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ATAQUE AO DIREITO DE GREVE | Pelo segundo mês consecutivo, reitoria da USP corta ilegalmente salários

terça-feira 5 de julho de 2016 | Edição do dia

Os trabalhadores da USP desde maio vêm travando uma duríssima luta contra as medidas da reitoria e do governo Alckmin que avançam no desmonte, precarização e privatização da universidade. Entre essas medidas estão o corte de R$ 370 milhões no orçamento (mais do que todas as verbas de custeio), a desvinculação do Hospital Universitário da universidade e o fechamento de leitos e do Pronto Socorro infantil, a tentativa de tirar a sede histórica do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), a falta de professores em diversos cursos, a mudança de regime de contratação destes que irá desvincular pesquisa, ensino e extensão, o fechamento das creches http://www.esquerdadiario.com.br/Nota-da-Secretaria-de-Mulheres-do-Sintusp-contra-o-fechamento-da-creche-do-HU , entre outros. Além disso, uma pauta central da greve é a luta para que a USP implemente cotas raciais, como já acontece em praticamente todas as universidades públicas do país.

Não foram apenas os trabalhadores, e nem só na USP: professores, estudantes e funcionários das três universidades estaduais paulistas (USP, Unesp e Unicamp) se unificaram numa das maiores greves das últimas décadas. Essa mobilização levou a que, na Unicamp, por exemplo, os estudante já tenham arrancado a ampliação da moradia estudantil como uma conquista sobre a reitoria. Contudo, na USP a reitoria de Marco Antônio Zago, desde o início da greve tem mostrado a mais completa intransigência: não compareceu às reuniões de negociação unificadas com Unesp e Unicamp, não recebeu os setores em greve para negociar e decidiu reprimir duramente o movimento. Dessa forma, orientou a que todos os diretores das unidades da USP marcassem as folhas de ponto dos trabalhadores com “dia não trabalhado”, atropelando o direito constitucional de greve. Isso levou a um primeiro corte dos salários em junho. Essa medida ilegal já havia sido tomada pela reitoria de Zago durante a greve de 2014, e a justiça deu ganho de causa aos trabalhadores, vendo a medida como uma afronta ao direito de greve e determinando o pagamento dos salários confiscados. Mesmo assim, Zago voltou a repetir a ilegalidade. Não contente, ele inventou novas formas de roubar os trabalhadores e fraudou os holerites destes, o que prejudica também outros direitos trabalhistas vinculados ao salário.

Os trabalhadores resistiram à altura, e intensificaram seus piquetes de greve. Na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, por exemplo, onde o responsável pelo corte dos salários foi, ironicamente, o professor especialista em direitos humanos Sérgio Adorno, os estudantes se aliaram aos trabalhadores e negociaram a desocupação do prédio da Letras como condição para o pagamento dos salários cortados.

Mas agora, quando chegou o dia do novo salário, a reitoria manteve sua política criminosa e intimidatória, roubando o sustento de centenas de famílias. Foram trabalhadores de diversas unidades, como o Serviço de Assistência Social, Prefeitura do Campus Butantã, o Hospital Universitário, a Faculdade de Odontologia, a Química e a Veterinária. A situação de vários trabalhadores é francamente desesperadora, pois encontram-se sem ter como pagar suas dívidas no banco, alimentar seus filhos, custear seu aluguel. A maior parte dos atingidos recebia valores como 50 reais em seus holerites, e mesmo seus empréstimos consignados com desconto direto na folha de pagamento não foram pagos. Essa é a punição do governo Alckmin e seus subordinados contra aqueles que lutam em defesa da educação e da saúde pública, e pela democratização da universidade.

A resposta dos trabalhadores foi imediata. Em suas reuniões de unidade, decidiram aumentar sua resistência. Mesmo em unidades como o Serviço de Assistência Social (SAS), que foram mais duramente atacadas pelo corte, se mostrou uma disposição de não esmorecer: por imensa maioria foi deliberada a continuidade da greve. E amanhã, a partir das 06:30, realizarão um ato fechando a Alvarenga, a maior via localizada na proximidade do acesso principal do campus Butantã da USP. Diversos estudantes já se prontificaram a se juntar aos trabalhadores em seu ato. Outra preocupação fundamental é a organização imediata de uma campanha de solidariedade com coleta para os que estão sem salário, a começar pela cotização dos que estão recebendo o pagamento, mas também procurando outras medidas para conseguir garantir o sustento das famílias que sofreram esse ataque.




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