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GOVERNO E CUNHA | Parlamentar do PT pede para Brasil se sacrificar por Cunha

"Eu defendo a reflexão que devemos votar pelo país, não pelo Cunha. Não acreditamos no Cunha, mas o que pode acontecer no país amanhã pode ser o pior dos mundos", diz José Geraldo (PT-PA), se referindo ao possível impeachment de Dilma.

Fernanda PeluciDiretora do Sindicato dos Metroviários de SP e militante do Mov. Nossa Classe

quarta-feira 2 de dezembro de 2015 | 00:00

Os três deputados do PT integrantes do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados defenderam a posição contra a admissibilidade do pedido de cassação de mandato de Eduardo Cunha (PMBD-RJ), ou seja, querem impedir que seja cassado o mandato de Cunha.

Hoje caberá ao Conselho afirmar se há ou não indícios que comprovem que o processo contra Cunha deva dar seguimento, acerca da nova denúncia que o envolve em propinas, de ter recebido R$ 45 milhões do BTG Pactual, além do escândalo de suas contas bancárias ilegais descobertas na Suíça meses atrás. Cunha nega.

Esta ação descarada em defesa de Cunha pelos deputados do PT se dá não de forma ocasional, já que setores do PT não querem se indispor com a ala que quer cassar o mandato petista da presidente da república, Dilma Rousseff. Como mostra de um partido dividido nesta questão, Rui Falcão, presidente do PT, pronunciou-se ontem em oposição a sustentar Cunha, junto a 34 dos 60 deputados petistas.

José Geraldo (PT-PA) defendeu que os três petistas do Conselho deveriam fazer um "sacrifício pelo país", ao entender que dar seguimento ao processo contra Cunha no Conselho de Ética o mesmo poderia iniciar o processo de afastamento de Dilma, avaliado como "o pior dos mundos", segundo ele. Estaria, assim, (ainda mais) aberta a instabilidade institucional no Congresso Nacional, e instaurada uma guerra declarada dos partidos que gerem a nação: PT x PMDB, e "salvem-se quem puder" (neste caso, quem não puder).

Mas tudo isso, na verdade, pode muito bem ser tratado como puro "blefe", de ambas as partes, pois atrás deste jogo político há algo muito maior, e que pode "salvar" tanto o PT, quanto o PMDB, e o projeto destes para o país, e então José Geraldo explica na sua própria declaração hoje qual seria a sua maior preocupação perante este cenário de crise política: "A possibilidade de ter as duas Casas Legislativas enfraquecidas é muito ruim para o país", pois o que está em jogo agora é o receio da Casa inviabilizar a votação da meta fiscal de 2015 (leia-se cortes no orçamento), além da prorrogação da DRU (que prevê aumentar a flexibilidade para que o governo use os recursos do orçamento nas despesas que considerar de maior prioridade, e permitir a geração de superávit nas contas do governo, elemento fundamental para ajudar a controlar a inflação, segundo o Instituto Braudel.

Entre ameaças e jogo político, um povo refém de lama e corrupção

Na última segunda-feira, Cunha ameaçou o vice-presidente Michel Temer de deflagrar o processo de impeachment caso os deputados votassem a favor da cassação do seu mandato. O voto dos 3 deputados do PT é determinante para o andamento do processo investigativo contra Cunha. Se os petistas atenderem ao pedido de Cunha, ele já informou a interlocutores da presidente que segura o impeachment. "Está nas mãos deles. Tudo depende do comportamento do PT", teria dito Cunha.

Enquanto segue o jogo sujo e descarado de chantagens de um partido sobre o outro, o que os políticos desta casta corrupta e miserável estão mesmo preocupados é da unidade para aplicar os ajustes, e farão todo o possível para implementar mais ajustes nas costas dos trabalhadores e da população pobre. Porque se depender deles, não será do bolso deles que vai sair o dinheiro para salvar os grandes empresários, as empreiteiras, os bancos, e salvar o país da crise que eles mesmos construíram. Mas sim, querem seguir tirando o pouco que temos. O que resta à população é se questionar: queremos nos sacrificar pelo Cunha e pelo PT, ou teremos que seguir buscando uma saída independente dos trabalhadores para a crise nacional instaurada?

É preciso uma resposta política de fundo à crise atual, o que para nós passa pela necessidade de lutar contra o conjunto da casta política, por uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana, imposta pela mobilização das massas, que seria o caminho pra encarar seriamente problemas profundos que estão colocados em nosso país. Impedir todas as demissões e defender a redução da jornada sem redução salarial, pra que todos tenham direito ao trabalho. Que todos os políticos ganhem o salário de uma professora e que sejam revogáveis. Não ao pagamento da dívida pública e mais verbas para educação pública e de qualidade em todos os níveis, com o fim do vestibular. Nenhum direito a menos para as mulheres, legalização do aborto já. Re-estatização da Vale do Rio Doce sob controle dos trabalhadores e confisco dos bens de todos os empresários criminosos envolvidos. Confisco de todos os bens dos envolvidos na Lava Jato e a conversão da Petrobrás em uma companhia 100% estatal controlada pelos trabalhadores.

É no curso desta experiência que se revelarão todos os limites da "democracia dos ricos" para implementar as medidas necessárias para fazer frente a estes problemas sentidos pelos trabalhadores, as mulheres e a juventude, cuja conclusão deve levar à necessidade de construir organismos de poder da própria classe trabalhadora que avancem, através da mobilização dos explorados e oprimidos que lutam contra a podridão deste regime, a um governo dos trabalhadores que efetivamente resolva estes problemas.




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