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De 13:00 às 14:00 paralisação nos locais de trabalho. Às 17:00 concentração no obelisco para marchar até a Praça de Maio. Haverá mobilizações em todo o país em repúdio a violência machista e os feminicídios.

Andrea D’Atri@andreadatri

quarta-feira 19 de outubro de 2016 | Edição do dia

Com o brutal feminicídio precedido de tortura da jovem Lúcia Pérez, em Mar de Plata(Argentina), a revolta voltou à tona. Há pouco tempo, em Mendonza, milhares de mulheres se mobilizaram, consternadas por três feminicídios ocorridos em menos de quatro dias, agora eram dezenove o número de mulheres assassinadas no país nos últimos dezessete dias. Até quando?

Porque nosso repúdio tem que ressoar até o mais longínquo canto do país, exigimos às organizações sindicais que convoque uma paralisação efetiva, com mobilização. Porém, nem a CGT (Confederação Geral do Trabalho Argentina) que está em trégua com o governo, nem as CTA (Central dos Trabalhadores Argentina), que limita a força da classe trabalhadora com medidas isoladas, responderam à altura sobre o problema colocado.

Foi com a indignação de trabalhadoras e trabalhadores que, em alguns lugares, se pode arrancar alguma medida de luta para esta paralisação e mobilização contra os feminicídios. Como fizeram as trabalhadoras da PEPSICO, que em assembleia votaram parar uma hora por turno e exigiram de seu sindicato que fornecesse transporte para ir até a concentração no Obelisco. Há outros exemplos que mostram a disposição que vem da base de levar adiante medidas de luta para enfrentar a violência machista enquanto os dirigentes sindicais negligenciam a causa.

“Muitíssimas mulheres e homens, nestes dias, voltam a advertir que, se não é com sua unidade na luta contra este flagelo, não haverá #NemUmaaMenos.”

Como disse o irmão de Lúcia, em uma carta que repercutiu fortemente nas redes sociais nos últimos dias, “temos que retomar forças para sair às ruas, para gritar todos juntos, agora mais do que nunca ‘nem uma a menos’, só assim evitaremos que milhares de outras Lúcias venham a morrer também.” É o sentimento de muitas mulheres e homens que nestes últimos dias voltam a advertir que, se não é com sua unidade na luta contra este flagelo, não haverá #NemUmaaMenos. Porque tanto no governo anterior de Cristina Kirchner, quando mais de um milhão nos mobilizamos em todo o país, quanto no atual governo de Macri, não se importam com nossas vidas: O estado é responsável por não se empenhar em reduzir a violência machista, que chega ao ponto de resultar em uma mulher assassinada a cada 30 horas ou menos. Com pressupostos miseráveis para implementar as medidas paliativas minimamente necessárias, os governos de todos os signos políticos só destilam cinismo.

Porém, esta unidade, que para a grande maioria é necessária se queremos frear ao machismo, foi questionada por setores do feminismo – que se opuseram nas redes sociais – a que os homens solidários à nossa luta se manifestem junto a nós. Polemizamos com estas idéias. Cremos ser necessária a mais ampla unidade para frear a violência machista.

“Se fazemos realidade esta consigna de que ‘se tocam a uma, nos organizamos milhares’ seremos uma força que não se pode deter, depende das mulheres e homens envolvidos nesta luta.”

Hoje temos que ser centenas de milhares em todo o país. Outros países se miram na Argentina e tomam o poderoso grito de “nem uma a menos, vivas nos queremos”, para enfrentar a mesma violência patriarcal. Se fazemos realidade esta consigna de que “se tocam a uma, nos organizamos milhares” seremos uma força que não se pode deter, depende das mulheres e homens envolvidos nesta luta.




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