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19J | Pela unidade entre trabalhadores e a juventude, e não com golpistas e a direita

Para derrotar Bolsonaro, Mourão, os militares e todo o regime do golpe, é preciso que a luta seja unificada entre os trabalhadores e os estudantes, e não com a direita e os golpistas que Lula, e agora Marcelo Freixo tentam buscar visando apenas as eleições de 2022.

domingo 13 de junho de 2021 | Edição do dia

O Brasil passa por uma das crises mais agudas das últimas décadas, com uma pandemia que já matou quase 500 mil pessoas de covid e com a miséria que é imposta pelo desemprego e a fome que aumenta a cada dia. Tudo isso devido à política assassina do governo Bolsonaro com sua linha negacionista e de descarregar os efeitos da crise em cima da classe trabalhadora, dando respaldo a que os empresários demitam e reduzam salários dos trabalhadores. Junto dele, estão todas as demais instituições do regime, como STF, o Congresso, e os governadores, que mesmo se colocando como oposição em seus discursos demagógicos, ou mesmo no teatro que é a CPI da Covid no Senado, na verdade também são responsáveis por toda essa crise sanitária, pela miséria e pela retirada de direitos. Se dizem oposição ao governo de Bolsonaro em meio às suas disputas no poder, mas quando se trata de descarregar ataques contra os trabalhadores, como foi a PEC Emergencial que congela o salário dos servidores por mais de 15 anos, todos eles assinam juntos.

Frente a essa crise, a insatisfação vem crescendo no país. Isso se expressou nos atos do dia 29 de maio, que levaram milhares de pessoas às ruas, rompendo com a política do #fiqueemcasa, usada pelo o regime político e pelas burocracias sindicais como justificativa para conter esse descontentamento social. Esses atos, que marcaram uma inflexão na conjuntura em uma situação reacionária em que vivemos, com um governo de extrema direita e com o aprofundamento de ataques dos os golpistas, acabaram por fortalecer o caminho da estratégia eleitoral de desgastar Bolsonaro visando a eleição de Lula em 2022. Além disso os atos desse dia, que foram inicialmente convocados pela UNE (União Nacional dos Estudantes) contra os cortes na universidade, não contaram com o peso da classe trabalhadora, devido à política divisionista das centrais sindicais, como a CUT dirigida pelo o PT, que chamaram um ato simbólico em Brasília no dia 26, sem convocar fortemente o dia 29, nem organizaram a mobilização das categorias que dirigem.

Agora teremos o dia 19 de junho, que está sendo convocado como nova data de manifestações. Mas essas manifestações não podem ser um palanque eleitoral para Lula em 2022. Primeiramente, porque essa política serve para canalizar o descontentamento contra Bolsonaro e o regime na espera das eleições, enquanto a pandemia segue matando milhares de pessoas por dia, e a fome o desemprego seguem aumentando. Um caminho para não organizar a luta desde já. E segundo porque Lula está seguindo sua política de conciliação com os inimigos da classe trabalhadora, buscando aliar com a direita, com reuniões com José Sarney, FHC e Rodrigo Maia. Foram os mesmos que apoiaram o golpe institucional em 2016, removendo o PT do governo para aprofundar e acelerar ataques e abrindo caminho para a vitória de Bolsonaro em 2018. Esses mesmos golpistas foram responsáveis por todos os ataques contra a classe trabalhadora, como a reforma trabalhista e da Previdência, a lei da terceirização irrestrita e do teto de gastos e privatizações, como a da Eletrobras no último mês. Lula busca essas alianças fazendo fortes demonstrações de que está disposto a administrar o regime do golpe institucional, perdoando as reformas e inclusive mostrando disposição para privatizar a Caixa Econômica Federal.

Nesse contexto, as organizações à esquerda do PT se subordinam a essa perspectiva eleitoral e não apresentam qualquer alternativa. Expressão disso é Freixo ter anunciado sua saída do PSOL e sua entrada no PSB, partido golpista que já teve como membro Paulo Skaf, empresário bolsonarista e uma figura extremamente reacionária, e que governa hoje o estado de Pernambuco, onde o governador Paulo Camara reprimiu brutalmente as manifestações do dia 29 em Recife, ferindo gravemente duas pessoas que perderam parte de sua visão. A saída de Freixo não significa, entretanto, que no PSOL não caibam alianças com os golpistas, cujo resultado se evidencia na prefeitura de Belém, com Edmilson Rodrigues preparando uma reforma da previdência contra os servidores.

Essa estratégia de alianças com a direita e os golpistas que se dizem contra o governo Bolsonaro não favorece em nada os trabalhadores. Temos que ser os primeiros a repudiar e odiar Bolsonaro e toda sua corja reacionária, mas não podemos ter confiança nesses partidos burgueses que aprovaram vários ataques e são também nossos inimigos. O que garante que um hipotético governo de Freixo no Rio, aliado com os burgueses, não tomará o mesmo rumo que Edimilson no Pará, atacando os trabalhadores? Em 2020 Boulos também recebeu apoio dessa mesma direita golpista no segundo turno em São Paulo. Seria diferente o desfecho de um governo assim? Isso expressa toda a política eleitoral do PSOL que para garantir seu lugar no regime político, vem girando qualitativamente à direita.

Nossa luta não pode ser em unidade com a direita e os golpistas. Para enfrentar todos os ataques e os efeitos da crise descarregada nas costas dos trabalhadores, é preciso que a unidade seja feita entre a classe trabalhadora, os estudantes, movimentos sociais, as mulheres, negros, LGBTs, indígenas e todos os setores oprimidos pelo o sistema capitalista. As grandes centrais sindicais e a UNE atuam fortemente contra essa unificação, chamando datas separadas, não convocando assembleias nos locais de trabalho e estudos com direito a voz e voto para que mobilizar e batalhar para que essas lutas se massificam e se radicalizam.

Ao mesmo tempo que se negam a convocar uma paralisação nacional, as centrais sindicais convocam a data do dia 18 como dia de mobilização dos trabalhadores em seus locais de trabalho “em apoio” aos atos do dia 19, seguindo essa política divisionista que serve para conter o descontentamento canalizá-lo para essa estratégia eleitoral. É urgente que sejam convocadas assembleias nos locais de trabalho e estudo, para não apenas discutir as melhores táticas, datas, que tipo de manifestação, etc, mas também o conteúdo que é preciso levar a diante. Só com os trabalhadores à frente das decisões em espaços democráticos como esses é possível colocar em prática a unidade das pautas da juventude e da classe trabalhadora, assim como colocar de pé um plano de luta coordenado. Mais que as manifestações inclusive, essas assembleias podem e precisam avançar para superar os atos nos finais de semana, e organizar uma grande paralisação nacional, envolvendo as categorias de trabalhadores, que seja capaz de parar setores da economia e demonstrar a força dos trabalhadores contra os patrões e os governos.

É por isso também que em cada passo do movimento é preciso colocar claramente que a palavra de ordem “Fora Bolsonaro”, embora expressa o legítimo rechaço da população contra Bolsonaro, tem como conteúdo a política do PT e do PSOL, de que a saída de Bolsonaro seria através de um impeachment, colocando nada menos que o reacionário general Mourão no poder. Nosso ódio a Bolsonaro não pode estar a serviço disso e por isso lutar pelo Fora Bolsonaro, Mourão, todos os militares, enfrentando todo o regime político do golpe e batalhando por uma assembleia constituinte livre e soberana que coloque nas mãos da maioria da população as principais decisões do país.




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