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MULHERES NEGRAS 2016 | Primeiramente FORA, Temer!

Jenifer TristanEstudante da UFABC

quarta-feira 27 de julho de 2016 | Edição do dia

O atual cenário político brasileiro acontece no marco de um golpe institucional, golpe esse que foi desferido contra a classe trabalhadora. O golpe atinge em especial os negros e ainda mais as mulheres negras, mas não o PT que, em nome da governabilidade, abriu passe livre para a direita se instalar e aplicar de maneira ainda mais dura os ajustes. O PT não lutou para impedir que a direita se fortalecesse, também não fez uma luta efetiva contra o governo golpista. Com anos e anos de assistencialismo, de cooptação dos movimentos sociais e em especial dos negros, que poderiam e ainda podem cumprir um papel determinante na luta contra esse governo Golpista, o PT lavou as mãos e, numa tentativa de conciliar as classes, mostrou-se incapaz de dar uma resposta a altura dos verdadeiros interesses dos trabalhadores.

O governo golpista, no primeiro dia de ministério, acabou com a secretaria de Política de Promoção da igualdade racial, que já tinha uma política por fora de garantir igualdade racial até o final, até porque a dinâmica da organização social é fundamentada com base no racismo como um pilar fundamental do capitalismo.
Esse governo que foi construído por homens, brancos, herdeiros de latifúndios e empresários golpistas que acumularam a riqueza de suas famílias na escravização, no trabalho precário, na exploração da classe trabalhadora e que veem as mulheres negras como inferiores, sendo úteis apenas para cumprir trabalhos domésticos e terem os corpos utilizados como as “mulatas exportação” no carnaval e para o turismo sexual. Esse governo quer garantir que as mulheres negras não se fortaleçam, não sejam sujeitas de suas próprias histórias e se mantenham no “seu lugar”: nas favelas, sem moradia digna, sem direito à educação, nas prisões, e sob a mira da bala da polícia. E é sob a mulher negra que mais recai esse peso.

A divisão social do trabalho existe para garantir a hierarquia social, onde as mulheres negras que ocupam os piores e mais precários postos de trabalho, ou mesmo quando exercem as mesmas funções que os homens, recebem salários inferiores. Tudo isso ocorre para garantir que as mulheres se mantenham submissas e marginalizadas. A disparidade salarial tem gênero e cor, e temos que nos enfrentar com isso, reivindicando equiparação salarial não somente entre homens e mulheres, mas entre brancos e negros, pois no cenário de crise econômica onde os capitalistas querem nos fazer pagar pela crise, a luta pelos nossos direitos se faz ainda mais necessária, já que esse governo golpista, ao atacar o ministério trabalho, reduz a nada as leis trabalhistas. Enquanto isso, as mulheres negras são ainda mais atacadas, uma vez que a condição de trabalho já é desigual e na maioria do país é de precarização. Mas há vários exemplos de resistência que devem ser seguidos, como recentemente a luta das trabalhadoras terceirizadas da UERJ.

As mulheres negras são as que sofrem com a violência policial, nos casos absurdos como de Claudia, arrastada brutalmente pela polícia, ou também com a incerteza de que seus filhos sobreviverão ao alvo “suspeito padrão” da polícia, ou mesmo sem saber até quando terão seus maridos por perto, como no caso de Elisabeth, que desde o sumiço de Amarildo... Além de tantos outros casos que acontecem e são silenciados cotidianamente porque a mídia seletiva não mostra. Nas ocupações de escola onde os estudantes, em maioria negrxs, com as mulheres na linha de frente, ao se colocarem como sujeitos, no primeiro dia de governo Temer receberam cassetetes e bombas para que as escolas fossem desocupadas, ao contrário de dialogar com essa juventude o governo não quer ouvir nada que venha dos alunos, não está interessado em negociar nada e se mostra intransigente e repressor.

Na educação a repressão também se dá em vários âmbitos, como exemplo, ao não estudarmos a história das mulheres negras em nossos currículos. Aos governos não interessa que a juventude conheça sua história e tenha pensamento crítico. Cabe a pergunta: Cadê as mulheres negras na escola?Uma educação que somente trate os negros de maneira pejorativa não pode ajudar no processo de libertação que a sociedade machista e racista impõe às mulheres. Por isso é tão importante discutir Identidade negra na escola, e essa batalha é fundamental na luta pelo reconhecimento e memória negra.

É no cenário de crise internacional que se mostra ainda mais necessária a luta contra o capitalismo e o racismo em todo o mundo. O movimento Black Lives Matter (Vidas negras importam) grita aos quatro ventos no coração do imperialismo, onde o atual presidente é negro, as contradições ainda sofridas pelos negrxs nesse país, e também lá nos EUA as mulheres são linha de frente.

O capitalismo relegou a nós, durante séculos, uma localização de inferioridade e exploração, mas rompendo com as barreiras colocadas, várias mulheres ao longo da história se destacaram e mostraram que é possível ser diferente. É por isso que neste dia de luta da mulher negra latina americana e caribenha reafirmamos a força, a luta e a memória das mulheres negras e a necessidade de unificar a luta contra o racismo na destruição do capitalismo como tarefa apaixonante de emancipação humana.




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