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ASSASSINATOS POLICIAIS | Outra criança morta pela polícia paulista

Isabel Inês São Paulo

quarta-feira 29 de junho de 2016 | Edição do dia

“Passou de brincalhão a rebelde” essa frase estampava o título de um dos textos do jornal Folha de São Paulo nessa terça-feira, após o assassinato de um menino de onze anos essa semana, como denunciamos aqui no Esquerda Diário também. No dia anterior, sexta-feira outro menino de 15 anos perdia sua vida para as mãos da polícia e nessa terça feira mais um jovem de 16 tem seu futuro arrancado pela mesma tropa assassina.

Nesse mesmo período houve o escândalo da criança de 10 anos que a polícia matou, além desses casos outros tantos ocorrem sem que sejam denunciados, mas que provam o genocídio quase diário da juventude no Brasil, sobretudo os negros.

Nesse ponto voltamos ao texto da Folha, quando as crianças passam de brincalhões a rebeldes, merecem ser assassinados? Qual seria exatamente o conteúdo do “rebelde”? E a polícia quando passa de assassina a mais assassina, nenhum questionamento vale?

Podemos seguir algumas perguntas pertinentes, que aprofundam o que os fatos já dizem, existe uma chacina realizada pelo Estado da juventude, principalmente a periférica negra e pobre. Que trazem toda a brutalidade da polícia, foram mais de 16 disparos contra o jovem de mesma idade, essa brutalidade racista, reacionária e fruto de um Estado onde parlamentares reivindicam ditadores e torturadores, e tem na polícia suas mãos sujas de sangue, na polícia militar – continuidade direta da ditadura – mas que nem a polícia civil ou qualquer outro órgão repressivo fica para trás, até mesmo a Guarda Civil de um prefeito petista tido como progressista.

Para justificar o injustificável, a mídia nem ouve a população, que desmascara o crime, o assassinato, como pode-se ver nesta entrevista que fizemos com um morador cabe a mídia realizar seu trabalho sujo no papel, uma série de notícias, que para além da notícia trazem uma ofensiva ideológica que consiste em culpar a vítima e naturalizar o agressor. No conteúdo de “Rebelde”, “más companhias” está a tentativa de criar um senso comum contrário a juventude, criminalizá-la das mais diversas formas, nestas que deveriam representar o futuro se encarna o oposto, o sujeito do problema social, do crime e da violência. O problema que querem criminalizar com as palavras, mas alguns números não deixam mentir. A mídia planta com suas manchetes impressas e chamadas na TV o que chamam de “sementinha do mal”. Como se a verdadeira sementinha não fosse os Ulstra, Bolsonaro, e cada capitão de PM que ao vivo entrevistam em horário nobre para honrar o serviço assassino de crianças, adolescentes, quase sem variação negros e pobres.

De 2010 a 2016, nos números oficiais constam 191 mortes de crianças e adolescente pela mão da polícia, se pensarmos que aqui não estão incluídos nem os não oficiais, nem os “autos de resistência” que devem elevar essa dado, mas que ainda sim nos dão o aberrante número de cerca de 31 mortes por ano. 31 sonhos ceifados, oficialmente pelas polícias. Se, a morte de um jovem já deveria um escândalo, 31 além de injustificável, é o ápice da hostilidade do Estado contra os jovens, que lhes nega educação, saúde, lazer e emprego.

Esse discurso de criminalização também tem um caráter preparatório, desde Junho de 2013 a mídia e o Estado criaram o termo “vandalismo” para atacar as marchar, nesse caso rebeldes, e muito. A rebeldia é algo quase inerente a juventude, como foi nos secundaristas paulistas em 2015, e em um momento de crise política onde o governo Golpista de Temer tem a tarefa de passar ajustes, que interferem no futuro da juventude, como as privatizações, as mudanças na aposentadoria e a precarização do trabalho, a juventude não pode ser um obstáculo, por isso é preciso tentar criar uma massa critica ante rebeldia, anti-juventude a justificar as balas, nunca perdidas.

Ainda que nos fatos objetivos a ligação não apareça tão destacada, no fundo se misturam a necessidade de “domesticar a juventude” com o fortalecimento pós golpe de manifestações conservadoras vinda de parlamentares como Bolsonaro, mas também pela completa impunidade a políticos e à polícia, a omissão e aplauso secreto aos crimes da ditadura. A juventude precisa ter seu direito ao futuro, a educação, cultura, saúde e emprego, e parte dessa luta precisa se dar contra a repressão política e os constantes assassinatos e violência aos negros e mais pobre.

Esta brutalidade exige uma resposta à altura. A luta pela punição de cada policial assassino e a dissolução de todas polícias, como desenvolvemos neste artigo ontem; Chega de vidas de crianças arrancadas pela polícia!




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