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PCdoB e PDT escancaram quem são e apoiam Maia, o candidato de Bolsonaro

O PCdoB, partido da Manuela D’Ávila, candidata a vice-presidente na chapa com Fernando Haddad (PT), declarou hoje que, assim como o PSL – partido do presidente eleito Jair Bolsonaro – apoiará a recondução de Rodrigo Maia (DEM) à presidência da Câmara dos Deputados. O mesmo que declarou o PDT, partido do ex-candidato a presidência Ciro Gomes.

quarta-feira 16 de janeiro de 2019 | Edição do dia

Quem é Rodrigo Maia (DEM)?

Rodrigo Maia é presidente da Câmara dos Deputados desde julho de 2016, quando substituiu o ex-deputado Eduardo Cunha, que foi afastado da presidência pelo STF e cassado pela Câmara, após cumprir sua função de impulsionar o impeachment de Dilma Rousseff (PT).

Em 2017 foi eleito em primeiro turno com 293 votos para o biênio 2017-2018, com o apoio de uma grande frente de praticamente todos os partidos que impulsionaram o golpe institucional. Sua candidatura, questionada por outros candidatos em base à Constituição Federal e ao Regimento Interno da Casa, que proibiam a reeleição de membros da Mesa Diretora, recebeu o aval do Ministro do STF, Celso de Mello, dando ali mais uma mostra do papel bonapartista que cada vez mais iria assumir o judiciário.

Durante o ano de 2018 Rodrigo Maia cumpriu um papel chave em conter o andamento dos processos de impeachment contra o presidente golpista Michel Temer, garantindo sua manutenção na presidência mesmo depois dos escândalos relacionados à caixa 2 com a JBS. Enquanto garantia a permanência de Temer na presidência, impulsionava a aprovação da Reforma Trabalhista junto dos demais deputados por meio de trocas e favores.

Esse é Rodrigo Maia, acusado em 2017 de ter pedido e recebido propina no valor de 600mil da Odebrecht, de acordo com o jornal O Globo. Quadro histórico do partido conservador-liberal de direita, DEM, que até 2007 era conhecido como PFL – herdeiro direto do partido oficial da ditadura militar, o ARENA.

Nada mais natural que o PSL, partido do atual presidente Jair Bolsonaro, tenha declarado apoio à recondução de Rodrigo Maia à presidência da Câmara dos Deputados. Tanto Bolsonaro como o PSL têm confiança de que Maia é capaz de passar os ataques contra os trabalhadores, negros, mulheres e LGBTs que o governo queira.

A pergunta que fica é: porque o PCdoB, de Manuela D’Ávila, partido que impulsionou junto com o PT a candidatura de Fernando Haddad à presidência, e o PDT, partido do candidato Ciro Gomes à presidência – dois partidos que se diziam do “campo progressista” e da “esquerda” – estão declarando apoio a Rodrigo Maia (DEM)?

O PCdoB se utilizou de três justificativas:

1) A defesa de um Congresso que não seja submisso ao Executivo (desconsiderando que o próprio Executivo está apoiando a candidatura de Maia);
2) A garantia da realização do papel de oposição no regime (como se apoiar um candidato do partido herdeiro da Ditadura Militar fosse essa garantia);
3) A contradição estaria no PSL, que não conseguiu emplacar candidatura própria, e não no PCdoB que sempre teve com Rodrigo Maia “uma construção política que vem de muito tempo com a gente”.

Essa última justificativa escancara o papel fisiológico que cumpre o PCdoB no regime brasileiro. Essa amizade com Rodrigo Maia não é de hoje. Em 2017, o candidato à presidência da Câmara teve assento de honra no Congresso do PCdoB. Não é à toa que a CTB, terceira maior central sindical do país, dirigida pelo PCdoB, tem assumido, junto da maioria das outras grandes centrais sindicais dirigidas pelo PT, Solidariedade e mafiosos, a legitimação do governo Bolsonaro e proposto uma “reforma da previdência alternativa”, para dialogar a melhor forma de descarregar a crise nas costas dos trabalhadores.

Manuela D’Ávila e o PCdoB, mesmo com uma tradição de fisiologismo e politicagem burguesa nas costas, desde o inicio da ascensão do PT sempre fingiram estar no campo progressista. O que é diferente no caso do Ciro Gomes e do PDT, que viram na débâcle do PT a possibilidade de ocupar um espaço político se postulando como progressista... mas essa pose durou muito pouco. Já no segundo turno, Ciro Gomes viajou pra Europa pra se manter neutro na disputa de Haddad x Bolsonaro, e logo no início do ano procurou o PSDB, de Geraldo Alckmin e João Dória – o mais capacho governador apoiador de Bolsonaro – para fazer uma “oposição independente” a Bolsonaro. Isso sem falar que agora Ciro chega ao cúmulo de se dispor a elaborar junto com Bolsonaro uma reforma da previdência (!) porque “esse é um problema do Brasil” e Ciro e o PDT estão a “disposição pra ajudar o presidente [Bolsonaro] ou qualquer governo que queira”.

São com esses setores que o PT vem buscando organizar uma “Frente Ampla Democrática” de oposição ao Bolsonaro, e que na primeira oportunidade demonstram que preferem fazer frente com Rodrigo Maia, seu séquito de golpistas e o que há de mais asqueroso na política brasileira, junto com o PSL de Bolsonaro, do que com o próprio PT. Esse tipo de política, porém, não é novidade para o PTismo, que, em nome do mesmo fisiologismo que move o PDT e o PCdoB na Câmara dos Deputado, na última eleição da Câmara Municipal de São Paulo, apoiou o nome de Eduardo Tuma (PSDB) que teve como consequência a viabilização da aprovação da reforma da previdência na capital.

Não vai ser com uma frente parlamentar desse campo “progressista” que vai ser possível enfrentar os ataques de Bolsonaro, muito menos apoiando Rodrigo Maia, Eduardo Tuma ou outros nomes dos principais quadros da burguesia responsáveis pela aprovação das reformas contra os trabalhadores.

É necessária uma grande unidade do conjunto dos setores oprimidos, mulheres, negros, LGBTs, para exigir dos sindicatos, junto com os demais trabalhadores, um plano de lutas que possa barrar a reforma da previdência e reverter todos os ataques que já foram aplicados contra a juventude, os trabalhadores e a população.




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