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LUTA CONTRA O AUMENTO DAS PASSAGENS | Por que estatizar o busão?

As mensagens nas faixas e cartazes erguidos nos atos remarcam que “não é só pelos trinta centavos”, mas como chegamos a um transporte realmente público e de qualidade? É necessário aprofundarmos os debates e organizarmos nossa luta, levantando um programa capaz de resolver os problemas mais a fundo e de impedir novos ataques. Com esse artigo queremos argumentar o porquê acreditamos que esse programa é a estatização do transporte com o seu controle posto nas mãos dos trabalhadores e usuários.

terça-feira 12 de janeiro de 2016 | 00:00

Porque transporte é um direito e não mercadoria!

Nossos direitos sempre são entregues nas mãos de empresas privadas, a partir de uma política manipuladora e neoliberal dos governos. Podemos ver nitidamente que estas empresas não trazem melhorias, ao contrário, elas agem como sanguessugas dos recursos públicos que recebem altos subsídios das prefeituras e governos para lucrarem bastante, seus frutos irem para os bolsos particulares de uma minoria e ainda esconde da população a cara dos patrões, gerando muitas vezes até forte hostilidade entre a população e os funcionários. Um exemplo dessas minorias privilegiadas é a família Barata no Rio de Janeiro, que é dona de várias linhas de ônibus nessa cidade e o “pai”, Jacob, é conhecido como o “rei do ônibus”.

Devemos nos perguntar: de quem é a culpa pelos ônibus, metrôs e trens superlotados? Quem é o culpado por ônibus que às vezes têm buracos de onde se pode ver o asfalto? Ônibus, metrôs e trens com um calor insuportável, as goteiras nos dias de chuva, os acidentes, entre outros N problemas que vemos dentro dos ônibus. De quem é a culpa? Apesar de cair sempre nas costas dos motoristas e cobradores, que também sofrem com essa política privatista, a culpa na verdade é dos empresários e dos governos que são seus aliados, que andam de carros importados, não se importam com nosso direito e fazem com que se repita viciosamente essa lógica de descaso e precarização, afinal transformam o transporte em mais uma mercadoria que deve ser muito rentável para que seus lucros aumentem.

Porque queremos acesso à cidade!

Como não bastasse que essa realidade precária do transporte no dia a dia, na ida à escola, à universidade e ao trabalho, os altos valores das tarifas e a falta de linhas de acordo com a demanda e localidade nos faz pensar duas vezes antes de sairmos para um parque, cinema, balada, clube, teatro etc. Os mesmos governos que não garantem espaços de lazer e arte à população, salvo quando pretendem ganhar votos, permite às empresas que possam cobrar caríssimo nas tarifas e impede o nosso direito de acesso à cidade. Com a estatização dos transportes sob controle dos trabalhadores e usuários essas tarifas seriam muito reduzidas e a juventude, desempregados, aposentados e outros setores que necessitassem poderiam ser isentos do pagamento. Também novas linhas poderiam ser postas a circular de acordo com a necessidade de cada região.

Porque defendemos as mulheres, LGBTs, negras e negros!

As mulheres, LGBTs, negras e negros são completamente expostos com a precariedade do transporte. São os ônibus e vagões lotados um dos maiores facilitadores dos assédios e violência que acometem principalmente estes setores. Os casos de violência que ficaram famosos no metrô de São Paulo e a própria realidade precária do transporte, que mais é utilizado pela população pobre e trabalhadora, que em sua maioria esmagadora é negra, mostram que é preciso estatizar sob controle dos trabalhadores e usuários, afinal essa realidade é pintada como “normal” e querem que nos conformemos que transporte de preto é assim mesmo, que mulher assediada e estuprada é porque tá com tal roupa no ônibus etc.

Porque defendemos os trabalhadores!

