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UFRGS | O teatro vive quando há espectadores: entrevista sobre a Mostra DAD 2019

Maior e mais antiga mostra de teatro universitário de Porto Alegre, a MOSTRA DE TEATRO DAD 2019 é uma realização conjunta de estudantes e trabalhadores do Departamento de Arte Dramática do Instituto de Artes da UFRGS. Nela é apresentado o resultado prático da educação pública oferecida pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul no campo das artes cênicas. Este ano a mostra é dedicada ao grande mestre Luiz Francisco Acosta, técnico e artista de iluminação cênica, que ajudou a dar luz à Mostra DAD nos últimos seis anos. O Esquerda Diário entrevistou Gisela Habeych e Cristiane Werlang, ambas professoras do Departamento de Artes Drámaticas da UFRGS e coordenadoras da Mostra DAD 2019.

Luno P.Professor de Teatro e estudante de História da UFRGS

segunda-feira 21 de outubro de 2019 | Edição do dia

A MOSTRA DE TEATRO DAD 2019 oferece ao público a oportunidade de assistir aos trabalhos finais desenvolvidos pelos alunos da Licenciatura e do Bacharelado em Teatro, cursos de Graduação do Departamento de Arte Dramática do IA/UFRGS. A mostra apresenta doze espetáculos e pesquisas em artes cênicas, projetos de Graduação de alunos do DAD-IA/UFRGS. Além dos 12 espetáculos, a Mostra DAD também apresenta em sua programação a 5o edição do Desfile do Guarda-Roupa do DAD, um desfile onde alunos e ex-alunos, professores e técnicos se juntam para desfilar com as peças de figurino guardadas no Guarda-Roupas do DAD dando visibilidade para esse acervo de figurinos e ocupando as ruas de Porto Alegre manifestando a liberdade de pensamento e expressão, que tem como guia esse ano o tema da RESISTÊNCIA, e o Painel da Licenciatura 2019 que apresenta à toda a comunidade as pesquisas em artes cênicas que são Trabalhos de Conclusão de Curso das licenciandas e licenciandos em Teatro do DAD-IA/UFRGS. Frente aos ataques do governo Bolsonaro e toda a onda de obscurantismo por parte da extrema-direita, que segue sua cruzada ideológica atacando todo os setores do fomento à arte e cultura do país para convertê-los em templos da ignorância e do terraplanismo enquanto afunda milhares na miséria e no desemprego para fazer a vontade do imperialismo, iniciativas como essa renovam seu sentido e devem ser parte de uma luta em defesa de todas demandas democráticas. É importante que todos os trabalhadores da cultura e toda a sociedade se unam para que lutemos contra esse governo, pelo financiamento público da cultura, por um combate a qualquer tipo de censura e da defesa da livre manifestação artística, contra o racismo, o patriarcado e sua violência contra as mulheres e os LGBTs e ao mesmo tempo contra os capitalistas e seus governos que se apoiam no que há de mais atrasado para aprofundar a divisão da classe trabalhadora e sua exploração.

ED: Qual a história da Mostra de teatro do DAD?

Gisela: Eu fui, como aluna do DAD, do primeira ano em que se inventou uma história chamada projeto de graduação, isso era 1991 e até então o que existia como final de curso para os estudantes era um único espetáculo onde todos trabalhavam e a partir daquele momento se criou uma estratégia de exigir de cada aluno um "projeto de pesquisa", que o aluno investigar-se o que ele desejaria e que ele tentasse dar para isso uma interrogação aos moldes de um projeto de pesquisa, mas que não tinha todo um estudo e todo um aprofundamento para a gente efetivamente estabelecer isso, entende que falo isso do ponto
de vista de uma aluna, né? Nesse momento foi o primeiro ano em que cada aluno então foi fazer um projeto diferente. Naquele ano, o primeiro que havia se estabelecido essa estratégia, existia o apresentar, tomar uma água e vir para a beira do palco conversar com todas as pessoas, porém, mais do que isso também conversar com uma banca formada por todos os professores que faziam a orientação dos alunos, então assim que a apresentação acabava, tinha essa situação de uma banca na sua frente mais um público que havia ido para ver a apresentação. Era bem difícil, um pouco constrangedor, mas eu tenho a impressão que foi o ínicio do que a Mostra DAD veio a ser, embora naquele ano não tivesse o nome oficial de mostra DAD. Tem essa característica do trabalho de ser evidentemente para público e isso transforma a coisa naquilo que se entende como uma mostra, mesmo que naquela época ainda não chamássemos assim. Naquele ano, diversos dos professores que fazem parte do Departamento de Arte Dramática da UFRGS também se formaram comigo. Foi um ano muito especial, estávamos todos entusiasmados com essa perspectiva de ter um trabalho final, e por conta disso, eu acho que se pode ver um momento no teatro gaúcho onde muitos trabalhos eram monólogos, muita gente começou a fazer trabalhos solo a partir disso. Embora eu não consiga dizer como tudo isso foi evoluindo até dar origem a Mostra DAD, eu posso dizer que tudo isso sempre teve esse caráter de troca com a comunidade pela própria natureza do que a gente faz.

