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OCASO DO CHAVISMO | Oposição de direita elege presidente da câmara na Venezuela

O resultado das eleições parlamentares na Venezuela mudou a composição do parlamento que elegeu neste dia 5 de janeiro para presidente do parlamento o opositor Henry Ramos Allup, do Movimento União Democrática (MUD).

A desvalorização da moeda nacional, que tem elevado os preços a todos os trabalhadores, o racionamento dos alimentos e a baixa dos preços do petróleo têm provocado uma crise sem precedentes à Venezuela e está levando à decomposição do governo chavista.

Thiago MathiasSão Paulo |

quarta-feira 6 de janeiro de 2016 | 17:12

A queda de popularidade de Nicolás Maduro levou a oposição de direita na Venezuela a ganhar as eleições parlamentares de 6 de dezembro (que lá são separadas das eleições presidenciais), levando 112 das 167 cadeiras, ou seja, dois terços do Parlamento da Venezuela.Esse fato foi até hoje a principal derrota do chavismo na Venezuela, que desde 2000 conseguiu controlar a maioria dos deputados.

O parlamento, antes de maioria chavista, tinha como presidente Diosdado Cabello, que também é o presidente do partido chavista, PSUV. Diosdado Cabello foi o promotor das "leis habilitantes" que outorgam o direito do presidente Nicolás Maduro governar através de decretos. Um dispositivo bonapartista e autoritário, que foi necessário para que a classe dominante impusesse medidas antipopulares tais como a massiva desvalorização da moeda.

A grande contradição é que a oposição terá que absorver as medidas bonapartistas do chavismo para poder aplicar seus próprios ataques contra a classe trabalhadora. Henry Ramos Allup e a oposição de direita vêm fazendo discurso de combater as leis habilitantes "inúteis", ou seja, aquelas que não lhes parecem convenientes para serem usadas contra os trabalhadores. Outras mais "úteis" podem ser mantidas.

Após a vitória eleitoral, a oposição se movimenta tendo em vistas o exemplo brasileiro. Allup chega à presidência do parlamento afirmando que defende a renúncia de Nicolas Maduro e muito provavelmente se arma dentro da oposição a possibilidade de lançarem campanha pela revogação do mandado do presidente chavista. Para isso, ainda existe muito a ser conquistado pela oposição de direita; o controle do Judiciário, ainda sob forte influência chavista, é um dos obstáculos para essa manobra.

O avançar da crise política na América Latina, resultou num giro à direita na superestrutura política, marcado pelo fim do ciclo dos governos pós-neoliberais, que toma distintos contornos em cada país. No Brasil isso se expressa na crise política,que golpeia o governo do PT. Na Venezuela a direita esquálida avança sobre o parlamento, e fere profundamente o chavismo sem Chávez de Maduro. A eleição de Macri na Argentina é expressão do mesmo fenômeno, que se explica também pelo fim do ciclo de crescimento econômico latino-americano, sobre os quais Lula e depois Dilma, Cristina Kirchner e Chávez haviam podido conceder mínimas concessões, que agora são retiradas por ajustes.

Os trabalhadores, por sua vez, precisam romper as ilusões tanto nos governos pós-neoliberais em franca decadência, como nos seus substitutos de direita. Os primeiros engessaram e debilitaram a capacidade dos sindicatos e organizações populares de frear os ataques que estes governos têm deflagrado. Na verdade, nada mais fazem a não ser preparar o solo para que os novos governos da direita venham com ataques ainda mais pesados sobre os ombros dos trabalhadores.E também nas ilusões de que mudanças positivas poderiam vir pelas mãos da direita, como os que hoje assumem as cadeiras parlamentares da Venezuela.




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