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CRISE POLÍTICA | PMDB sai do governo, mas maioria não entrega seus cargos

quinta-feira 31 de março de 2016 | Edição do dia

Figuras significativas como o presidente do senado Renan Calheiros e o prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes não se posicionaram concordando com a decisão da reunião do dia 29.

A ministra da agricultura, Kátia Abreu, além de mais cinco ministros, decidiram não seguir a “orientação partidária” aprovada por aclamação na reunião onde os contrários não participaram. Ou seja, permanecem no governo. A ministra ruralista ainda declarou que "O importante é que na tempestade estaremos juntos", referindo-se ao governo Dilma. Por enquanto, somente o ministro Henrique Eduardo Alves, do Turismo, entregou o cargo.

Enquanto o experiente Renan tentou-se colocar à distância, dizendo que precisa preservar o senado “dessa partidarização que está acontecendo”, Eduardo Paes, transbordando pragmatismo e preocupado com a realização das Olimpíadas em agosto, foi mais transparente, "Não há santo que me faça deixar de dialogar com qualquer governo, seja da presidente Dilma, seja de quem for. Aliás, é o conselho que dou todo dia ao Pedro Paulo (candidato do PMDB à sucessão de Paes): independentemente de quem for o presidente, se dê bem. Deve ser a presidente Dilma, ela está aí, foi eleita até 2018. Prefeito não tem que ser situação nem oposição. Prefeito é prefeito".

Já o líder do partido na Câmara, deputado Leonardo Picciani, que no fim do ano passado chegou a ser destituído do cargo por lista, mas conseguiu retomá-lo dias depois, também por meio de lista, assumiu o discurso partidário, influenciado pelo fato de os diretórios do PMDB do Rio e de Minas, principais apoiadores dele na liderança do partido, terem tomado a decisão de deixar oficialmente o governo. Oposicionistas e aliados de Picciani avaliam que essa mudança na sua postura se deve aos cálculos de que o desembarque do PMDB deve provocar o aumento de deputados favoráveis ao impeachment.

Apesar de serem conhecidas as negociatas de Temer com Serra para o imediato possível pós impeachment, Eduardo Cunha declarou que "O PMDB não tem cargo para oferecer, quem está no governo é que tem cargo para oferecer. Não existe processo de impeachment por troca de cargo". Sobre os 600 cargos que o governo passa a ter para negociar e recompor sua base, Cunha disse que “O governo deveria constituir a sua maioria dentro de uma base sólida, de comprometimento com os seus programas e de participação. São manobras de uma tentativa de cooptação através de cargos, recursos, emendas, qualquer coisa do gênero, isso não é bom para a política e também não vai solucionar o problema”. Curioso comentário vindo do PMDB, que não só sustentou esse governo por anos, como na verdade participou da maior parte dos governos federais desde a redemocratização.

Enquanto isso, o vice Michel Temer, seguindo sua estratégia, adotada desde o início deste mês, de se ausentar da capital federal nos momentos de maior tensionamento político, planeja iniciar em abril viagens pelo país preparando as eleições municipais de outubro, no que está sendo chamado de "Caravana da Vitória".




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