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3º CONGRESSO DA ANEL | PSTU quer deputado do PT em importante mesa do 3º Congresso da ANEL

Ontem (31), a quatro dias do início do 3º Congresso da ANEL, foi divulgado debate sobre a “Situação Política no Brasil e os Rumos da Esquerda” na página da entidade no Facebook. Entre os convidados está o deputado do PT-SP, Adriano Diogo. Tatiane Lopes, militante da Juventude às Ruas e membra da Comissão Executiva Nacional da ANEL, diz que esta proposta não passou pelos órgãos de decisão da entidade.

terça-feira 2 de junho de 2015 | 10:04

A quatro dias do início do 3º Congresso da Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre (ANEL), foi divulgado na página da entidade no Facebook um debate sobre a “Situação Política no Brasil e os Rumos da Esquerda” com a presença de Adriano Diogo, deputado estadual do PT no estado de São Paulo, além dos dirigentes da esquerda Zé Maria (PSTU), Mauro Iasi (PCB) e André Ferrari (PSOL).

A ANEL, foi fundada em 2009 junto a centenas de estudantes de todo país que rompiam com a UNE e com a política governista no movimento estudantil, com o objetivo de reorganizar os estudantes contra o governo, uma grande tarefa política e ainda mais atual frente ao desgaste do PT, e dos planos de ajustem que esse partido vem passando contra a Juventude e os trabalhadores. As centenas de estudantes que estarão presentes no 3º Congresso e que se colocam a tarefa de construir uma entidade antigovernista, combativa e aliada aos trabalhadores, vão para o congresso para ouvir as idéias dos jovens e trabalhadores que estão em luta, e tomas as principais experiencias para se organizarem.

O fato de a principal mesa do congresso contar com um deputado do PT, precisa ser combatida e revista. A direção da ANEL, que tem sua maioria composta pelo PSTU, dar espaço para um representante do governo Dilma/PT num debate sobre os rumos da esquerda brasileira, ainda mais em um momento em que o governo petista vem mostrando claramente que Dilma mentiu durante as eleições e implementa as medidas neoliberais para fazer os trabalhadores, a juventude pagarem pela crise econômica, e não os empresários capitalistas que a criaram, com o corte na saúde e educação e os ataques aos diretos trabalhistas, não pode ser aceita.

Isto junto à precariedade estrutural da vida no país, os escândalos de corrupção, as medidas reacionárias, antidemocráticas e os ataques do Congresso, tem feito a insatisfação popular subir a um patamar visto poucas vezes na história do país. São os cortes na educação (9,4 bilhões) e saúde (11,7 bilhões), as MPs 664 e 665, o PL4330 da terceirização e muitas coisas mais. Esta insatisfação tem “explodido” em diversos lugares, como nas greves de professores no Paraná, São Paulo e outros estados, nas mobilizações estudantis da UERJ e UFRJ, na greve de mais de 48 universidades federais contra os cortes.

Contra a juventude vemos o corte na metade do orçamento do FIES que tem feito com que milhares de estudantes desistam ou sejam expulsos das universidades privadas, os cortes na educação que têm intensificado a precarização nas universidades federais (como na UFRJ onde os terceirizados estão sem receber salários e os estudantes sem professores e sem condições de infraestrutura), a tentativa de redução da maioridade penal, etc. São inúmeras medidas que se amontoam a já naturalizada superexploração do trabalho, o machismo e os assassinatos das mulheres, as mortes de jovens negros pelas mãos da polícia, os LGBTs assassinados impunemente, etc.

Os setores governistas já possuem a grande mídia, como Globo, SBT, Estadão, Veja, para defender suas idéias, além das leis que buscam calar partidos que não tenham candidatos eleitos, pelo antidemocrático sistema de legalização de partidos que impede os trabalhadores de legalizarem suas organizações, etc. Assim a tarefa desta entidade deve ser de ser um pólo de contra opinião, que dispute a política nacional com idéias de esquerda, da juventude negra, LGBT, pobre e dos trabalhadores, esses que são calados dia a dia, devem ver na entidade seu instrumento não só de luta, mas também um instrumento político de idéias.

Nos surpreende mais ainda que, para debater a conjuntura nacional, não apenas privilegiem um membro do PT, com o discurso de “usar as suas contradições para desmascará-lo”, como o façam em oposição a diversas organizações, sindicatos e, inclusive, setores em luta atualmente, como professores e estudantes de algumas universidades, que poderiam deixar muito clara uma visão de como se dá a situação nacional e o que fazer dentro dela.

A melhor forma de desmascarar e preparar a lutra contra o governo é que esta mesa sirva não para dar espaço ao inimigo, mas para debater clara e profundamente a melhor estratégia e propostas para, nos próximos meses, colocar de pé uma terceira via dos trabalhadores, lado a lado com a juventude, contra nossos inimigos. Não é possível aceitar que o PT, não só esteja no congresso, mas numa das principais mesas da Anel, queremos fazer um chamado a todas as correntes, centros acadêmicos e independentes que constroem a ANEL a exigir que a direção majoritária do PSTU retire o representante do PT da mesa.

Além desta adaptação ao petismo decadente, o PSTU levou à frente esta política sem discuti-la nos órgãos de decisão da ANEL, de forma burocrática.

Sobre isso, Tatiane Lopes, estudante membra da gestão do Centro Acadêmico de Ciências Humanas da UNICAMP (CACH) e da Comissão Executiva Nacional da ANEL, disse: “Nós da Juventude às Ruas construímos a ANEL desde a sua fundação e estamos na Comissão Executiva Nacional. Neste que é o mais importante órgão diretor da entidade, não foi discutido a presença do deputado do PT. Por isso pra nós foi extremamente burocrática a conduta do PSTU e, infelizmente, não é a primeira vez que isto acontece. Nós queremos que em vez de setores ligados ao governo, se expressem os estudantes e trabalhadores que vêm protagonizando lutas e greves em todo o país, como os professores do Paraná e de São Paulo, os estudantes da UERJ. Este é o momento de tornar mais forte nossa luta política contra o PT e o governo, e não dialogar com estes que são hoje rechaçados pela maior parte dos estudantes e trabalhadores do país. Como membros da executiva nacional da ANEL, exigimos que esta determinação seja revista e que de forma democrática definamos a composição da mesa e de todas as atividades do Congresso.”




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