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IMIGRAÇÃO | Por que o Mediterrâneo se converteu numa tumba para os migrantes?

Entrevistamos Guillaume Loïc, militante do NPA (Novo Partido Anticapitalista) na França, sobre a onda de mortes de imigrantes no Mar Mediterrâneo e a responsabilidade dos imperialismo europeus na catástrofe econômica da África.

terça-feira 5 de maio de 2015 | 00:55

Esquerda Diário: Nas últimas semanas mais de 1.300 imigrantes africanos perderam suas vidas no mar Mediterrâneo. Que medidas se prestam tomar os governos da União Européia (UE) e qual é a responsabilidade destes governos nestes massacres?

Guillaume Loic: Primeiro é preciso marcar a escalada do fenômeno, pois sempre os meios de comunicação capitalistas noticiam as mortes com parcimônia, mas se contamos desde o começo do ano 2015, são 1.650 e em um ano são 4.000 pessoas que morreram no mar Mediterrâneo; trata-se de um fenômeno de massas e não se trata de uma fatalidade do destino, é um assassinato de massas, ou seja, há questões imediatas, diretas destas mortes, que é a transformação do continente europeu em uma fortaleza militar controlada por navios militares dos principais governos imperialistas como França e Alemanha. Como resposta às mortes de 1.300 pessoas, estes governos triplicaram o orçamento deste dispositivo.

Também temos que questionar quais são os aspectos estruturais deste fenômeno pois as pessoas, os trabalhadores e suas famílias saem da África por algum motivo. Nos últimos anos houve toda uma serie de guerras; os principais locais de origem dos imigrantes são Líbia e Mali. E o que são Líbia e Mali? São os dois países onde se fizeram as últimas guerras da França; e a resposta do governo de Hollande é de desenvolver um discurso dizendo que os chefes mafiosos que organizam o fluxo de imigrantes são terroristas e que agora tem que fazer outra guerra na Líbia, e a Grã-Bretanha se soma ao discurso de Hollande para convencer a comunidade internacional a aceitar esta guerra.

Acho que na França temos que dizer que todos os discursos reacionários de xenofobia estão se desenvolvendo dizendo que a França e a Europa estão frente a uma invasão de imigrantes e a resposta que eu acho que os trabalhadores devem dar é a luta pela abertura das fronteiras, que os trabalhadores sem documentação sejam registrados; houve uma grande greve em 2008-2009 dos trabalhadores sem documentação que foi um exemplo muito importante, apoiado em parte pela CGT e nos últimos meses os estudantes secundaristas tomaram esta questão política e saíram as ruas, em defesa dos seus companheiros secundaristas que foram expulsos.

A única resposta possível é sair com a política pela expulsão das tropas francesas da África e abrir as fronteiras e acabar com a Europa-fortaleza.

Transcrição: Cristina Santos




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