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CRISE NO RIO | Picciani ameaça com impeachment de Pezão para regatear termo dos ataques com Temer

sexta-feira 23 de junho de 2017 | Edição do dia

Jorge Picciani fez duras críticas à Pezão e o ameaçou com um impeachment em entrevista à CBN nesta quinta (22), e no mesmo dia à tarde circulou no site do O Globo, uma mensagem enviada por Whatsapp pelo Presidente da Alerj a Edson Albertassi (PMDB), líder do governo na Alerj.

Em entrevista e na mensagem, Picciani declara que o Rio tem duas saídas possíveis no próximo período: uma intervenção federal na segurança e saúde ou o impeachment de Pezão. Picciani chama Pezão de incompetente mais de uma vez, e diz que, por sua vez, Pedro Paulo foi enganado nas negociações do plano de "recuperação" fiscal do estado do Rio que é um verdadeiro plano de ataques aos trabalhadores do Rio e vem sido aplicado pela Alerj.

Picciani levou adiante com o governo na Alerj a votação da privatização da CEDAE, o aumento da alíquota previdenciária dos servidores e aderiu ao plano, tudo isso enquanto servidores não receberam o salário de Abril, pago em uma parcela de R$ 700 neste mês de junho. O governo Federal, no entanto, exige um teto de gastos seja votado pela Alerj para congelar os gastos com referência a 2 anos anteriores, regulado pela inflação e com duração de 6 anos, prorrogável por 3.

Picciani declarou que não votaria o teto de gastos, e por isto o governo não assinou o plano de "recuperação", não congelou a dívida e não concedeu o tal empréstimo. Na entrevista à CBN, Picciani declara que o Rio Grande do Sul, outro estado em calamidade financeira, é quem exige o teto de gastos no pacote. Em seguida lista o número de ataques aprovados pela Alerj sob a repressão da polícia que foi elogiada pelo deputado.

Depois de recusar 6 pedidos de impeachment e votado quase todos os ataques pedidos por Temer, Picciani afirma agora que nas contas de Pezão de 2016, recusada pelos conselheiros interinos do TCE-RJ há "objeto" de crime de responsabilidade julgável pela Alerj. Agora Picciani tenta tirar todo o foco dos ataques de Temer e dos escândalos de corrupção do PMDB carioca, dizendo que o problema é de incompetência. A verdade é que o PMDB do Rio está se afundando sem Cunha e Cabral, enquanto que, por sua vez, Temer vai afundando o partido nacionalmente.

Picciani é peça fundamental para aprovação dos ataques de Temer, e sabe disso. Sua eleição como presidente da Alerj contou com o voto de quase todos os deputados, inclusive do PT e PCdoB, e sabe que tem poder de regatear, por isso ameaça com um impeachment que enterraria em partes o acordo com o governo Federal. Paralelo à isto, corre no STF um pedido do Ministério Público para anulação da privatização da CEDAE que poderia viabilizar seu projeto de se privatizar "aos poucos" a empresa.

Com a crise política instaurada no governo Federal, que foi salvo pelo TSE mas ainda será julgado pelo STF, e Temer por sua vez viajando na Noruega, Picciani apela a que Rodrigo Maia intervenha no processo em sua entrevista. Um possível alinhamento de Picciani para modificar a agenda de ataques e atrair menos desgaste para si e o PMDB carioca, tentando jogar para Pezão a responsabilidade que é de todos, de aprovação de todos ataques sob bombas e caveirões contra os trabalhadores que estão sem receber. Nada pode esconder que são grandes parceiros, tanto na concessão das bilionárias isenções fiscais, quanto na garantia do pagamento da dívida pública, dinheiro que deveria ir para saúde educação mas é arrestado diariamente pela União para garantir o lucro de bancos.

O sujo fala do mal lavado, se Pezão pode ser julgado por suas contas de 2016, ninguém menciona o fato de ter sido patrocinado com caixa dois por Joesley Batista em sua campanha, em troca de fábrica em Piraí, ou ainda o recente fato das mensagens entre Luís Carlos e Pezão denunciando propina ao governador no valor de 50 mil.

Picciani, além de citado na Lava-Jato foi acusado em delação do ex presidente do TCE, e nunca foi investigado no misterioso caso em que teria assinado uma parceria comercial com um defunto (uma fraude, obviamente).

Como dissemos neste artigo, não podemos confiar que a justiça ou a Alerj vá dar a saída para a crise do Rio, porque entre ameaças ou blefes, a preocupação dos políticos é se reeleger em 2018 para continuar aplicando ataques aos trabalhadores. Devemos nos mobilizar nos locais de trabalho e estudo, e no Rio, tomar nas mãos esta greve geral do dia 30 para impor que os capitalistas paguem pela crise, pelo não pagamento da dívida pública e por eleições para uma constituinte, derrubando Pezão, Temer, o congresso e colocando o povo para decidir.

Atualização: na tarde de hoje, Pezão convocou uma reunião de emergência com o legislativo e o judiciário estadual para pactuar uma saída para a crise política, em breve teremos novas informações neste site.




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