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SÃO PAULO | Para esconder a falta de medidas efetivas, Covas promove antecipação de feriados em SP

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), assinou hoje um decreto que antecipa os feriados de Corpus Christi e do Dia da Consciência Negra para 20 e 21 de maio, respectivamente, a fim de criar um feriadão estendido na capital paulista e estimular o isolamento social para supostamente conter o contágio pelo novo coronavírus.

Virgínia GuitzelTravesti, trabalhadora da educação e estudante da UFABC

terça-feira 19 de maio de 2020 | Edição do dia

Essa medida, no entanto, serve para acobertar a falta de medidas efetivas como a testagem massiva e a garantia de EPIs para os trabalhadores que seguem colocando suas vidas e de seus familiares em risco.

O Brasil já é o 3º do mundo com mais casos de Covid-19, atrás apenas dos EUA e da Rússia. As mortes chegam a 16.792 com curva ascendente. A ocupação dos leitos também está em estágio preocupante, um resultado do desmantelamento do sistema de saúde nos últimos anos, principalmente com a EC 95, conhecida como Lei do Teto de Gastos. 

Este cenário, longe de se tratar de uma catástrofe inevitável é uma consequência deste processo de ataque ao Sistema de Saúde público, mas também da completa ausência de medidas elementares pelos governadores, além de todo o papel catastrófico do Presidente que ainda hoje relativa o número de mortes e aprofunda seu negacionismo. Como muitos pesquisadores e estudiosos apontaram, desde o início da contaminação do novo coronavírus no Brasil, era fundamental que se tivesse garantido testes massivos para a população, garantindo assim organizar racionalmente as quarentenas, entre contaminados e não contaminados.

A ausência de fiscalização das patronais que sequer garantem EPIS para os trabalhadores, inclusive os da saúde que estão na linha de frente do combate a pandemia, assim como a inexistência do debate fundamental da reconversão da indústria, que recentemente no ABC as montadora voltaram a produzir carros, enquanto faltam respiradores nos hospitais, levando a que em diversos Estados já se escolha arbitrariamente quem vive e quem morre.

É neste cenário de total responsabilidade do governo Federal, mas também do Congresso Nacional e dos governos das mais de 16 mil mortes e milhares de contaminados que muitas cidades do Rio de Janeiro, Pará, Tocantins, Amapá, Roraima e Paraná são realizam lockdowns, medida que foi proposta pelo Prefeito de São Paulo e descartada por João Dória.

A medida de lockdown é uma forma ainda mais profunda de acobertar esta responsabilidade, que agora conta com a MP da Impunidade de Bolsonaro que impede com que qualquer agente público seja punido pela suas ações assassinadas da população, que em sua maioria é trabalhadora, pobre e negra. O lockdown diferente da antecipação dos feriados é ainda mais grave, pois recorre diretamente a repressão do Estado para coagir e reprimir a população sem, no entanto, propor medidas efetivas para lidar com a pandemia.

A decisão publicada na edição desta terça-feira (19) do Diário Oficial do Município de São Paulo, apesar de menos agressiva como os lockdowns, tem um ataque aos trabalhadores embutido que é antecipar os feriados para quando passar este Estado de Calamidade impor um ritmo de trabalho ainda mais agressivo a serviço de aumentar os lucros dos empresários. Um dos feriados antecipados é emblemático: o dia da consciência negra. No mesmo dia que umjovem de apenas 14 anos tem seu futuro interrompido pela polícia no Rio de Janeiro, utilizam o dia de luta e resistência dos negros para sua demagogia de combate a pandemia.

Nós do Esquerda Diário seguimos batalhando para que os trabalhadores emerjam como sujeito político para responder a crise sanitária e política no nosso país. Em primeiro lugar batalhando para uma Coordenação que lute pelo Fora Bolsonaro e Mourão, lutando para que os militares não capitalizem o nosso ódio contra Bolsonaro. Como parte desta coordenação, como viemos defendendo, é fundamental que os trabalhadores lutem por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana que permita com que cada trabalhador, através do seu local de trabalho, bairro e comunidade, possa participar das grandes decisões do nosso país. Por esta via, batalhar pela centralização de um único sistema de saúde, 100% estatal e sob controle dos trabalhadores, pela reconversão da industria para produzir os insumos necessários para o combate a pandemia, a liberação com remuneração e nenhuma demissão dos trabalhadores não essenciais e a garantia de EPIs para todos os trabalhadores que estão na linha de frente para o combate a pandemia.




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