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USP LESTE | Polícia Militar também na EACH-USP

sábado 5 de setembro de 2015 | 00:04

Não bastasse terceirizar os serviços essenciais ao funcionamento da universidade (bandejão, limpeza, segurança, entre outros), desde o início de 2014, com o pretexto de uma crise financeira, a reitoria da USP cortou 50% dos trabalhadores terceirizados encarregados da segurança da EACH (campus USP Leste). Agora, a política da reitoria para a segurança na unidade, assim como no campus Butantã, é impor à comunidade universitária a presença da Polícia Militar, supostamente sob um modelo “comunitário” de policiamento.

Reconhecidamente uma instituição machista, racista e homofóbica, e sendo o aparelho repressor do Estado, a Polícia Militar de São Paulo é uma das mais assassinas do mundo. Como exemplo, a recente chacina que resultou em 19 mortos em Osasco e Barueri, que tem policiais como principais suspeitos das execuções. Na EACH já houve casos de racismo e lesbofobia contra estudantes por parte da PM; em um dos casos um estudante negro que havia esquecido seu celular na sala de aula voltou para pegar o aparelho e foi abordado violentamente pela polícia na frente de seus colegas causando a indignação de todos. Em outra ocasião, um casal de mulheres que se beijava foi interrompido por um policial.

Na imagem, reintegração de posse da reitoria da EACH em 2013.

A polícia serve à repressão e não à segurança. Conforme noticiado em veículos da própria mídia burguesa, após a assinatura do convênio entre USP e PM, os crimes aumentaram no campus Butantã. Por outro lado, a polícia tem cumprido o seu papel de constranger e perseguir o movimento estudantil e a organização sindical dos trabalhadores, como em 2013, quando a PM entrou na EACH para a reintegração de posse da diretoria ocupada em exigência ao afastamento do diretor Jorge Boueri responsável pela terra contaminada despejada no campus (até hoje o problema da contaminação não foi resolvido) e a brutal repressão ao Dia Nacional de Manifestações e Paralisações ocorrida em 29 de Maio deste ano. Com a presença de policiais infiltrados na rotina dos estudantes, o risco de represálias ao movimento estudantil se intensifica. PMs conhecerão o dia-a-dia dos ativistas, dos cursos, assembleias e reuniões, coletando informações pessoais de cada estudante, que serão utilizadas para a reitoria frear e criminalizar aqueles que lutam por uma universidade pública e aberta a toda população.

Para a comunidade universitária, um modelo de policiamento supostamente humanizado; para o seu entorno, a violência e repressão policial e o estereótipo de bandido.

Tanto o campus Butantã como o campus Leste, têm comunidades carentes no seu entorno e são os moradores dessas regiões, de modo geral, excluídos do acesso à universidade pelo filtro social que é o vestibular. Em matéria publicada no dia 4 de setembro no site do Estadão, a delegada responsável pela região da EACH afirma que bandidos usam o Jardim Keralux como “base” para crimes contra os alunos. Essa afirmação absurda demonstra o preconceito por parte da polícia contra a periferia, aumentando a segregação entre a já elitizada Universidade de São Paulo e a população do seu entorno, especialmente os mais pobres.

Hoje, diferente do Butantã, para entrar na EACH em qualquer horário é necessário apresentar a carteirinha de estudante. O procedimento de segurança adotado pela direção da unidade é elitista e excludente: para quem não é estudante, é obrigatório apresentar o RG e registrar a entrada nas portarias. Isso afasta a comunidade do entorno e isola esse espaço público de todos aqueles que não passaram no vestibular. E agora, com o novo projeto de policiamento, a PM que no entorno reprime e mata, estará dentro do campus perseguindo todos aqueles que não se enquadram no “padrão de estudante” selecionado pelo vestibular elitista.

A reitoria usa de forma oportunista o caso do estudante baleado na última terça-feira (dia 01/09) para consolidar e justificar a presença da polícia nos campi. A universidade, enquanto parte da cidade de São Paulo, está sujeita aos mesmos problemas de violênciano que se refere aos crimes provocados pelas injustiças sociais do capitalismo: a USP não é uma bolha. A comunidade universitária, mais uma vez, não foi consultada sobre o policiamento. Não podemos aceitar essa imposição autoritária do reitor Marco Antônio Zago. É necessário que estudantes, professores e funcionários se juntem para retirar a PM da USP e construam uma universidade viva e aberta para todos




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