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OS acusada de desvio de vacina da Covid renova contrato no valor de R$153 milhões no RJ

Enquanto a população amarga os recordes de mortes na pandemia da Covid-19, as filas intermináveis pela vacina e o descaso dos governos, a Organização Social Instituto Sócrates Guanaes, mesmo sendo acusada de desvio de vacinas da Covid, tem possibilidade de prorrogar contrato com a Secretaria Estadual de Saúde do RJ no valor de R$153 milhões.

sábado 27 de fevereiro de 2021 | Edição do dia

Fotos do relatório de irregularidades do Hospital Estadual Azevedo Lima, sob administração da OS Instituto Sócrates Guanaes no Rio de Janeiro. Imagem: Reprodução

Nesta semana, a Polícia Civil do Rio de Janeiro realizou uma operação na sede da Organização Social Instituto Sócrates Guanaes, sob acusação de desviar doses da vacina contra a Covid-19 para uso de familiares de sócios e gestores da OS.

Segundo a investigação feita pela Polícia Civil contra a OS, dois gestores são suspeitos por furar fila da vacinação para conseguir imunizantes que beneficiam parentes adolescentes. Enquanto isso, a situação do país é alarmante, com quantidade insuficiente de vacinas, não conseguindo garantir a imunização sequer de todos os profissionais da saúde.

Não bastasse uma Organização Social que administra hospitais e centros de saúde em meio à pandemia ser acusada de desvio de vacinas, no mesmo dia em que a Polícia Civil realizou a operação, apenas algumas horas depois, a Secretaria Estadual de Saúde apresentou documento prorrogando o contrato no valor de R$153 milhões com esta Organização Social.

O documento com um termo aditivo que buscava prorrogar o contrato foi apresentado às pressas, já que o contrato se encerraria no dia seguinte. Por conta disso, o procurador Felipe de Melo Fonte, subsecretário jurídico da Secretaria de Estado de Saúde do RJ, declarou que não havia tempo suficiente para uma análise mais apurada da minuta.

Em relação ao pedido de prorrogação, a Secretaria Estadual de Saúde do RJ, informou em nota pública que isto “é uma alternativa legal prevista para ter vigência enquanto o processo de licitação para gestão das unidades está em andamento, sem que haja prejuízo à assistência da população".

Isso significa que não há problema prorrogar contratos com Organizações Sociais que administram centros de saúde, caso prestem serviços que ajudem e beneficiem a população. O que está em jogo é que a Organização Social Instituto Sócrates Guanaes foi acusada de desvio de vacinas no mesmo dia que apresentou pedido de prorrogação de contrato, claramente não beneficiando a população, e sim os interesses dos gestores da OS.

Não só isso, a Organização Social Instituto Sócrates Guanaes é responsável pela administração do Hospital Estadual Azevedo Lima e no início deste mês de fevereiro, contou com a vistoria da Comissão de Acompanhamento e Fiscalização da Secretaria Estadual de Saúde, que por sua vez listou mais de 25 irregularidades no hospital, incluindo equipamentos quebrados, alimentos não refrigerados, infiltração e problemas no centro cirúrgico.

Relatórios indicam que as irregularidades existem desde o ano passado no Hospital Estadual Azevedo Lima, administrado pela OS em questão.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde do RJ, a OS pode ser punida caso seja comprovada alguma irregularidade e a investigação ainda está em andamento, apesar dos relatórios que indicam e comprovam inúmeros problemas na gestão do Hospital.

É absurdo que gestores de Organizações Sociais tentem tirar proveito, beneficiarem a si e suas famílias, prorrogando um contrato no valor de R$153 milhões enquanto mantêm o Hospital que administra sem macas, sem aparelhos funcionando, com infiltração e demais irregularidades. É um exemplo gráfico da crescente precarização do sistema público de saúde, em que os privilégios de uns poucos valem mais do que a saúde e vida da maioria da população, em que furar fila para vacinar um adolescente da família do gestor, vale mais do que vacinar a população grupo de risco, os profissionais de saúde que desde o início da pandemia estão na linha de frente arriscando suas vidas e trabalhando em péssimas condições, sem investimento por parte dos governos, sem equipamentos adequados.

Essa é a atual situação que o país atravessa com o governo negacionista de Bolsonaro, com os governadores que seguem o plano de ajuste para descarregar a crise nas costas da população enquanto privilegiam uns poucos.




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