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TEATRO UNICAMP | Obras do teatro do IA seguem paradas

Dois anos atrás, os estudantes do Instituto de Artes (IA) da Unicamp estiveram na linha de frente da ocupação da reitoria, em resposta ao convênio da mesma com a Polícia Militar para derrubar os espaços de vivência no campus. No ano passado, participaram da greve de mais de 100 dias das estaduais paulistas em apoio aos trabalhadores, e no primeiro semestre de 2015, organizaram-se para debater as demandas específicas em seus cinco cursos - Música, Artes Visuais, Dança, Artes Cênicas e Midialogia.

sexta-feira 31 de julho de 2015 | 00:28

Dentre elas, uma se destaca: o emblemático teatro-laboratório, exigência dos estudantes já por três décadas, cuja obra só foi iniciada - e paralisada - em 2013, como já citado em matérias anteriores do Esquerda Diário. A obra parada encontra-se hoje alagada, sendo mais um dos muitos focos de mosquito da dengue no distrito de Barão Geraldo.

No primeiro semestre desse ano, vimos os estudantes do Instituto realizarem um ato, debates e intervenções artísticas em defesa do teatro, assim como uma paralisação onde os cinco cursos se reuniram para debater os problemas estruturais do Instituto - desde falta de isolamento acústico nas salas da Música, até goteiras e mofo no novo prédio da Midialogia, o qual ainda nem está sendo usado -, ligando-os inclusive às diversas greves que ocorriam na educação naquele momento e ao cenário político nacional como um todo.

Essas atividades despertaram a militância no Instituto como não víamos desde 2013 com a entrada da PM no campus. E agora, com o início do segundo semestre, vemos a pauta de segurança levantada mais uma vez pela reitoria - dessa vez sob uma fachada mais "amigável" do que a de 2013 -, com o modelo de policiamento japonês. Ou seja, o foco continua voltado ao projeto de "Campus Tranquilo", que visa cercear os espaços de vivência e manter a universidade cada vez mais elitizada e fechada para o resto da população.

Nesse aspecto a discussão do teatro do IA é fundamental, pois além de ser necessário para a realização de diversas disciplinas, é também importantíssimo para a população de Campinas. Bárbara, do grupo de teatro de rua Plantear, disse para o Esquerda Diário que "os espaços de cultura aqui em Campinas são cada vez mais escassos, e os poucos que sobram não são acessíveis à população, são voltados para a elite. O projeto de um teatro-laboratório dentro da Unicamp para os estudantes de artes é demais, mas precisamos que ele esteja a serviço também da população da cidade, que normalmente vê a Unicamp não como um polo de arte e cultura, mas sim como um hospital, porque é a única parte a que eles têm acesso".

Assim, como um potencial espaço de vivência, a reitoria mantém a obra descontinuada, embora estudantes afirmem que a verba para sua realização esteja reservada. Os mesmos problemas não parecem ocorrer na construção e manutenção de laboratórios em institutos que servem a empresas privadas. Também não vemos verbas estacionadas no que diz respeito à implementação de uma suposta "guarda humanizada" pelos mesmos policiais militares que o IA ajudou a expulsar do campus em 2013.

Cabe aos estudantes do Instituto de Artes e suas entidades representativas fortalecer os debates e a mobilização da primeira metade desse ano, transformando-os em luta ativa para arrancar nossas demandas. Para que a realização de saraus, intervenções e debates perpasse não apenas o direito dos estudantes à vivência, à arte e à cultura, mas sim de toda a população pobre e trabalhadora, contra o Campus Tranquilo e a proposta somada a ele de policiamento comunitário!




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