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CARAVANA PRA BRASÍLIA | Ocupa Brasília dia 29: quais as tarefas do movimento estudantil?

A luta contra a PEC 55 é a maior luta do Movimento Estudantil desde o Fora Collor, sendo os estudantes hoje a principal resistência aos ataques do governo golpista de Temer. Ocupamos mais de 200 universidades e centenas de escolas e fomos milhares nas ruas no último dia 11 de novembro e também no dia 25, de norte a sul do país. Agora, os estudantes em luta pelo país seguem em caravana para Brasília nesse dia 29, em que acontecerá a primeira votação da PEC no Senado.

segunda-feira 28 de novembro de 2016 | Edição do dia

Espera-se que milhares de estudantes secundaristas e universitários estejam em Brasília nessa terça, junto a algumas categorias de trabalhadores que também estão compondo essa caravana e irão ocupar a capital por um dia. Essa caravana surge para mostrar que os estudantes do país estão organizados e possuem disposição de luta para barrar a PEC e os ataques do governo.

Isso acontece em meio a uma crise que se abre no governo, em que Michel Temer precisou chamar uma coletiva de imprensa para buscar esconder a debilidade de seu governo, com as novas denúncias do ex-ministro Calero e a demissão de seu braço direito Geddel.

É preciso que a ida para Brasília seja para avançar e radicalizar toda essa luta, assim como servir como um importante passo para continuar lutando pela auto-organização dos estudantes e por um comando democrático, com representantes eleitos através de assembleias de base, que coordene todas as mobilizações e ocupações do país. São essas algumas das ideias que nós da Faísca levamos.

Porém, temos visto a enrolação e a passividade das grandes entidades burocráticas desde a luta contra o golpe, que na prática não se deu com toda a radicalidade que era necessária para barrar a aprovação do impeachment. Agora, na luta contra a PEC, essas direções continuam se subordinando ao PT (que dirige a CUT) e ao PCdoB (que dirige a UBES, a UNE e a CTB), assim como fazem também outras importantes correntes que hoje dirigem grandes DCEs, como é o caso do Levante Popular da Juventude. Elas se subordinam à estratégia destes partidos de manter uma “oposição comportada” e de conciliação com a direita, como se viu nas eleições – que expressaram uma grande derrota para o PT – e como foi durante todos os 13 anos do PT no poder, em que apoiaram os governos de conciliação de classes e os ataques e cortes na educação feitos pelo governo Dilma. Isso fica nítido ao ver que não foram convocadas assembleias de base nas fábricas e em tantas outras categorias, onde os sindicatos que são parte das grandes centrais sindicais não construíram grandes mobilizações desde a base e nem mesmo chamaram assembleias para paralisar de fato nos dias em que foram chamadas as “greves gerais”.

Isso também se mostra quando, por exemplo, a Polícia Militar do Estado de MG, governado por Fernando Pimentel do PT, reprime violentamente as manifestações estudantis, que são justamente contra a PEC 55 e o governo golpista, inimigos esses que o PT diz também combater, mas joga sua polícia em cima de quem está lutando contra esse inimigo em comum.

Esse discurso de que quer radicalizar na luta contra os ataques convocando essa grande caravana à Brasília, ao mesmo tempo em que segue na oposição “responsável” e “comportada”, serve para fortalecer o PT e preparar o caminho para que esse possa voltar ao poder em 2018. Nós não vamos deixar que usem nossa luta para “ressuscitar” o PT e suas conciliações com a direita, nem para preparar as próximas eleições.

Por tudo isso é preciso exigir que as centrais sindicais e estudantis rompam a subordinação com o PT o PCdoB e com seu imobilismo. Que a UBES e a UNE fortaleçam as ocupações e organizem grandes ações coordenadas de luta com os estudantes mais mobilizados à frente. Que a CUT e a CTB tomem para si as demandas das lutas estudantis e o apoio efetivo às ocupações e chamem assembleias de base para preparar verdadeiras paralisações, para sair das palavras de ordem e passem a fazer na prática o que dizem. Chamamos o MAIS e outras organizações da esquerda, que praticamente não estão dando esse combate contra as burocracias, a se juntarem a nós nessa luta.

Construir um comando democrático das lutas e fortalecer a exigência de uma verdadeira greve geral

Para iniciar a onda de ocupações, os estudantes passaram por cima das direções burocráticas da UNE e da UBES e radicalizaram com uma grande espontaneidade. É preciso seguir com independência das direções burocratizadas e, para isso, construir um comando democrático das escolas e universidades em luta em todo o país. Essa coordenação democrática é o que pode expressar com mais força o peso social dos estudantes e das ocupações, formada por representantes revogáveis, eleitos nas assembleias de base em cada escola, faculdade e curso em luta, ocupado ou não. Esse comando pode ajudar a quebrar o controle que as direções da UBES e da UNE ainda têm sobre o movimento e a colocar na direção da luta os estudantes mais mobilizados e combativos. Também pode organizar e unificar grandes ações que rompam o cerco midiático, dialoguem com a sociedade e conquistem o apoio dos trabalhadores.

Isso também vai fortalecer a relação entre os estudantes que participam na linha de frente das mobilizações e a maioria que apoia mais passivamente, não vai às ocupações e pouco participa. Com a certeza de que podemos dirigir a luta por meio de assembleias democráticas onde todos podem participar, todos estudantes se sentirão mais motivados a se juntar ao movimento.

Não só barrar a PEC, mas todos os ataques e derrubar o governo golpista!

Hoje vivemos os efeitos de uma grande crise capitalista no Brasil e no mundo; mas não fomos nós que a criamos. Ataques como a PEC servem para fazer com que os trabalhadores e a juventude paguem por essa crise. Querem acabar com os poucos direitos que nos foram assegurados na constituição de 1988 – que foi tutelada pelos militares e dirigida pelos capitalistas, mas com uma grande pressão das mobilizações operárias e populares dos anos anteriores.

Hoje temos a importante tarefa de organizar uma grande luta defensiva que impeça a retirada de nosso direitos mas que também avance em questionar esse regime político, que é podre e corrupto em sua essência. Para isso, vemos como necessário lutar para impor com a força da mobilização dos estudantes e trabalhadores uma nova Constituinte livre e soberana, que parta de questões básicas como impor a revogabilidade dos mandatos dos políticos, pondo fim aos seus privilégios e que eles passem a ganhar o salário de uma professora, assim como a taxação das grandes fortunas, expropriação dos bens de todos os corruptos e corruptores, e para que os serviços como educação, saúde e transporte sejam estatizados e controlados pelos trabalhadores.

Propomos essa nova Constituinte como uma resposta política de fundo, que leve os trabalhadores junto com a juventude a responder aos principais problemas do país através da nossa luta, com nossas próprias mãos e experiência.




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