Cristiane: Depois, lá por 2003 ou 2004, teve a alteração curricular que juntou interpretação com direção e tornou obrigatória a apresentação de 6 apresentações através dos estágio de atuação e direção. Assim nasce essa grande mostra de teatro universitário que chamamos de Mostra DAD.

ED: A Mostra DAD 2019 se insere em um contexto de ataques brutais na educação como os cortes e o Future-se. O que significa fazer teatro universitário em todo esse contexto de ataques?

Gisela: Quando eu leio o folder da Mostra DAD, onde escrevemos uma apresentação e também quando escrevi a proposta do Desfile do Guarda-Roupa, eu me dou conta da palavra resistência o tempo inteiro martelada ali. Acho que nós estamos descobrindo novas formas de resistir, acho que num primeiro momento esse caráter político da coisa nos deixava sérios, demasiadamente cuidadosos e preocupados, quietos e com medo também, e eu acho que agora a gente começa a se dar conta de que a gente não pode se dobrar e de que não podemos perder nem que seja um fio de alegria na gente. Que a gente não pode entregar tudo de mão beijada para eles.

Cristiane: Nós do teatro temos todas as razões para desistir, porém nós temos uma paixão muito forte que é maior que eles. É interessante porque os próprios temas das peças começam a ficar cada vez mais tentando chegar a uma “essência” da resistência. Eu fico vendo esses cartaz por exemplo (Cartaz da Mostra DAD) que escolhemos por uma capa com uma imagem do Abdias do Nascimento do TEN (Teatro Experimental do Negro) e algumas pessoas perguntaram o porquê dessa escolha porque não entendem a importância do TEN para os dias de hoje, mesmo eles não sendo daqui, e o quanto é importante falar dessas coisas que parecem que mais do que nunca, é dentro do território do teatro que a gente vem resistindo, não é fora no sentido de fazer outra coisa porque nos atacam, mas é fazer cada vez mais
teatro, é lutar por mais espaço dentro da própria universidade e do material que é o teatro.

Gisela: E no meu entendimento ainda é uma questão dentro de toda essa resistência que é um novo jeito de resistir, que é a reunião de todas as lutas. Acho que não têm que a causa pela universidade brigar separada das questões da causa LGBT, brigar separada das questões do movimento negros, separada das questões da causa artística e eu fico feliz olhando esse cartaz porque eu acho que isso quer dizer que a gente começa a articular um pouco melhor o nosso pensamento nessa linha de que tudo precisa se juntar e combater o preconceito inteiro e lutar por todas as causas, pois estão juntas. Não tem como fazer teatro separando as causas, quer dizer, ter até tem como, mas não o teatro que nos interessa, que é um teatro que acolhe todas as pessoas que querem e precisam ser acolhidas e todas as pessoas que tem uma luta para encabeçar.

Cristiane: Eu acho que também tem essas questão que estava falando antes, a questão da mudança de temas. A gente não tinha cotas por bastante tempo. Qual foi a primeira pessoa a entrar por cotas no DAD? Nossa universidade era completamente branca e rica, então os temas começaram a mudar. Vejo que começou a entrar temas nos espetáculos que há 10 anos atrás não eram falados, então a diversidade tem estado presente ao longo da Mostra. Os temas eram todos muito clássicos, do teatro europeu. Isso é uma grande mudança a se observar. Como existem discussões agora nos espetáculos sobre gênero é uma coisa que, por mais que o professor não tenha isso no cerne de sua aula, o aluno traz, isso para mim também é ser político, essas transformações em estar fazendo teatro, discutir o que está apertado no calor das tábuas (sic). Essas coisas que os alunos trazem nos afetam, vão nos mudando. Eu vejo muito isso no Teatro Pesquisa e Extensão (TPE) também. O TPE escola por exemplo, os estudantes recebem as peças mais polêmicas para o público comum de maneira muito melhor e aberta, por isso que digo que essa juventude é o presente. E eu penso: quanto disso tem a ver com o público que frequenta? Quanto mais diversidade em quem vê e faz, melhor, isso também é político, principalmente nos dias de hoje.

Gisela: Me lembro de uma publicação de uma professora logo que surgiu essa proposta absurda do Escola sem Partido, que tinha todo o partido ali, e essa professora fez uma publicação depois de uma manifestação que dizia “se eles soubessem que são os alunos que nos levam adiante e não o contrário” (risos), quer dizer, se eles soubessem que não é a gente que coloca coisas na cabeça do aluno mas existe uma possibilidade que é o contrário disso.

