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Violência de gênero | Pernambuco, 2º estado em casos de feminicídio do Nordeste e 1º em transfeminicídio do Brasil

No mês do dia Internacional da mulher trabalhadora, vimos serem divulgados os dados do Fórum de Segurança Pública em que revelaram que em 2022, a cada 4 horas houve, ao menos, um caso de violência brutal do patriarcado contra as mulheres, e que 495 mulheres foram vítimas de feminicídios.

domingo 19 de março de 2023 | 16:35

Pernambuco registra o segundo maior número de violência de gênero do Nordeste, ficando atrás da Bahia, e é o maior em assassinatos brutais de mulheres transexuais e travestis. Para enfrentar essa barbárie é preciso ter uma forte organização de mulheres independente de todos os governos, que expresse a nossa força diante das atrocidades do sistema capitalista, que utiliza das opressões para aumentar seus lucros.

No primeiro semestre de 2022, o Brasil bateu recorde de feminicídios e se colocou como o país que mais mata pessoas transexuais no mundo. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2.423 mulheres foram vítimas de algum tipo de violência, e 495 terminaram em mortes brutais fruto da violência patriarcal exercida por companheiros, ex-companheiros ou parentes das vítimas. Isso sem contar com os dados que ficam subnotificados (ainda mais durante o isolamento social causado pela pandemia da COVID-19) e os dados de transfeminicídios, que chegaram a 132 assassinatos ainda no ano de 2022.

A violência do Estado e da extrema direita (na figura asquerosa da bolsonarista ex-Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alvares e de suas representantes regionais como Clarissa Tércio) contra uma criança de 10 anos que precisou recorrer ao procedimento do aborto no estado de Pernambuco após ser vitima de estupro em 2020; a jovem estudante negra de Jornalismo Janaína da Silva Bezerra, de 22 anos, que foi brutalmente estuprada e assassinada na Universidade Federal do Piauí (UFPI) no inicio de 2023; a morte asquerosa de Crismilly Pérola, uma mulher trans de 37 anos, que foi morta na Várzea, Zona Oeste do Recife, que além de baleada, foi arrastada por 20 metros e jogada em um rio; Roberta da Silva que morreu barbaramente após ter 40% do seu corpo queimado no Centro de Recife, e entre tantos outros casos brutais que aconteceram nos últimos anos.
Dados mostram que a cada quatro horas ao menos uma mulher é vítima de violência no Brasil, segundo o boletim Elas Vivem. Na terceira edição do documento apresentam-se dados do monitoramento de sete estados, quais sejam: BA, CE, PE, SP, RJ e pela primeira vez, MA e PI. Entre os casos registrados, 495 são feminicídios, ou seja, uma mulher é vítima fatal do sistema misógino capitalista a cada dia.

O estado de Pernambuco fechou o ano de 2022 com um aumento de 5,7% nos casos de agressões/violência doméstica contra mulheres, de acordo com os dados da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS/PE). Foram 43.553 denúncias desse tipo; o que equivale a quase 120 agressões por dia. Pernambuco é o segundo estado do Nordeste em registros de violência contra a mulher (227), ficando atrás do estado da Bahia, que teve 348 casos de violência. O estado também passou a liderar os números de transfeminicídios, posição que esteve ocupada pelo Ceará nos últimos dois anos.

No país em que a expectativa de vida de uma mulher trans é de 35 anos de idade, e que já ocupa há 13 anos o topo da lista dos países que mais matam pessoas trans e travestis no mundo, é preciso lutar contra esse sistema que busca nas opressões formas de melhor explorar e lucrar, que tem o sangue dessas vítimas em suas mãos, quando se utiliza da precarização das condições de vida e de trabalho, oferecendo os salários de misérias, as péssimas condições de moradia, de alimentação, estudo, lazer. Pois mulheres trans e travestis no Brasil, estão entre as que ocupam piores postos de trabalho, sendo empurradas a prostituição, onde estão mais vulneráveis a violências de todos os tipos, lugar onde escancara a barbaridade de um sistema que não se importa com a vida, pois tem como prioridade garantir maiores lucros para os capitalistas.

