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ELEIÇÕES ÁFRICA DO SUL | Partido governista sofre derrotas, pela primeira vez, na África do Sul. Fim de ciclo?

Em um grande, porém esperado, revés para o Congresso Nacional Africano, o partido governista da África do Sul, a Aliança Democrática, partido mais abertamente neoliberal, tomou o controle político da cidade de Port Elizabeth, retirando do poder o Congresso Nacional Africano pela primeira vez desde o fim do apartheid.

sexta-feira 5 de agosto de 2016 | Edição do dia

Com quase 100% dos votos apurados na cidade, também conhecida como Nelson Mandela Bay, a Aliança Democrática tinha 46,6% dos votos, contra 41% do partido governista. Pesquisas realizadas antes das eleições locais de quarta-feira já previam que a maior sigla da oposição tomaria o controle da cidade.

Também como previsto, a Aliança Democrática e o Congresso Nacional Africano permaneceram lado a lado em outras duas importantes áreas metropolitanas. Com 72% dos votos apurados em Johannesburgo, a Aliança Democrática liderava com 41,8%, enquanto o Congresso Nacional Africano tinha 41,5%. Com 70% dos votos contados na capital, Pretória, a Aliança Democrática também tinha uma pequena vantagem, com 43,9% a 41,5%.Ou seja em três das maiores cidades do país o CNA pode sofrer um revés histórico.

O crescimento econômico fraco e uma série de casos de corrupção contra o presidente Jacob Zuma levaram o partido de Mandela a enfrentar um desafio sem precedentes, no momento em que eleitores ponderam, de um lado, o legado do partido que lutou contra o domínio da minoria branca, e, do outro, o desempenho desapontador de suas administrações.

Pela esquerda vimos o surgimento de fortes movimentos da classe trabalhadora, massacrados como em Marikana pelo mesmo CNA. Na juventude um importante movimento também veio se desenvolvendo na luta contra as heranças do apartheid e surgimento de novos agrupamentos na esquerda, como o liderado por antigo dirigente da juventude do CNA e também pelo sindicato da mineração NUMSA que rompeu com a CNA e com a central COSATU, ligada ao CNA.

(Saiba mais lendo: O extraordinário movimento estudantil sul-africano, um exemplo aos explorados do mundo)

AS dificuldades na economia do gigante sul-africano que tal como o Brasil e outros BRICS é dependente da exportação de commodities se combina a diversos elementos de crise social. Os escândalos de corrupção agregam elementos de crise política, que aparentemente estão conseguindo ser capitalizados por uma direita mais propensa a realizar ataques mais pesados aos trabalhadores que o CNA já vinha fazendo.

As dificuldades eleitorais do CNA, que pode perder cidades estratégicas pela primeira vez desde o final do apartheid, coloca em questão se também não pode se abrir um questionamento maior a esta força política que desde o levante contra o apartheid cumpre um papel de contenção e desvio da força da classe trabalhadora daquele país. O retrato eleitoral de hoje é um sinal de final de um ciclo? O que se prenuncia? Elementos a seguir analisando vivamente no país que é um exemplo para a luta dos negros em todo mundo.

(Com informações da Agência Estado)




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