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ESQUERDA DIÁRIO IMPRESSO | PT aceita tudo esperando 2018, enquanto Judiciário avança e Temer articula ataques para o pós-impeachment

Fernanda PeluciDiretora do Sindicato dos Metroviários de SP e militante do Mov. Nossa Classe

sexta-feira 19 de agosto de 2016 | Edição do dia

Já no primeiro discurso público do golpista Temer o mesmo anunciava seus planos ao afirmar que "ao Estado compete, vou dizer aqui o óbvio, cuidar da segurança, da saúde, da educação, ou seja, dos espaços e setores fundamentais que não podem sair da órbita pública. O restante terá que ser compartilhado com a iniciativa privada". Imaginem só: se Temer afirma que compete ao Estado a educação e anuncia o corte de quase 50% do orçamento das universidades estaduais, o que o mesmo fará com "o restante"?

Desde o governo Dilma a privatização da Petrobrás não para de avançar. Temer vem anunciando a privatização do saneamento básico, das empresas elétricas, dos transportes como as ferrovias, os portos (principalmente no Nordeste), dos aeroportos, das rodovias, assim como o Metrô de SP, com o governo tucano à frente. Sem contar os cortes exorbitantes na saúde e educação que já se dão hoje, mas o governo prepara ataques mais profundos com a provável aprovação do impeachment, principalmente a reforma da previdência, a reforma trabalhista e a PEC 241/16, que limita gastos públicos pelos próximos 20 anos.

Como se não bastasse, o Senado aprovou a Lei de Responsabilidade das Estatais, o PLS555, que prevê maior abertura de capital das empresas de economia mista, além da proibição de que trabalhadores ligados ao sindicato (ou membros de organização políticas) possam ser parte dos conselhos das empresas, num claro ataque à liberdade de organização política e sindical dos trabalhadores. Enquanto isso, no país onde a inflação e a crise econômica corroem os salários dos trabalhadores, a taxa de desemprego no segundo trimestre de 2016 foi a maior desde 2012, segundo o IBGE.

Por um plano de lutas que obrigue as centrais sindicais saírem do imobilismo

O capital internacional vem pressionando o Temer para realizar mais rapidamente esses ataques. Contudo, Temer vêm testando a correlação de forças (até onde vai a mobilização dos trabalhadores) para implementar estes ataques, assim como quer acelerar ao máximo o processo de impeachment para, após isso, ter mais legitimidade para aplicar os ajustes. A data para a votação no senado está marcada para o dia 25 de agosto, e o que tudo indica é que Dilma seja afastada definitivamente, perdendo, desta forma, o foro privilegiado. Enquanto isso, o Judiciário avançou nas suas medidas contra o PT no último período. Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura do inquérito contra a presidente afastada, e o Juiz Sergio Moro afirmou que pode julgar o processo do Lula.

Esse movimento índica um caráter preparatório para após dia 25 consolidar não só o impeachment, mas também afetar duramente os projetos do PT para 2018, como seria o caso de algum tipo de condenação de Lula e Dilma. Frente a isso, Dilma fez pronunciamento à nação defendendo a realização de um plebiscito por novas eleições, proposta que o próprio PT já dá como impossível.

E as centrais sindicais mantem a passividade: no último dia 16 as centrais chamaram um dia de luta contra o Temer, seguindo sua linha inofensiva, pois o imobilismo destas centrais sindicais impede uma mobilização de fato nas ruas contra o governo golpistas e os ataques que seguem desde o governo do PT. CUT e a CTB seguem a orientação do PT de não organizar nada de verdade para resistir. A Força Sindical, dirigida pelo golpista Paulinho, também não tem interesse em se movimentar, graças aos seus acordos com a FIESP e as patronais para atacar a classe trabalhadora.

Cabe à esquerda os jovens e trabalhadores, construir de fato um verdadeiro plano de lutas que obrigue CUT e CTB a romper com o imobilismo. Organizar nas bases dos sindicatos assembleias que permitam os trabalhadores se organizarem por suas demandas específicas e contra o conjunto dos ataques do governo Temer.




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