Lourival Aguiar MahinSão Paulo
domingo 2 de abril de 2017 | Edição do dia
O Brasil está em choque com a morte da Maria Eduarda, aluna do Rio de Janeiro, morta por uma bala vinda das armas da polícia assassina e racista. A violência cotidiana e sistemática contra o povo negro é essencial para manter a “ordem” burguesa. Atiram em nós porque temem nossa força, a força dos trabalhadores e do povo negro. Assassinam nossas crianças para que tenhamos medo de lutar. Mas não nos calaremos! Maria Eduarda PRESENTE!
E neste momento temos que lutar com todas as forças contra os ataques do governo Temer! Os ataques são profundos contra o conjunto da classe trabalhadora, porém é inegável que se existe uma parcela dos trabalhadores que se encontra mais vulnerável a essa situação são as negras e negros brasileiros, que hoje já se encontram em sua maioria nos trabalhos precarizados com piores remunerações e muitas vezes sem garantias de seus direitos. Não podemos separar a luta contra o racismo da luta contra as reformas, que se iniciaram no governo do PT, em que a terceirização avançou enormemente, e seguem agora com o governo Temer. Devemos então relacionar o debate racial com a luta da classe trabalhadora, dois temas tão importantes para entender a profundidade do racismo no Brasil.
Primeiramente temos que entender que o racismo é funcional a opressão que todos os trabalhadores, em especial os trabalhadores negros recebem, pois cria propositalmente um abismo de oportunidades entre negros e brancos que de um lado possibilita que haja um exército de desempregados sempre dispostos a receber qualquer quantia para poder sobreviver e de outro utiliza essa “disponibilidade” para pressionar os trabalhadores empregados a receberem salários cada vez mais baixos e aceitar cada vez menos direitos, independentemente de sua cor, gênero ou etnia. Somos todos vítimas dessa lógica perversa.
Os negros no Brasil são aqueles que iram sofrer mais perdas com os ataques travestidos de “reforma”, principalmente com relação a qualidade do trabalho, uma vez que um país onde os negros totalizam 54% da população apenas 13% de negros cursam o ensino superior e nos bairros e regiões mais pobres possuem uma expectativa de vida inferior a 70 anos, o que segundo as novas regras da previdência disponibilizaram apenas cinco anos de gozo da aposentadoria, isso se esta pessoa tenha contribuído desde os dezesseis anos e que as empresas para a qual esta pessoa trabalhou tenha realizado regularmente todos os depósitos ao INSS. Porém, neste momento devemos buscar uma unidade com todos os setores que queiram estabelecer uma luta séria contra os ataques, pois para barrá-los é necessária a força de todos os trabalhadores, negros e brancos, mulheres e homens, para que possamos demonstrar a força necessária para derrotar este governo. Devemos lutar juntos para derrotar Temer e seus ataques, respondendo com greves, paralisações, com organização pela base nos locais de trabalho, estudo e moradia e também com atos e marchas como a de hoje!!!
Mas isso apenas será possível se entendermos que enquanto os de cima querem nos dividir, devemos ao máximo nos orga
nizar para demonstrar a força de nossa união. Por isso é uma pena que neste momento a Marcha dos Negros Contra os ataques não esteja incorporada a mobilização do dia 31/03, que não foi um dia de paralisação nacional, junto com os professores do município e do estado que estavam em greve, por conta local em que poderíamos mostrar ao restante dos trabalhadores que somos nós, negros, que são os mais atacados, que desta vez serão SUJEITOS da luta e tomaremos para nossas mãos essas demandas, arrastando atrás de nós os demais setores.
No Brasil, se os negros não se libertarem, os trabalhadores jamais poderão ser libertados. Chegou o momento de mostrarmos que estamos a frente das lutas ao lado de todos os outros setores que estejam dispostos a lutar conosco.
Abaixo a polícia racista e assassina!!
Contra os Ataques de Temer!!
Que os capitalistas paguem pela crise!!!
Negras e Negros do Movimento Revolucionário de Trabalhadores - MRT
