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OCUPAÇÕES MABE | Os operários da MABE mostram o caminho

Foi na última segunda-feira, dia 15 de fevereiro, que os trabalhadores da MABE de Campinas e Hortolândia roubaram a cena. Diante de um verdadeiro golpe articulado pela multinacional mexicana, que declarou falência após três meses sem pagar os salários dos trabalhadores, decidiram ocupar as duas fábricas para lutar pelos seus direitos e empregos. Um grande exemplo que vêm chamando muita atenção daqueles que não estão mais dispostos a aceitar os ataques dos empresários e governos.

Danilo ParisEditor de política nacional e professor de Sociologia

terça-feira 23 de fevereiro de 2016 | Edição do dia

Em dezembro, a empresa já havia declarado férias coletivas e com os salários suspensos esses trabalhadores decidiram acampar em frente às fábricas para que o maquinário não fosse retirado. Também em dezembro a empresa, que conta com quase 2000 trabalhadores nas duas fábricas, já tinha demitido mais de 300 trabalhadores de uma forma arbitraria e ilegal, entre eles a grande maioria de lesionados com estabilidade, anunciando o que só era o inicio de seus ataques.

Os operários sabem que todas as justificativas econômicas para empresa declarar a falência, em realidade tem um objetivo central, atacar os trabalhadores. Mais uma vez os juízes e as leis que favorecem primeiro os capitalistas, autorizaram o roubo de 18 milhões de reais em salários, sem qualquer responsabilização e punição dos antigos donos. Após anos e anos de exorbitantes lucros e com a MABE aumentando seus lucros mundo afora, a vida desses trabalhadores e familiares, muitos deles nos quais dedicaram 20 anos ou mais na mesma empresa, não possui qualquer relevância para os esses patrões, seus aliados na justiça e seus governos. As negociatas e fraudes são tão escandalosas que após a falência, mesmo os antigos donos podem ser acionistas da nova administradora, ou seja, estão autorizados pela justiça a dar calote nos trabalhadores para seguir lucrando muito, um verdadeiro assalto à luz do dia. Também as marcas “Dako” e “Continental”, com nomes consolidados no mercado de eletrodomésticos, poderiam continuar existindo como “carro-chefe” dos novos produtos.

Contudo o sentimento de revolta não se restringiu somente aos trabalhadores das fábricas. Nas universidades, escolas e bairros da região, um grande espirito de solidariedade imediatamente se fez sentir. Já na assembleia de ocupação, uma grande faixa com os dizeres “Nenhuma família na rua! Ontem ocupamos as escolas, hoje apoiamos os operários da MABE!” foi levado por dezenas de estudantes da Juventude às Ruas. Junto à vários professores do Movimento Revolucionário de Trabalhadores, imediatamente iniciou-se uma campanha de arrecadação de alimentos que contou com a adesão de centenas de pessoas que prontamente se colocaram a disposição da luta desses trabalhadores.

Mas não foi só em Campinas e região que essa solidariedade e apoio se fez sentir. Com ampla divulgação no Esquerda Diário dezenas de fotos de trabalhadores e jovens do país começaram a ser enviadas para apoiar e fortalecer o os trabalhadores da MABE. Isso ocorre porque a ocupação da MABE aponta um caminho para os trabalhadores do Brasil, que também estão sendo muito atacados com demissões, perda de direitos e cortes nos serviços públicos. Esses trabalhadores sabem que o projeto de Dilma e o PT, não é diferente de Alckmin e do PSDB em SP, continuar atacando mais e mais os trabalhadores, para que sejamos nós que paguemos a conta da crise que eles criaram. Não à toa foram os mesmo que reduziram o IPI sobre os produtos da chamada “linha branca”, que eram os produzidos pela MABE, para engordar os lucros dos empresários, e agora nada fazem diante das demissões de milhares de trabalhadores. E ainda contam com a ajuda das centrais sindicais patronais e governistas, como a Força Sindical e a CUT, que para proteger os empresários, entregam até a redução dos salários dos trabalhadores, como é através do PPE.

Contra os milionários, governos, empresários e seus amigos na “justiça”, essa união entre os trabalhadores é a única forma na qual poderemos obter nossas conquistas. Os poderosos sempre estiveram todos juntos para nos explorar até nossa última gota de suor. São exemplos de solidariedade como esses que devemos aumentar para cercar de apoio a luta dos operários da MABE. Não há duvida que com a vitória dos trabalhadores da MABE, todos os outros trabalhadores estariam mais fortes também para se defender dos ataques que sofrem.

Por isso, é fundamental que os sindicatos de luta, combativos, estejam lado a lado dos trabalhadores da MABE. O SINTUSP (Sindicato dos Trabalhadores da USP) começou uma arrecadação de alimentos em SP e tem demonstrado seu importante apoio. Mas é necessário muito mais: uma campanha nacional de solidariedade, com centenas de sindicatos país afora, articulados junto com o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas, poderia fortalecer e fazer ecoar nacionalmente a voz dos trabalhadores, ajudando essa dura luta a trilhar o caminho da vitória. Todos juntos podemos mostrar aos trabalhadores do país o exemplo que os empresários e governos mais temiam: que os operários da MABE mostrem o caminho.

Em meio a estas lutas com o plano de ajustes e demissões avançando os trabalhadores vão precisar avançar pra buscar respostas mais profundas ao problema dos fechamentos de fábrica como por exemplo lutar pela estatização sob controle operário de todas as fábricas que demitirem ou fecharem.

Viva a luta da MABE!




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