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GREVE DOS PETROLEIROS | Petroleiros: sigamos o exemplo do Espírito Santo, rejeitar o acordo

Leandro LanfrediRio de Janeiro | @leandrolanfrdi

sexta-feira 13 de novembro de 2015 | 19:46

Na tarde desta sexta-feira 13 a maior federação petroleira, a governista Federação Única dos Petroleiros (FUP) que reúne 12 dos 17 sindicatos petroleiros decidiu aprovar a proposta de acordo com a Petrobras. Esta proposta que é basicamente a mesma discutida e rejeitada em todas as bases desde dia 11 permite punições aos grevistas, desconta fortemente os longos dias desta greve, ataca o administrativo e ainda não garante sequer sustar a privatização que Dilma e o PT estão fazendo da empresa.

Hoje completamos 13 dias de greve nas bases da FUP e 16 dias de greve na minoritária Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) que organiza os restantes 5 sindicatos da categoria.

Passadas mais de duas semanas de greve geramos um grande impacto na produção da empresa, um prejuízo bilionário graças à intransigência da empresa e do governo Dilma. Em uma greve histórica em sua duração e extensão, radicalização de diversas bases que incluíram piquetes e ocupações de local de trabalho, bem como paralisações de lugares que nunca haviam paralisado como o Centro Nacional de Controle Operacional (CNCO), a empresa recuou em diversos ataques à categoria. No entanto, esta proposta de acordo está muito longe de refletir a força de nossa greve, e antes de mais nada reflete o desespero dos governistas da FUP que nunca quiseram esta greve contra “seu” governo.

Um acordo que permite punições é inadímissivel

O acordo proposto pela empresa e aceito pela direção da FUP prevê tratar cada caso à parte em uma comissão da empresa e da FUP. Sabemos que a Petrobras sistematicamente desrespeita comissões e tem uma forte prática antissindical com histórico de demitir ou perseguir lideranças, mesmo que sejam da CIPA. Há farto histórico disto particularmente no Norte Fluminense, base que teve alguns dos elementos mais radicalizados nesta greve, como a ocupação dos locais de trabalho seguindo o indicativo da mesmíssima FUP que agora propõe sair da greve deixando na mão estes trabalhadores que seguiram sua orientação.

No Norte Fluminense, particularmente no Terminal de Cabiúnas (TECAB) localizado em Macaé já ocorreram punições. Depois de ocupação do terminal na paralisação nacional da categoria em 24 de julho mais de 20 trabalhadores do turno que seguiram orientação sindical e ocuparam o terminal foram advertidos. Agora a mesma FUP, dirigida pelo ex-presidente do sindicato do Norte Fluminense Zé Maria Rangel quer deixar estes trabalhadores em risco.

Em vários outros locais do país os trabalhadores se enfrentaram com o assédio moral, garantiram piquetes, se expuseram frente às gerências e agora a governista FUP quer que estes trabalhadores confiem nela que não acontecerá nada. Mas já aconteceu em julho e ela sequer pautou nesta negociação. Naquela data todos tomamos “falta não justificada” e mais de vinte companheiros levaram advertência no TECAB. Não podemos avançar deixando companheiros para trás. Nenhum acordo sem dizer expressamente nenhuma punição, nenhuma transferência não acordada!

Depois de roubarem a Petrobras ainda querem nos roubar os dias da greve: lutar pelo abono de todos dias

Com toda a cara de pau do mundo a Petrobras depois de ser saqueada pelos diretores e gerentes indicados pelo PT, PMDB e resquícios dos tempos do PSDB, depois de gastarem mais de cinco milhões de reais em reforma das salas dos diretores como foi denunciado pelo Globo quer que paguemos pela greve.

