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ORIENTE MÉDIO | Os Estados Unidos bombardeiam o Iêmen e aumenta a tensão regional

O ataque direto dos Estados Unidos, o recente bombardeio da Arábia Saudita que deixou 140 mortos e o anúncio do Irã de envio de barcos de guerra estão transformando o Iêmen no novo elo da guerra na Síria.

Juan Andrés GallardoBuenos Aires | @juanagallardo1

terça-feira 18 de outubro de 2016 | Edição do dia

O exército dos Estados Unidos lançou na quinta-feira mísseis cruzeiro contra três locais de radares costeiros em áreas do Iêmen controladas por forças houthis, alinhadas com o Irã. O bombardeio dos Estados Unidos teria sido em represália por três supostos ataques fracassados com mísseis esta semana contra um destroiér da marinha estadunidense, mas que não foram reconhecidos pelos houthis.

Esta incursão direta dos Estados Unidos no conflito no Iêmen, colabora para que este país se transforme cada vez mais em uma derivação da guerra na Síria. No Iêmen os houthis apoiados pelo Irã se enfrentam com as forças do ex-presidente Abd-Rabbu Mansour Hadi apoiado pela Arábia Saudita. Os Estados Unidos são sócios estratégicos da monarquia saudita, e se bem proveem o armamento com que a monarquia bombardeia permanentemente o Iêmen, tinha evitado intervir de maneira direta como fez nesta quinta-feira.

A monarquia saudita que é de origem sunita dentro do Islã, está enfrentada com o Irã que é quem expressa a a minoria xiita na região. A Arábia Saudita se opôs fervorosamente ao acordo nuclear entre os Estados Unidos e o Irã e considera que este último ganhou demasiada influência regional depois do atolamento dos Estados Unidos na guerra do Iraque, como atualmente na guerra da Síria (onde o Irã apoia o regime de Al Assad). A Arábia Saudita veio aumentando substancialmente os ataques sobre seu vizinho Iêmen, atacando as forças houthis.

No fim de semana um ataque da monarquia saudita, com armamento estadunidense, assassinou mais de 140 pessoas durante o funeral de um dirigente houthi. Este massacre aumentou as fricções na região e, em última instância, acelerou a intervenção direta dos Estados Unidos.

Pra além de se as forças houthis estiveram ou não por trás dos ataques com mísseis ao destroiér da marinha estadunidense nesta semana, o certo é que a entrada em cena direta dos Estados Unidos esquenta não somente o conflito no Iêmen, senão que inflama ainda mais a situação regional, que se encontra à beira do precipício.

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Varias horas depois dos ataques estadunidenses, o Irã anunciou que tinha enviado dois barcos de guerra ao Golfo de Áden, segundo a agência semi-oficial de notícias Tasnim, estabelecendo uma presença militar nas águas do Iêmen.

Com este respaldo do Irã, as forças houthis do Iêmen advertiram os Estados Unidos contra novas incursões: "O ataque direto estadunidense em território iemenita é inaceitável (...) o Iêmen tem direito a se defender", disse à Efe o general de brigada Sharaf Luqman, porta-voz das forças iemenitas que lutam junto aos houthis, segundo a agência de notícias Saba.

O Pentágono tentou remarcar que os ataques não eram sobre objetivos civis senão que sobre os radares que teriam permitido o lançamento dos três mísseis contra o barco USS Mason da marinha. O porta-voz do Pentágono, Peter Cook, disse que "Estes ataques limitados em autodefesa foram realizados para proteger nosso pessoal, nossos barcos e nossa liberdade de navegação".

Os Estados Unidos trataram desta maneira de baixar o tom de sua incursão militar. Mas pra além dos panos frios que querem por desde Washington a realidade sobre o terreno mostra que este tipo de escaladas não faz mais que aumentar as tensões de forma cada vez mais acelerada.




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