ED: Frente às investidas ideológicas reacionárias como as de Roberto Alvim, que quer criar uma “máquina de guerra cultural” e trazer o que chama de teatro conservador de volta para os palcos, como vocês acham que isso impacta nas produções do teatro de hoje?

Gisela: O que esse cidadão está fazendo, para mim, é mau caratismo. Usando um velho vocábulo de O Bem Amado, de Dias Gomes, porque era uma personagem
dele que falava assim, isso que o Alvim faz é se vender por dinheiro. Eu estive em SP há duas semanas e soube que o espaço que o Alvim usava lá na Augusta, é um espaço que estava cheio de dívidas, que ele não tinha como pagar mais nada, que ele quebrou, e de um momento para outro essa pessoa que quebrou, pagou todas as contas e agora está lá no governo? O nome disso é se vender! É isso que vemos tantos políticos fazendo e a gente não espera que as pessoas do teatro façam isso, mas a gente vê com esse cidadão ai que tem as que fazem também.

Cristiane: E ele tem muitos companheiros. tem uma comunidade apoiando, então nós vemos a censura voltando já faz um bom tempo. Já faz uns anos que vemos coisas pavorosas, desde o QueerMuseu até agora com Clowns de Shakeaspeare, um espetáculo infantil ser censurado. No início deu pavor, mas agora, para mim, essa censura toda é feita para atordoar a gente, para nos fazer desistir porque na verdade no fundo se você resistir eles recuam. Eu tenho a sensação que, para mim, toda essa censura me faz ficar pensando mais sobre aquilo que eu faço e sobre a importância daquilo que falo, e parece que dá mais vontade de falar aquilo que vem ao peito e eu não vejo as pessoas parando de fazer teatro, ao contrário, eu vejo as pessoas pensando mais sobre o que estão fazendo. As próprias peças do TPE como o Não-Especificadx que discute muito sobre a questão de gênero e o Carne Viva que pega bastante a questão do racismo, eu vejo que as pessoas querem discutir isso, querem ir para além de uma censura do próprio comportamento, falar com que se identificam e acho que isso não vai passar. Nós tivemos recordes de público esse ano, teve gente que ficou de fora em algumas peças, nunca tivemos tanta procura de escolas. A gente saiu da toca, a gente fica muito na bolha e quando a gente vê um ataque desses dá vontade de sair da toca e gritar que nós existimos.

Gisela: E em todo esse esforço que eles fazem de censurar a gente, acho que eles acabam dando evidência para que a gente faz, então o tiro sai pela culatra. Não me entenda mal, não precisamos deles e nem queremos a censura, mas falo no sentido de que depois disso fico vendo essas exposições depois de abertas, essa que aconteceu lá na assembleia por exemplo, será que teria tanta gente interessada nessa exposição antes de todo esse bafafá de censura? É óbvio que não queremos a censura, queremos exatamente o contrário! Queremos mais espaço e não menos, mas acho que a gente não pode se amedrontar frente a essa gente. Ninguém vai voltar para o armário.

ED: E sobre o Desfile do Guarda-Roupa? Qual a importância dele na Mostra DAD? Qual a importância dele ocupando as ruas de Porto Alegre?

