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MANOBRAS PALACIANAS | Partidos se unem em defesa de integrantes da cúpula do PMDB

Preocupados com a repercussão nos trabalhos do Senado, onde tramita o processo de impeachment contra a Dilma Rousseff, integrantes do governo golpista de Temer e seus partidos aliados assumiram a linha de defesa do presidente do Senado, Renan Calheiros, do senador Romero Jucá e do ex-presidente José Sarney, que estão sendo alvos dos pedidos de prisão sob a acusação de tramarem contra a Lava Jato. Janot também pediu a prisão do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, acusado de continuar a obstruir as investigações contra ele no Conselho de Ética da Casa.

segunda-feira 13 de junho de 2016 | Edição do dia

Os pedidos preocupam o Palácio do Planalto, mas a aposta é de que o Supremo não deve aceitar os pedidos de prisão. Integrantes do governo golpista de Michel Temer disseram ter recebido "sinalizações" de que ministros da Corte consideram não haver indícios suficientes para configurar o crime de obstrução de Justiça, como sustenta o pedido de Janot. O líder do governo golpista no Senado, senador tucano Aloysio Nunes, disse que não havia fatos nas gravações que caracterizam obstrução na justiça. O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima afirmou que não há provas de atuação indevida e sim opiniões.

Gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sergio Machado, as gravações que envolvem membros do PMDB, porém, mostram que eles buscavam meios de se aproximar do relator da Lava Jato, ministro Teori Zavascki, e discutiam alterações de leis para, entre outras coisas, impedir que acordos de delação sejam feitos com pessoas presas e para alterar a regra de prisão após condenação em segunda instância, aprovada recentemente pelo congresso.

Na bancada do PT, o discurso foi de cautela. O líder do partido no Senado, Paulo Rocha (AP), disse não concordar com o uso indiscriminado do processo de delação. De acordo com o próprio senador "Estamos analisando com cautela, embora seja grave a questão. Mas não há informações concretas e esse negócio da delação está sendo usado politicamente para desgastar os partidos e a oposição. Não se tem clareza de onde isso vai chegar".

Este é mais um importante capítulo da crise política brasileira que, depois do golpe institucional, tende a se aprofundar. Conforme escrevemos aqui, o governo golpista de Michel Temer está demonstrando ser incapaz de impor os ataques que são de interesse do imperialismo, o que está fazendo com que se fortaleça a ala do "partido judiciário" que quer avançar com a lava jato para desgastar o PMDB e o PSDB.

O fato é que o pedido de prisão dos principais membros da cúpula do principal partido do regime burguês brasileiro é uma forma que setores da burguesia estão encontrando de trocar seus jogadores e em certa medida reorganizar os principais partidos burgueses. Enquanto o "partido do Judiciário" avança contra o PMDB e algumas figuras publicas do PSDB, em especial o senador Aécio Neves, o que podemos ver é que figuras importantes do regime político brasileiro como o senador José Serra e o governador de São Paulo Geraldo Alckmin permanecem intocáveis.

Ao mesmo tempo que isto demonstra ser uma luta palaciana entre frações da burguesia, mostra também a podridão desta democracia dos ricos e do suborno. Além de demonstrar que a corrupção é inerente ao sistema político conforme já denunciamos inúmeras vezes neste Esquerda Diário, também mostra uma preocupação dos velhos políticos da ordem em perder seus privilégios e as suas posições políticas conquistadas.

Enquanto isso a CUT segue com a sua paralisia

A postura do PT em pedir cautela com a crise política no país, apenas mostra que mesmo após o golpe institucional vão seguir como parte deste regime do suborno e por isso que têm mais medo da luta da classe do que dos golpistas e do "partido do Judiciário". Por isso que a CUT segue com a sua paralisia, não organizando nenhuma luta que faça a classe operária com os seus métodos enfrenta os golpistas e seus ajustes.

Esta postura apenas abre espaço para que lutas palacianas aconteçam. Qualquer resposta para a atual crise política e econômica que o país está vivendo que não seja a luta independente dos trabalhadores, apenas fortalece saídas daqueles que querem aplicar os ataques e dar continuidade aos esquemas de corrupção. Por isso é preciso lutar por uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana imposta pela luta dos trabalhadores e setores populares da sociedade, pois é a única maneira de questionar esta democracia do suborno, os golpistas, os ataques e o partido judiciário.




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