O acordo feito pela empresa e pela FUP está anos-luz de contemplar a força de nossa greve que dia-a-dia veio curvando a intransigência da empresa e do governo Dilma. Depois de quase uma semana sem negociações a cada dia foram cedendo coisas, como foi nesta sexta-feira a garantia que os companheiros da Fábrica de Fertilizantes de Araucária (FAFEN-PR) tenham os mesmos direitos de todos trabalhadores do sistema Petrobrás.

Porém, no que tange aos dias parados a empresa quer nos dar um exemplo e nos punir. Ao contrário de categorias combativas, como os trabalhadores da USP que esta semana fecharam um acordo após greve e paralisações para reposição de dias descontados, a FUP propõe aceitar um acordo onde só nós pagamos. Pelo acordo metade dos dias serão descontados do salário e outra metade serão pagas em trabalho. Este acordo absurdo está aquém do absurdo acordo de 2013 quando fomos abonados em metade dos dias e outra metade ou forma pagas em trabalho ou geraram desconto. Isto é inaceitável, nenhum grevista com dificuldades financeiras por defender seus direitos e a empresa contra a privatização, lutemos pelo pagamento integral de todos dias parados!

Um acordo que ataca uma parte da categoria é inaceitável

Nesta greve demos um show de união, de mobilização que passava por cima das divisões sindicais da categoria, nos coordenando com colegas de outros locais para passar informes, vídeos, zaps, e até mesmo pensar como melhorar piquetes e dar maiores impactos na produção. Esta unidade da categoria precisa ser mantida e portanto é inaceitável um acordo que ataque uma parte da categoria.

Cada pedaço da categoria, cada subsidiária tem que ser encarada como parte integrante do todo.

O acordo prevê um grupo de trabalho para implementar a redução de jornada e salário do administrativo de unidades administrativas. Podemos pensar isto é só para o “pessoal das sedes”, porém, onde passa um boi passa uma boiada. Hoje atacam eles, pode ser as refinarias, terminais, plataformas.

Nenhuma garantia de parar as privatizações

O acordo feito pela FUP com a empresa prevê um grupo de trabalho para emitir um parecer em 60 dias sobre os “desinvestimentos”. Este parecer não é vinculante. Ou seja, pode ser colocado em uma gaveta. E para agravar, nada obriga a empresa a parar as privatizações enquanto se reúne este grupo de trabalho. Com toda força desta greve a FUP que nunca quis a greve para se enfrentar com “seu” governo podíamos muito mais. A CUT falou que apoiava nossa greve mas não fez uma só paralisação ou sequer um atraso de nenhuma categoria no país, não vinculou um só anúncio na TV mesmo com as centenas de milhões de reais que recolhe via imposto sindical obrigatório.

O acordo, nos termos da FUP não é uma trégua. É uma rendição. Uma trégua prevê que ambos os lados prometem não atacar e pela FUP para salvar “seu” governo privatista só nós nos rendemos. Uma greve que podia avançar para barrar a privatização pela FUP vai parar com um GT sequer tendo a empresa se comprometido a não vender nada durante o GT.

Para ser vitoriosos nos organizarmos pela base

Nesta greve que a FUP nunca quis e agora nos abandona mesmo com ameaças de punições, transferências, com descontos, com um ataque ao horário administrativo, e sem garantir uma trégua que fosse nas privatizações, ficou escancarado como precisamos nos organizar de outro modo. Não dá para confiar em sindicalistas eternos e governistas. Não dá para ter uma greve nacional dirigida por amigos de gerentes, diretores e ministros.

Para sermos vitoriosos é preciso rejeitar este acordo de norte a sul do país, fazendo como os trabalhadores do Espírito Santo que já rejeitaram a proposta.

Porém, somente rejeitar não é suficiente. Precisamos nos organizar democraticamente pela base e nos coordenar nacionalmente. Eleger delegados em cada assembléia para um comando nacional que supere a divisão entre FUP e FNP e coloque em movimento toda a força de nossa categoria. Será da força, união, criatividade dos grevistas de norte a sul do país que garantiremos nenhuma punição, garantiremos nossos dias e barraremos a privatização.




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