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NOVA JUVENTUDE | Os “Jovens Cidadãos” do Metrô de SP precisam ser parte de uma nova juventude!

A equipe do Esquerda Diário entrevistou Bruna Rosa, ex-Jovem Cidadã do Metrô de SP, que denuncia as péssimas condições a que estão submetidos os jovens que participam do programa de primeiro emprego levado adiante pelo governo de São Paulo e convida para que todos os “Jovens Cidadãos” participem da atividade de lançamento da nova juventude no dia 02 de Abril.

sexta-feira 25 de março de 2016 | Edição do dia

Esquerda Diário: Como são as condições de trabalho dos Jovens Cidadãos (JC) no Metrô? Como foi a sua experiência?

Atualmente o Metrô de São Paulo vem mantendo condições de trabalho precárias tanto para seus funcionários como para seus jovens cidadãos, que inicialmente são contratados para auxiliar na condução de deficientes visuais, bem como dar informações, com jornadas de 30hs semanais (podendo chegar a mais que isso). Claro que na pratica não é isso que acontece, quando na verdade são colocados em situações abusivas de trabalho, substituindo os trabalhadores concursados, já que o Metro se recusa a abrir novos concursos e põe seus funcionários em situações deploráveis, em jornadas exaustivas de trabalho e preenchem os postos em aberto com os Jovens Cidadãos (JC) que mal conseguem dar conta de suas funções. A mesma função com salário muito abaixo inclusive abaixo do salário mínimo. Bem como, uma função terceirizada que enfraquece os direitos trabalhistas explorando e oprimindo seus funcionários.

ED: Há diversos relatos de casos de assédio sofridos pelos Jovens Cidadãos (JC), conte-nos um pouco mais sobre isso.

São muitos os casos de assédio moral e sexual aos quais somos submetidos quase que diariamente, seja por parte da população, que tem de enfrentar diariamente um transporte precário com diversas falhas e falta de funcionários; mas principalmente por parte da chefia, que por sua vez vêm a oportunidade de explora-nos dada a facilidade de substituir-nos. A dificuldade é maior pela ausência de um sindicato que nos represente (já que o sindicato dos metroviários diz não incorporar os jovens cidadãos), mas também pela falta de informação, já que muitos estão ingressando no mundo do trabalho e possuem pouca ou nenhuma experiência. Assim, são cada vez mais frequentes os casos de assédio. Muitos dos supervisores, já possuem ocorrências anteriores de assédio sexual/moral com os jovens, em especial as meninas, do qual o Metrô não toma posição, e se toma, é trocando o jovem de lugar, coagindo para que ele não fale nada, como se ele fosse o problema, ou até mesmo mandando-o embora.

ED: Você chegou a sofrer algum tipo de assédio?

Eu enquanto jovem cidadã, com 15 anos, fui vítima de assédio por parte de dois supervisores chegando a ser agredida verbalmente em meio a todos os usuários e funcionários, que, assim como eu, foram ameaçados com diversas retaliações caso se posicionassem contra eles. Quando tentei tomar alguma atitude legal e cabível nessa situação, chegando a registar uma denúncia, não obtive apoio do Metrô e nem do Sindicato que dizia não incorporar problemas com Jovens Cidadãos em sua pauta de trabalho. O Metrô, por sua vez, me puniu, trocando meu posto de trabalho, trocando-me de estação e trocando meu horário. Cheguei ao novo posto já visada como uma pessoa problemática e sobe forte pressão por parte dos supervisores, que me puniam pelo ocorrido anteriormente.

ED: Você acha que os JC´s também estão acompanhando a crise política pela qual passa o país?

Sim, eles certamente estão acompanhando a crise. No Metrô existe todo um posicionamento político, seja pela chefia que tem um posicionamento "à direita", seja pelos funcionários. E é muito difícil, dado todo debate que está acontecendo, que tais coisas (a crise política) não sejam debatidas, principalmente nos locais de trabalho. Mas também acho que isso pode não os afetar tanto por estar um pouco fora da realidade deles, já que muitos ainda estão na escola, são jovens de periferia e o que eles sentem mais são as ações do governo nesse meio, como o fechamento das salas, a falta de professores, a falta de merenda e até mesmo as condições precárias das escolas em si, a repressão da polícia em cima do jovem pobre e periférico... Isso certamente acompanham porque os afeta diariamente.
Acho que falta algo que os mostre, que os impulsione na luta, por coisas que eles passam todos os dias, mas que a mídia não mostra, que ninguém diz, que a "direita" não liga e a esquerda governista muito menos. E a saída pode ser essa nova juventude que vem pra se enfrentar com o governo, tanto do PT como do PSDB.

ED: Porque você acha que os JC´s devem participar da construção de uma nova juventude?

A nova juventude que está por vir, formada por mulheres, trabalhadores e estudantes, se propõe a lutar diariamente contra a exploração e a opressão nas escolas, universidades e locais de trabalho. Muitos dos JC´s também estiveram presentes na luta dos secundaristas contra a reorganização de Alckmin e em Junho na luta contra o aumento das tarifas. Será uma grande oportunidade de agora nos juntarmos com os estudantes do Rio de Janeiro que lutam contra a precarização do governo do PMDB e jovens estudantes e trabalhadores de várias cidades e de outros estados. Juntos seremos muito mais fortes para lutar por melhores condições de trabalho e nos posicionarmos ao lado das mulheres na luta por segurança no transporte coletivo, contra o assédio sexual nos locais de trabalho e nas escolas.




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