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PT, CUT e FUP traem greve petroleira: caminho livre para direita capitalizar descontentamento popular

Diana AssunçãoSão Paulo | @dianaassuncaoED

Leandro LanfrediRio de Janeiro | @leandrolanfrdi

quinta-feira 31 de maio de 2018 | Edição do dia

Uma greve petroleira de 72 horas logo após o movimento reacionário dos patrões do transporte. Seria a oportunidade da classe trabalhadora através dos sindicatos e das centrais sindicais levantar as demandas populares, como a redução do preço de todos os combustíveis, e impedir que a direita capitalizasse o descontentamento popular organizando uma paralisação nacional? Seria a oportunidade se não fossem as direções como a CUT e o PT, que protagonizam nova traição.

Ao contrário do que algumas correntes de esquerda dizem para seguir sua adaptação não se trata de uma discussão de "recuo momentâneo". Se trata de abrir espaço pra uma direita que, diga-se de passagem, não apareceu na rua do nada. Não foi do nada que as patronais do transporte e do agronegócio puderam parar o país através dos caminhoneiros. Foi através da somatória sistemática de traições feitas pela CUT e pela maioria dos sindicatos que colocou o país nesse rumo. Um ano atrás o clima era completamente outro, as vésperas de uma greve geral e com Temer nas cordas. Mas foram duas greves gerais traídas e a reforma trabalhista foi aprovada. Sem falar no momento do golpe institucional onde a CUT sequer convocou uma paralisação nacional, ou frente ao avanço do bonapartismo judiciário mobilizou apenas alguns milhares contra a prisão arbitrária de Lula, não defendendo efetivamente o direito do povo decidir em quem votar. As traições abrem caminho à direita.

É assim que se entende como empresários e a direita conseguem capitalizar o descontentamento popular não somente com o preço dos combustíveis, mas com Temer e toda corja de políticos corruptos e não a classe trabalhadora através de seus sindicatos.

É isso que aconteceu mais uma vez. O judiciário atacou de forma escandalosa os petroleiros. O TST determinou que a greve era ilegal porque seria política, como se uma categoria não pudesse lutar contra a privatização e impôs pesada multa aos sindicatos, e ainda determinou o fichamento policial das direções sindicais. Exército, Marinha, e polícias foram colocados dentro das refinarias e terminais para tentar amedrontar. Escancarando o tratamento completamente diferente dado por Temer e pelo judiciário ao bloqueio dos transportes pelas patronais e o tratamento dado a trabalhadores em luta. Frente a isso, a CUT poderia lançar uma enorme campanha nacional em defesa do direito de greve dos petroleiros, escancarando a diferença de "tratamento" em relação ao movimento patronal dos transportes, mas como a CUT e a FUP não queriam uma guerra contra a privatização e redução dos combustiveis chamaram a encerrar a greve petroleira.

O nível de apoio popular pelas demandas populares através da demagogia das direções patronais, o nível de apoio aos petroleiros, o nível de rechaço a privatização da Petrobrás, tudo isso não abria espaço para que a CUT se colocasse no centro da política nacional com os petroleiros adiante pra derrotar os planos de entrega da Petrobrás e levantar a bandeira popular da redução dos preços dos combustíveis?

Sim, abria espaço. Entretanto a estratégia da CUT e do PT é a mesma que se mostrou nas traições anteriores: avessos à luta de classes, e a qualquer possibilidade de que a mobilização dos trabalhadores fuja de seu controle, estão de olho nas eleições de outubro deste ano e querem convencer todos os trabalhadores que não são eles o sujeito de transformação e resposta à crise no país, mas sim seria a entrada de Lula como presidente. Os que não enxergam a estratégia eleitoral da CUT e do PT por fora das suas ações, não querem enxergar nada.

Os petroleiros precisam saber a direção que tem pra poder construir uma alternativa anti-imperialista e de independência de classe que denuncie abertamente esse papel da CUT e do PT em usar os petroleiros como massa de manobra dos seus interesses eleitorais. Querem que nos submetamos a outra maneira de favorecer os empresários e outra maneira de se submeter ao imperialismo, cortar dos direitos sociais. É a isso que se prepara o PT, com vergonhoso apoio do PSOL, que também assina o “Manifesto Unidade para Reconstruir o Brasil” que tem como meta a “responsabilidade fiscal”, ou seja cortar da saúde, da educação, gerar desemprego, reforma da previdência, privatizações, tudo em nome de seguir pagando a criminosa dívida pública.

Repetindo traições, a CUT e o PT mantém aberto o espaço pra direita capitalizar o descontentamento popular. Perdem uma enorme oportunidade de fazer com que a classe trabalhadora entre em cena com seus próprios métodos. Pesquisas de opinião mostram o nível de insatisfação da população e como mesmo com violentos ataques da mídia e do judiciário, a maioria da população é contrária a privatização da Petrobras. Há grandes reservas para uma grande batalha. Mas não é a isso que se orienta o PT e os sindicatos que dirigem. Os petroleiros, e os trabalhadores de todas categorias, precisam retomar seus sindicatos das mãos de burocracias, e coloca-los como instrumentos da independência da classe trabalhadora perante todos patrões e governos capitalistas. A FUP fala em nova greve no futuro. Essas lições são cruciais para os trabalhadores retomarem o caminho da luta de classes superando suas direções e assim fechar o caminho à direita sistematicamente aberto pelo PT.

O MRT e o Esquerda Diário esteve em diversas unidades da Petrobras apoiando a greve dos petroleiros mas mostrando em todo a efêmera duração do movimento como era preciso tomar em suas mãos a greve, exigir da CUT e demais centrais uma paralisação nacional para que se tivesse um plano de luta verdadeiro. Lutamos para dar uma resposta que não vá favorecer empresários “nacionais” nem o imperialismo como ainda quer o PT, por isso lutamos por uma Petrobras 100% estatal gerida pelos petroleiros e com controle popular.

Única maneira de garantir redução dos preços dos combustiveis sem novos impostos, sem cortes a saúde, à educação. Única maneira de arrancar do imperialismo mas também da corrupção de altos burocratas nomeados por Temer, pelo PT e governos anteriores, que usam riquezas que poderiam servir aos interesses de toda a população para seu próprio enriquecimento. Essa batalha tem sido abandonada por grande parte da esquerda que se colocou sob a direção do movimento patronal dos transportes e não aponta a responsabilidade do PT e da CUT quando é a direita que começa a capitalizar o descontentamento popular. Sem se separar de todas as direções patronais, sem denunciar o papel das burocracias pra que rompam com sua submissão e trégua, é impossível construir uma alternativa que supere o PT pela esquerda, que hoje passa por lutar por uma política anti-imperialista e de independência de classe.




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