prática avalizando “pela esquerda” a política de impeachment da direita.

Basta de uma esquerda adaptada às regras do jogo do sistema tal como ele é. Se querem ser alternativa ao PT para os trabalhadores e a juventude, precisam assumir a responsabilidade de apresentar uma alternativa concreta que questione essa democracia dos ricos pela esquerda.

Por um grande movimento nacional contra os ajustes, as demissões e a corrupção, que imponha uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana

É verdade que não está fácil viver nesse país imerso em crise e corrupção, mas outra verdade é que é impossível uma saída que favoreça os trabalhadores e a juventude sem construir uma mobilização independente.

Se vocês do MRT não confiam na justiça o que propõem fazer? Construamos um grande movimento contra os ajustes, em defesa do salário e do emprego, que continue as grandes mobilizações de junho de 2013, e que lute ao mesmo tempo por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana. Assim, será possível punir os corruptos e acabar com o ataque ao nosso nível de vida, acabar com a dependência de nosso país em relação ao imperialismo e aos grandes monopólios capitalistas.

Um movimento como esse tem que ser contra os ataques da direita reacionária e contra o impeachment orquestrado por ela, rechaçando as manifestações convocadas para o dia 13. Também não pode encontrar perspectiva seguindo a política proposta por Lula, o PT e as direções governistas de colocar eixo na defesa do Lula e Dilma, escondendo o giro à direita do governo e seus ataques. Estes setores querem transformar o 8/3, dia internacional de luta da mulher, em uma mera defesa de Lula e Dilma, assim como farão em futuras manifestações caso não se fortaleçam setores com uma política independente.

Devemos partir da solidariedade às lutas em curso contra os ataques e ajustes para vencer.

[Assembléia dos trabalhadores da MABE, fábrica ocupada em Campinas e Hortolândia (SP) pelos trabalhadores para impedir o seu fechamento]

Essas lutas devem ser conduzidas ao não pagamento da dívida pública para impedir qualquer corte ou entrega do pré-sal e das riquezas do país, e que não aceite mais as demissões. Tem que levantar também uma resposta de fundo à crise política e contra a corrupção, arrancando essa demanda popular das mãos de Sérgio Moro e cia.

Um movimento como esse é a única forma de fazer com que a crise econômica seja paga pelos capitalistas e que haja uma verdadeira investigação e punição de todos os corruptos, o que não vai vir da justiça tal como é hoje.

Chamamos a esquerda a romper com sua política seguidista da Lava Jato e construir um movimento como esse imediatamente, levantando também uma saída de fundo para a crise econômica e política que atravessa o país, pois tratam-se de problemas estruturais os que vivemos hoje.

Não podemos ter nenhuma confiança nos juízes deste país, que sequer são eleitos pelo povo. Ganham fortunas e privilégios e são nomeados pelos políticos corruptos e influenciados diretamente pelas empresas nativas e estrangeiras e seus representantes nos governos.

Somente com o questionamento profundo dessa democracia degradada por parte dos trabalhadores poderá haver verdadeira justiça e combate à corrupção.

Também não podemos mais aceitar os privilégios dos políticos e esse sistema completamente antidemocrático e imerso na corrupção. Sem romper com a submissão do país ao imperialismo, com o controle dos monopólios sobre a terra e setores estratégicos da economia, é impossível satisfazer as demandas populares.

Somente os trabalhadores e a juventude podem dar uma saída de fundo e a esquerda deve colaborar com essa perspectiva. Lutemos por uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana, imposta pela força da mobilização, que possa mudar as regras do jogo, que não tenha nada a ver com a Constituição de 1988, tutelada pelos militares e torturadores da ditadura, para terminar com a corrupção, frear os ajustes e ataques e enfrentar os grandes problemas do país.

Uma constituinte que coloque em debate soluções de fundo como a de que todos os juízes sejam eleitos pelo povo por sufrágio universal e as decisões judiciais sejam por júri popular. Isso passa pela abertura de todos os arquivos de corrupção que estão sob comando da atual justiça e PF e que seja o povo o que defina as punições que devem ter contra todos os corruptos. Só assim poderemos confiar nas investigações de corrupção e que vão ser contra todos seus agentes. Somente os trabalhadores podem fazer justiça de verdade e não beneficiar outro bloco burguês meramente. Que todo político e juiz ganhe igual a um professor.

(veja aqui esta campanha impulsionada pelo Esquerda Diário que viralizou no Facebook).

Que todos os políticos possam ser revogados de todos os cargos, pelo povo que o elegeu caso não cumpra com o mandato popular. Que não haja pagamento da dívida pública para destinar à saúde, e que os trabalhadores revertam todos os acordos econômicos com o capital estrangeiro contra a população, como a entrega do pré-sal, e que este seja destinado inteiramente à educação. Para estas demandas serem levadas adiante é preciso a mais forte mobilização independente, como fizeram os secundaristas de São Paulo, mas agora a nível nacional para tomarmos em nossas mãos os grandes problemas do país para que a crise não seja descarregada nas nossas costas.

A serviço dessa política impulsionamos o Esquerda Diário , jornal diário que também tem sua versão impressa. Chamamos os trabalhadores e jovens a impulsionar essa política conosco, seja colaborando com o Esquerda Diário ou se organizando conosco e independentes na nova juventude revolucionária que está surgindo, no Nossa Classe ou qualquer outra iniciativa.




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