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Para defender o meio ambiente: combater Bolsonaro, Salles, militares e o regime do golpe

Hoje, dia do Meio Ambiente, estamos diante do aprofundamento da crise ambiental e climática que vivemos nos últimos anos, agora, conjuntamente à uma crise pandêmica. Fica mais claro como essas crises são produtos diretos do sistema capitalista, suas grandes empresas e Estados que destroem a natureza. No Brasil não é diferente, quando o assunto é atacar o meio ambiente, os trabalhadores, os povos originários; Bolsonaro, Salles, militares e as alas do regime do golpe institucional se unem. Só a classe trabalhadora pode revolucionar a sociedade para que se estabeleça uma relação harmônica com a natureza.

Luiza EineckEstudante de Serviço Social na UnB

sábado 5 de junho de 2021 | Edição do dia

Ricardo Salles, o “excepcional ministro” do Meio Ambiente, como diz o presidente negacionista, estritamente alinhado ao projeto neoliberal de Guedes, vem fazendo um célebre trabalho em “passar à boiada”, conjuntamente de Bolsonaro e Mourão. Ou seja, cometem ou são cúmplices de crimes ambientais, como as enormes queimadas do ano passado no Pantanal e na Amazônia; desmatamento de biomas inteiros como o Cerrado, Amazônia; assassinato de indígenas e quilombolas, como vemos agora no brutal ataque aos povos Yanomami; passam diversos Projeto de Leis contra o meio ambiente no Congresso Nacional e STF. Isso tudo em nome do lucro do agronegócio, do latifúndio e, claro, da maior subordinação do país aos interesses imperialistas.

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Os olhos das grandes potências imperialistas, dos empresários do mercado financeiro, sempre estiveram voltados para o Brasil quando o assunto é “meio ambiente”, claramente não para salvá-lo. O centro das atenções e disputas imperialistas é a Amazônia, rica em biodiversidade e altamente lucrativa para o agronegócio. A disputa desses interesses sobre o Brasil tem vários cunhos. Bolsonaro e Salles vinham representando a ala, até então, mais reacionária imperialista, do negacionismo ambiental e climático, encabeçada por Trump. Sua derrota nas eleições norte-americanas foi um forte debilitamento do governo Bolsonaro-Mourão e seu projeto de maior aprofundamento dos ataques nesse setor. Mas não nos iludamos.

Agora, o atual presidente dos EUA, Joe Biden, aparece com um discurso mais “polido”, “mais verde”. O imperialista e sionista diz rechaçar o desmatamento da Amazônia no Brasil por parte de Bolsonaro e Salles. Apresenta em seu discurso um “capitalismo verde”, algo puramente demagógico que, no melhores dos casos, levaria apenas a mudanças superficiais, em sua aparência. Os reais interesses de Biden, alinhados com a ala do golpismo institucional do regime brasileiro, nada mais é do que conquistar maior controle sobre setores estratégicos da produção agrícola nacional - seja no crescimento de suas fronteiras produtivas e exportação de produtos, visto que o Brasil é um dos principais competidores dos EUA no mercado internacional; seja disputa com a China de influência e laços comerciais da América-Latina, no qual o Brasil é fundamental.

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Nesse sentido, Biden tenta disciplinar Bolsonaro e Salles com o apoio de alas do regime golpista que se subordinam à política norte-americana, na qual possuem relações e interesses históricos em comum. Mas não nos enganemos, enquanto Biden tenta sair de bom moço convocando a Cúpulas do Clima, sendo “duro” com Bolsonaro, etc. No Alasca, por exemplo, ele apoia um projeto de extração de petróleo no qual ataca indígenas locais. Todos convergem quando o assunto é a garantia dos lucros acima das vidas. Atacam o meio ambiente, os trabalhadores, a juventude, os mais oprimidos, os povos originários passando os diversos ataques, privatizações, cortes, retiradas de direitos, que garantem maior exploração, aproveitando da crise pandêmica - econômica, social e política - para nos deixar ainda mais na miséria.

No Brasil, o agronegócio foi um dos setores que mais lucrou, produziu e cresceu durante a pandemia. Devastam tudo para produzir toneladas de carnes e alimentos, enquanto mais da metade da população do Brasil está em insegurança alimentar; o país voltou para o mapa da fome, atingimos recordes de desemprego e aumento da pobreza. Sem contar que a produção da indústria do agronegócio é uma verdadeira incubadora de novos vírus, e por consequência, pandemias. Neste pouco mais de um ano de pandemia é possível ver com maior crueza que o capitalismo bloqueia qualquer possibilidade de estabelecer uma relação harmônica entre a espécie humana e a natureza.