A luta pela estatização garante aos funcionários dos transportes melhores condições de trabalho, como salários e jornadas justas. Em Campinas e outras cidades os cobradores foram retirados e ao motorista foi legado uma dupla função, o que já causou muitos acidentes, inclusive terminando em morte de passageiros- Um absurdo! Também é comum o atraso dos pagamentos, como está acontecendo desde o dia 8 com trabalhadores da empresa privada VB Transportes que atende algumas regiões de Campinas. Mas os motoristas paralisaram as linhas azul e verde em protesto e disseram que não trabalharão de graça e nem aceitarão calados. Se o trabalho é controlado por eles próprios, em conjunto aos usuários, a qualidade também é maior, afinal são os próprios interessados e entendidos que estão responsáveis pelo funcionamento.

Dessa forma também podem garantir que todos os trabalhadores sejam efetivos, para que todos tenham salário e direitos justos e não sejam divididos ou humilhados com postos terceirizados. Isso trás também a tona a luta pela organização da classe trabalhadora, servindo de exemplo para que não só no transporte, mas que todos os serviços essenciais à população sejam públicos e estejam sobre controle dos trabalhadores e usuários.

Para acabar com a corrupção e as negociatas!

Estatizar os transportes e coloca-lo sobre o controle dos trabalhadores e usuários é o que garante um verdadeiro combate à corrupção, pois não haverá os partidos que servem à lógica das empresas, como PT, PMDB, PSB e PSDB, e, enquanto fazem propagandas demagógicas na TV, vendem, subornam e transformam em migalhas nossos direitos, o que não se restringe ao transporte, precarizam também a saúde, a educação, a moradia etc. E são estas mesmas empresas que ameaçam nossos recursos naturais e destroem as empresas públicas com sua lógica irracional do lucro. Um exemplo amargo é o que esses partidos e governos fizeram à Mariana-MG, com a Vale assolando literalmente a população e assassinando o Rio Doce, para não falar em seus envolvimentos nos escândalos de corrupção da Petrobrás que parece uma novela com capítulo novo a cada dia.

Os governos defendem os burgueses e não se preocupam com a classe trabalhadora. Se os trabalhadores forem quem cuida dos serviços, e estes são públicos, acabaria essa verdadeira farra das empresas que arrancam seus lucros do que deveria ser direito, graças aos governos, que por sua vez recebem em troca financiamentos em suas campanhas e estão comprometidos em outros esquemas sujos. Não por acaso podemos observar a ligação das grandes empreiteiras, que estão metidas nas corrupções da Petrobras com os transportes, ganhando dos governos as concessões de rodovias e administrando metrôs, como a Odebrecht faz no Rio.

Porque não é só pelos trinta centavos!

É preciso arrancar das mãos dos patrões os transportes, para que seja discutindo com a população o que deve ser feito ou não, dando voz aos que mais importam e sempre foram calados, indicando onde investir e o que é necessário reorganizar para que não seja um caos o dia a dia dos trabalhadores. E esses governos fazem apelos hipócritas para que a juventude e os trabalhadores, dizendo que “apertemos os cintos” para aguentar os cortes e “ajustes” da crise que não criamos, enquanto aumentam as tarifas e tentam nos impor mais ataques.

Nas lutas contra o aumento em 2013 a juventude venceu a batalha contra os governos, a partir de um forte movimento que levou milhões para as ruas e abriu uma nova etapa para as lutas no país, na qual está posto um forte questionamento à ordem antes estabelecida e existe muita disposição de luta para enfrentar os ataques da crise capitalista. Mas no ano seguinte os governos cederam aos empresários e impuseram novamente os aumentos. Por isso derrubar o aumento não pode ser nosso único objetivo, é necessário estatizar e que tomemos em nossas mãos nossos futuros!

Nessa semana acontecerão novos atos em várias cidades. Temos muitos motivos para ir às ruas mais uma vez contra as máfias dos transportes e para que os ônibus, trens e metrôs sejam estatais e geridos pelos trabalhadores e usuários!




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