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CRISE POLÍTICA | Por que lutar por uma Constituinte é a saída pra crise política?

Ao invés de lutar apenas para votar e mudar os jogadores, a juventude e os trabalhadores deveriam lutar para mudar as regras do jogo.

Diana AssunçãoSão Paulo | @dianaassuncaoED

terça-feira 13 de dezembro de 2016 | Edição do dia

Depois do golpe institucional em nosso país, cada dia é a uma nova "bomba" no Congresso Nacional. E estes acontecimentos invadem o nosso cotidiano, no caminho do ônibus, no horário do almoço no trabalho, no jantar em casa. O problema é que vemos os políticos corruptos caindo, mas entram outros tão ruins ou piores. E a ideia que fica é que na verdade tudo não passa de um jogo pra manter as coisas como estão, contornando a insatisfação da população e buscando as melhores maneiras de fazer ataques como a reforma da previdência e o teto de gastos públicos.

O forte sentimento democrático que tomou conta de muita gente diante do golpe da direita gerou um repúdio grande contra o verdadeiro "sequestro" da decisão popular: milhões de brasileiros decidiram nas urnas o seu voto, mas prevaleceu a vontade de 61 políticos corruptos. Contra este golpe organizamos assembleias, lutas, paralisações e muita exigência de que as centrais sindicais parassem de "corpo mole" e organizassem a resistência. Mas se por um lado defendemos nosso direito ao voto, diante desta crise política que expõe a podridão dos políticos tradicionais e a corrupção natural das empresas capitalistas, não deveríamos buscar uma saída que ao invés de reduzir o nosso papel ao voto nos colocasse como sujeito de transformações maiores na sociedade?

Muitos partidos políticos, em especial o PT vem apresentando como saída pra crise política a convocação de novas eleições. O PT que hoje está na oposição, foi quem abriu espaço pra essa direita, porque assumiu os métodos da corrupção e começou a fazer os ataques contra nós. Querem novas eleições porque não querem que os trabalhadores e a juventude sejam protagonistas das mudanças no país, não querem que nada fuja do controle. Querem buscar uma saída "por cima" pra quem sabe colocar Lula de novo no poder. Mas as pesquisas indicam Marina Silva como favorita, uma das grandes apoiadoras do golpe.

Os políticos podem mudar, mas as regras do jogo continuam as mesmas. Continuarão ganhando salários exorbitantes, continuarão tendo privilégios, a corrupção continuará existindo já que a Lava Jato quer fazer uma "limpeza" mas pra manter o sistema político tal como é, ou seja, com corrupção.

As empresas continuarão tendo relações espúrias com o Estado, a dívida pública continuará sendo paga em detrimento dos serviços públicos que continuarão precários.

Então ao invés de lutar para votar e mudar os jogadores, a juventude e os trabalhadores deveriam lutar para mudar as regras do jogo. Enquanto votamos, os políticos poderosos vão alterando uma série de coisas nas leis e na constituição pra beneficiar os empresários. Mas a própria Constituição de 1988 tem muitos limites e foi "tutelada" pelos militares da ditadura.

Pra mudar as regras do jogo a gente precisaria realmente organizar uma Constituinte, que seja geral, não somente sobre a reforma política, e que seja livre e soberana pra decidir os rumos do país.

Uma Constituinte assim teria que ser imposta pela força da mobilização. Porque se enfrentaria com os lucros capitalistas. Não se resumiria a fazer mudanças "superficiais". Daria pra população o "poder" de decidir, e não apenas de votar em um ou outro político que decidirá por nós, e em nome dos seus interesses e não dos nossos. Não podemos confiar na Lava Jato e no sistema judiciário como se eles fossem responder o problema da corrupção no país, nem nesse Congresso de ladrões e muito menos em algum presidente "salvador". Precisamos extinguir o cargo da presidência, o Senado e fazer uma Constituinte onde sejam eleitos representantes da população por zonas territoriais de todo o país, que sejam revogáveis a qualquer momento, e que não possam enriquecer com a política, ganhando o mesmo salário que uma professora. Uma Constituinte como essa teria que controlar o poder do país e reorganizar tudo a favor da maioria da população, que são os trabalhadores e o povo pobre.

Poderíamos suspender o pagamento da dívida pública e o teto de gastos públicos e destinar esse dinheiro pra saúde, educação, transporte e moradia. Poderíamos estatizar todas as empresas sob administração democrática dos trabalhadores e usuários, única forma de acabar com o método generalizado de corrupção nas estatais, que tem os políticos e capitalistas totalmente relacionados. Poderíamos garantir que os crimes de corrupção sejam levados a juri popular e que os juízes e procuradores sejam eleitos. Poderíamos legalizar nosso direito ao aborto pra que nenhuma mulher morra por abortos clandestinos, e legalizar a maconha, pra colocar um fim à guerra as drogas e aos assassinatos policiais da juventude negra e trabalhadora.

Pra tudo isso, precisaremos lutar e impor com nossa luta. Porque as mudanças que eles fazem hoje nas leis é pra tornar intactos os seus lucros, os seus privilégios e este sistema podre que se beneficia do suor da grande maioria da população, que são os trabalhadores, mas também do machismo, do racismo e do preconceito sexual. Vamos precisar organizar nossa luta nos locais de trabalho e estudo, exigir das centrais sindicais um plano de luta de verdade, e lutar por uma Nova Constituinte. Neste caminho, acreditamos que os trabalhadores e a juventude poderão fazer uma experiência de tomar os rumos do país em suas mãos e avançar na luta por um verdadeiro governo dos trabalhadores de ruptura com o capitalismo.




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