Os mais interessados na harmonia entre a sociedade e o meio-ambiente são os trabalhadores que tudo produzem, ao lado da juventude, das mulheres, negros, lgbts e indígenas. Só a classe operária pode combater o latifúndio racista se aliando com os povos indígenas, quilombolas e camponeses pobres. Somente ela organizada junto a esses setores pode impor um programa de demarcação de todas as terras históricas dos povos e nações indígenas, bem como a defesa de sua autodeterminação, e, para além disso, levar a frente uma verdadeira transição ecológica e na produção que esteja à serviço de uma sociedade superior ao capitalismo.

Por isso, para combater Bolsonaro, Salles, Mourão, os militares, mas também o regime do golpe institucional, como os poderosos juízes do STF e o Congresso, precisamos de uma estratégia que seja da classe trabalhadora e que tenha uma forte política antiimperialista! É mais urgente do que nunca que nós construamos uma alternativa anticapitalista, antiimperialista e com independência de classe para combater o capitalismo e seus governos que destroem o planeta.

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Portanto, não podemos cair em armadilhas liberais como os projetos de um capitalismo mais verde, como querem os imperialistas europeus Macron e Merkel, ou mesmo o democrata imperialista Biden, do mesmo partido de Sanders, entusiasta do Green New Deal - que não passa de um acordo para as mesmas megacorporações que nos levaram à atual catástrofe ecológica “mudarem de postura”, cooptando as direções dos movimentos ambientais e sociais para torná-las agentes “progressistas” do capital. Mas, os Estados imperialistas e seus capitalistas não vão se transformar em agentes ecológicos e progressistas!

E, também, não podemos seguir os mesmos passos de conciliação de classes do PT que sempre negociou com o agronegócio, que hoje é o núcleo duro do Bolsonarismo, e foi o setor que mais cresceu no país sob os governos petistas, destruindo o meio ambiente e atacando os povos originários, por mais que seu discurso seja o da preservação. Esses passos e acordos do PT foram os que prepararam o terreno pro golpe institucional de 2016, a partir de fortalecer esses setores e se aliar com a bancada do boi com a desculpa da “governabilidade”. Precisamos nos organizar de forma independente do PT, para verdadeiramente combater Bolsonaro e Salles pois a boiada já está passando. Assim, lutando contra o PL que acaba com o licenciamento ambiental e tantos outros. Não podemos confiar nesses golpistas, que ainda estão no poder, como o centrão do Congresso cheio de representantes do agronegócio, ou no judiciário que segue as diretrizes dos militares sem nenhuma demarcação de terras indígenas e que assiste ao assassinato dos Yanomamis.

Não podemos esperar nada das instituições golpistas, por isso não podemos ter ilusões em saídas por dentro dessas instituições golpistas, como setores da esquerda como PSOL defendem, com o impeachment e a CPI. No fim das contas, essas medidas servem para desgastar alguns jogadores, fortalecer as instituições golpistas, porém mantendo intactas todas as regras do jogo capitalista que só servem para que os trabalhadores, os povos oprimidos e a natureza paguem as contas da atual crise, enquanto os capitalistas enchem os bolsos de dinheiro.

Somente com a força da nossa luta e mobilização nas ruas poderemos dar uma resposta para a crise ambiental, climática e pandêmica. Inspirados na força e disposição de luta da juventude que se levantou em 2019 nas massivas Greves Globais pelo Clima, e também no último dia 29M no Brasil. A crise escancara mais profundamente as contradições do capitalismo, permitindo que nós apresentemos respostas mais de fundo para tudo isso. Assim, devemos impor com a nossa luta uma assembleia constituinte livre e soberana que seria capaz de revogar todas as PLs e ataques, garantir os direitos dos povos originários, uma reforma agrária radical com demarcação das terras indígenas e quilombolas; enfrentando Bolsonaro, Mourão, os militares e o regime de conjunto. E para que os trabalhadores e ambientalistas se unam nessa luta, batalhando por medidas que enfrentem os lucros e estejam à serviço de uma verdadeira transição ecológica. Para que seja a maioria da população, aquela que verdadeiramente sofre com as catástrofes climáticas, a decidir os rumos do país, colocando, pela primeira vez, as vidas e a natureza acima dos lucros, avançando na perspectiva de um governo de trabalhadores em ruptura com o capitalismo.

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