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MEIO AMBIENTE | Polícia prende 4 brigadistas de ONG, sob acusação de incêndio criminoso em região do Pará

Policiais civis invadem sede de ONG de brigadistas contra incêndios florestais, prende 4 brigadistas, apreende documentos e os acusa de ter ateado fogo propositalmente em Alter do Chão, em Santarém no Pará. Ambientalistas e indígenas saem em defesa dos brigadistas.

quarta-feira 27 de novembro de 2019 | Edição do dia

Ontem, 26, a Polícia Civil do Pará invadiu a sede da ONG Saúde e Alegria e prendeu 4 brigadistas de Alter do Chão, em Santarém. Os ambientalistas da se manifestaram sobre a operação Fogo do Sairé, que investiga a origem dos incêndios que atingiram a região de Alter do Chão, em setembro deste ano.

Além das prisões, a polícia também apreendeu computadores e documentos. A ONG Saúde e Alegria afirma não saber qual é a acusação contra ela."Eu queria deixar claro que a gente desconhece, não sabemos até agora porque a gente está sendo acusado. Porque foram no nosso escritório sem decisão judicial, com um mandato genérico para apreender tudo. Do que que a gente está sendo acusado?", desabafou.

Nota da ONG Saúde e Alegria veiculada pelas redes sociais.

Em nota oficial, a polícia civil do Pará afirma que os brigadistas teriam colocado fogo na floresta para produzir vídeos e vender para ONGs, como a WWF-Brasil. A polícia afirma que a instituição comprou as imagens para conseguir patrocínio internacional para combater os incêndios.

Fogo em Alter do Chão, no Pará

Essa narrativa muito se assemelha ao discurso de Bolsonaro e de sua base governamental mais ferranha, que durante as escandalosas queimadas na Amazônia, que tiveram expressão internacional, com atos protagonizados por ONGs e ativistas ambientais, bem como uma massiva população jovem, afirmou que os incêndios teriam sido provocados por "ONGs para atacar seu governo".

Relembre: Escândalo: reportagem revela a organização das queimadas criminosas na Amazônia

De outro lado, indígenas da região de Alter do Chão se manifestaram em defesa dos brigadistas presos: "A brigada de Alter sempre atuou em defesa do nosso território, conhecemos a seriedade do trabalho e honestidade dos nossos brigadistas. Entendemos que estas acusações fazem parte de uma estratégia para desmoralizar e criminalizar as ONGs e movimentos sociais de forma caluniosa, áudios fragmentados, circulados fora do contexto, replicam um método já conhecido de influenciar a opinião pública, na tentativa de tornar fato acusações que ainda não foram comprovadas", afirmou em nota a associação Iwipuragã do povo Borari de Alter do Chão.

Sob o governo Bolsonaro vemos uma inversão do discurso de proteção ambiental. Seu ministro do Meio Ambiente advoga em primeiro lugar em nome do interesse do agronegócio, sempre colocando como antagônico o desenvolvimento econômico, a preservação ambiental e a garantia das terras dos povos originários. A perseguição e criminalização das ONGs é mais um fato dessa inversão de discurso, cujo verdadeiro intuito é a devastação ambiental em nome do máximo lucro para o agronegócio.




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