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ELEIÇÕES MUNICIPAIS | PSOL, REDE e PCdoB juntos em Cachoeirinha - RS

Foi anunciada na tarde desta segunda-feira (18) a pré-candidatura de Antonio Teixeira (REDE) para a prefeitura da cidade de Cachoeirinha, na zona metropolitana de Porto Alegre. A pré-candidata à vice será Ana Fogaça, ex-vereadora do PSOL. Também participará dessa aliança o PC do B que possui dois vereadores na cidade, Irani Teixeira e Rosane Lipert. O bloco de oposição ao atual prefeito do PSB segue na esteira das possíveis alianças que ocorrerão na capital gaúcha com Luciana Genro, REDE e PPL.

terça-feira 19 de julho de 2016 | Edição do dia

O pré-candidato foi o segundo vereador mais votado nas eleições em 2012 pelo PSB, partido filiado à época. O leque de alianças poderia ser mais amplo, como bem colocou Teixeira no plenarinho da câmara dos vereadores: “estamos de braços abertos para o PT”. O vereador do PC do B, Irani, foi ainda mais enfático ao dizer “eu acho importante a unidade dessas forças. Eu ainda não desisti do PT. Essa luta não é isolada, é de todos da oposição”. Todos se juntam contra o atual prefeito do PSB, Luiz Vicente da Cunha Pires.

A formalização das candidaturas ainda aguardam as convenções de cada partido, que ainda não tem data marcada. Mas segundo os próprios partidários da REDE, a cabeça do partido, Marina Silva, vai estar em Cachoeirinha durante a campanha eleitoral.

Estranha aliança num primeiro momento

A aliança entre esses três partidos parece estranha em um primeiro momento para qualquer pessoa que acompanhe minimamente a política nacional e regional. Antes da consumação do golpe institucional, cada um desses partidos ocupava um espaço relativamente distinto dentro do espectro da política nacional. REDE fez oposição à direita do governo Dilma, levando Marina Silva a chamar voto em Aécio Neves no segundo turno. PC do B defendeu o governo de Dilma com unhas e dentes, mesmo com os cortes bilionários na educação e saúde, e recentemente elegeu o ultra reacionário Rodrigo Maia, do DEM, no lugar de Eduardo Cunha para a presidência da câmara dos deputados junto de vários parlamentares petistas. O PSOL sempre fez oposição à esquerda do governo do PT e agora recebe de bom grado esses setores que estiveram do lado oposto da luta em defesa dos interesses dos trabalhadores.

Mas se parece estranho à primeira vista, nada mais comum no campo da velha política. Alianças sem princípios com inimigos de outrora é algo corriqueiro entre os grandes partidos da ordem, como o PT se aliando com sujeitos da pior estirpe que vão desde Collor até Marco Feliciano, passando por Maluf e Cunha. O que salta aos olhos é o PSOL, que sempre defendeu uma nova política de esquerda diferente da do caminho trilhado pelo PT, se aliar com o partido de Marina Silva e o PC do B.

A REDE é um partido com vestimenta nova que já nasce caduca. Sua principal candidata tinha como parte de sua equipe econômica uma das donas do Itaú e como vice o presidente da Natura, empresa que lucra milhões às custas do suor de milhares de trabalhadores. Bem como defendia políticas neoliberais para o Brasil, como a autonomia do Banco Central.

O PC do B já caminha na esteira da política burguesa há tempos. Esteve ao lado de Dilma durante os cortes bilionários aos serviços públicos e atua como uma trava nos sindicatos que dirige, como uma verdadeira burocracia, para impedir com que os trabalhadores possam protagonizar lutas sérias em defesa de seus empregos e dignidade. Durante as ocupações secundaristas gaúchas, o PC do B, através da UJS, traiu os estudantes ao negociar os termos de desocupação pelas costas do movimento.

Ou seja, são partidos que decididamente não apontam para os interesses dos trabalhadores e da juventude. Dessa forma é impossível construir uma oposição séria à atual prefeitura do PSB.

Nada de bom pode sair dessa aliança. Como abrimos o debate neste artigo do Esquerda Diário acerca das eleições municipais em Porto Alegre, o caminho para a construção de uma esquerda que combata decididamente a direita da “escola sem partido” e que apareça como alternativa ao projeto decadente de pacto de classes que o PT continua defendendo não será feito reproduzindo as práticas de alianças espúrias que o PT e o PC do B sempre fizeram.




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