No dia Internacional da Mulher deste ano, vimos figuras asquerosas como as do deputado da corja bolsonarista, Nikolas Ferreira (PL-MG), o deputado mais votado no país, que proferiu um discurso repugnante extremamente transfóbico na câmara de deputados, vestindo uma peruca loira e afirmando com desdém que com o adereço se “sentia mulher”, chegou a falar que “as mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres”, atos de ódio da extrema direita conservadora, que por diversas vezes, já provou seu ódio contra as mulheres e pessoas LGBTQIAP+.

No estado de Pernambuco onde temos como governadora a Raquel Lyra, que teve sua candidatura apoiada pela extrema direita de Pernambuco,e já distribuiu cargos para figuras bolsonaristas asquerosas como Anderson Ferreira. Um nítido exemplo de como não podemos depositar nenhuma confiança nessa figura como uma representante das pautas das mulheres e de pessoas LGBTs, pois já se provou que a governadora é inimiga dessa população. Inclusive, quando se nega a pagar o salário das trabalhadoras terceirizadas da educação que estão há meses sem salários e sem condições de existência, trabalhadoras que mais sofrem com o peso desse sistema que utiliza da terceirização como forma brutal de exploração, tendo principalmente mulheres negras como o rosto dessa barbárie capitalista; se nega a pagar o piso da enfermagem, categoria majoritariamente composta por mulheres, e que reforça a violência policial contra pessoas negras e população LGBTQIAP+, como o triste caso que vimos acontecer de uma mulher trans em Recife que, ao descer de um ônibus e pedir ajuda a polícia militar por ter passado por um caso de transfobia dentro do transporte público, foi agredida no rosto pela própria polícia deplorável.

Para que não tenhamos que ver nossas vidas serem tratadas como estatísticas de morte, fruto da violência patriarcal capitalista, não podemos também confiar em setores que negociam os nossos direitos. Devemos também mostrar nossa independência do governo Lula-Alckmin, governo que é composto por ministros reacionários como José Múcio, que já compôs o Arena, partido da ditadura militar, Daniela do Waguinho, figura ligada à milícia carioca responsável por matar centenas de jovens negros todos os anos, Juscelino Filho, do União Brasil, que votou todas as reformas e é parte da Frente Parlamentar Contra o Aborto. Esse conjunto de alianças feitas pelo PT com a direita, representando a grande frente ampla, não é nenhuma novidade e já provou descarregar sua crise na classe trabalhadora, nas mulheres e lgbts, principalmente quando lembramos que nesse 8 de março, completam-se 10 anos que o PT nomeou Marco Feliciano, figura representante do fundamentalismo e lgbtfóbico, para comissão de direitos humanos e minorias na câmara de deputados, linha de frente da campanha de Bolsonaro em 2022.

Esta triste realidade só pode ser respondida com forte organização e luta das mulheres de forma independente de todos os governos, que não depositam toda sua confiança em leis e políticas que não rompem pela raiz com o machismo e o capitalismo. Sabemos que o patriarcado não vai cair sozinho, teremos que derrubá-lo. Para isso, é necessário destruir o sistema capitalista, que se alimenta das opressões. Nesse caminho, batalhamos por todos nossos direitos, desde os mais elementares, como a batalha por impor um plano de emergência para enfrentamento à violência de gênero que inclua a criação de casas abrigo com médicos e psicólogos para elas e seus filho, cotas trans e acesso gratuito a tratamentos hormonais e cirurgias garantidos pelo SUS, trabalho efetivo, pela revogação das reformas trabalhista e da previdência que afeta diretamente as mulheres, entre outras medidas que tirem as mulheres da situação de violência, organizando as mulheres e pessoas LGBTQIAP+ e o conjunto da classe trabalhadora para dar um golpe de morte neste sistema.




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