Gisela: Eu coordenando o Desfile do Guarda-Roupa surge de uma impossibilidade de dizer não aos meus colegas me dizendo “Vai cuidar do Guarda-Roupa!”. Eu tenho rinite e trabalho com voz, tudo o que eu não queria é um lugar como o guarda-roupa para a minha vida, então quando eu cheguei lá eu tinha um pouco de contraditoriedade mas ao mesmo tempo ele estava fechado há dois anos que foi bem a fase onde eu me afastei para fazer meu doutorado, e eu fiquei pensando que o pior que eu seja administrando aquele lugar eu quero abri-lo, se o guarda-roupa ficar aberto já é um lucro por pior que seja no sentido de que eu não entendo especialmente disso, é óbvio que como atriz eu tenho um super carinho por figurinos, eu sou uma pessoa que tenho gosto por sapatos, por objetos, mas eu não tenho conhecimento específico nenhum sobre isso então esse era o meu grande medo quando eu cheguei no guarda-roupa. Eu pensava em como é que vou dar conta de tudo isso, então nós tivemos a sorte de ter uma bolsista, a Thais Diedrich, que sabia bastante sobre figurino, sem saber muito o que fazer como reerguer esse guarda-roupa mas com um esforço de todo mundo junto tentando entender como fazer aquilo funcionar. No meu pensamento são os alunos que deveriam gerir o guarda-roupa, ás vezes me perguntavam se podiam ir lá como se eu fosse dona porém o guarda-roupa não tem dono, é de todos nós, tanto que foi desta bolsista que saiu a ideia de fazer um desfile do guarda-roupa. Eu nunca tinha visto um desfile de guarda-roupa de escola de teatro, mas achei genial, e me pareceu uma coisa boa de se fazer para se divertir num primeiro momento. Nesse primeiro ano eu tinha um projeto de dar visibilidade para esse guarda-roupa do DAD, que as pessoas pudessem saber que esse guarda-roupa existia e que os alunos pudessem vir, mas não só os alunos, mas os professores e técnicos e tanta gente na universidade que pode ter interesse nisso, mas mais do que tudo eu descobri que existia um espaço para os ex alunos. No primeiro ano, 2014, a gente fez um desfile que foi dentro da escola com professores, técnicos e alunos desfilando e o sucesso foi tão grande na primeira edição que a gente teve a coragem de fazer uma segunda e dessa vez precisava ser na rua devido a toda a situação política que foi nos empurrando para ocupar esse espaço, me lembro que fomos da universidade até as ruas e uma das alunas usando uma faixa de presidenta e discursando e essa coisa de todos juntos, nunca teve dinheiro para nada, não tinha grana para fotógrafo e nunca teve mas tiramos do nosso próprio bolso. Depois que a gente ganhou a rua, parecia impossível voltar para fazer desfile dentro da escola e cada vez parece mais impossível isso até porque é preciso que as coisas estejam nas ruas para todos verem, e esse ano eu estava muito sem saber o que fazer e confesso que estava muito desanimada para escrever o que eu iria fazer, sabia que era um ato de resistência que precisávamos criar, mas eu estava com pouca energia naquele momento tanto que pensei se, quem sabe, não seria o momento de divulgar esse como o último desfile do guarda-roupa (risos), mas as pessoas disseram que não e percebi que agora a coisa está viva, não precisa mais de nós. Outra coisa legal é que nos últimos anos os professores tem sim parado as aulas porque entendem que o desfile é uma forma de expressão e tem ido desfilar junto inclusive. Mas esse ano que eu não sabia muito o que fazer, eu fui assistir Bacurau, e me venho uma inspiração daquelas bem legais de segurar. Eu fiquei pensando nessa coisa de responder ao mundo, de como a gente não pode só se calar e se esquivar, que algum momento a gente precisa atacar como resposta.

ED: Tendo em vista o Painel da Licenciatura do DAD, qual a importância de formar educadores da arte na educação pública do RS frente aos mais de 40 meses de
salários atrasados e parcelados? Como os estudantes do DAD vem a licenciatura nesse cenário?

Gisela: Em todos os anos eu faço questão de ver todas as apresentações do Painel da Licenciatura, nem sempre consigo ver todas as peças, mas no painel da licenciatura eu faço questão de ir todos os anos, sabe porque? Porque o Painel da Licenciatura me alimenta, o painel me devolve um ar novo de acreditar que estar em sala de aula é um caminho que nós temos que seguir mesmo, trabalhando com as pessoas por mais que isso seja difícil, por mais que a gente esteja cansado. Os alunos da licenciatura do DAD, eu acho eles absolutamente entregues. Tem uma coisa que tem acontecido nos últimos anos que eu tenho conseguido um pouco adivinhar quem são os alunos da licenciatura pelo jeito de como eles interferem em sala de aula. Tem uma generosidade no aluno da licenciatura de olhar para os outros de um jeito especial e um mundo de perguntas que não acaba por conta de saber que existe essa realidade duríssima para encarar. Eu aprendo sempre no painel porque as pessoas lá no limite delas imaginam coisas que transformam a realidade do lugar onde vivem. A gente vê assim o quão importante é cada um que sai dali e vai para uma escola. Acho que os alunos da licenciatura conseguem contornar um monte de problemas que existem e transformar isso na possibilidade de olhar para o outro.

Cristiane: Eu vejo que muitos dos licenciados se perdem no caminho, ou desistem mesmo da profissão e eu não preciso explicar porque, né? A carga horária absurda de um professor estadual e o salário. Eu vejo que tem paixão de dar aula, mas é preciso perguntar se é isso que se quer mesmo, mas paixão sozinha não tem como segurar.

Gisela: Eu gostaria de uma pesquisa sobre isso de fato, porque imagino a pressão que esses formandos da licenciatura tem ao chegar em comunidades carentes onde não tem estrutura mínima. Óbvio que o teatro é um instrumento de se conhecer e colocar para fora os problemas que existem, mas acho que os professores acabam, nas comunidades que eles vão trabalhar, mostrando a potência que o teatro tem nesses lugares e fico pensando que a universidade pudesse pensar alguma estratégia para pensar essa pressão.

Cristiane: Sim, é uma curiosidade que tenho. Não vou poder te dar dados concretos. Acompanho alguns licenciados do DAD e vejo alguns desistindo por falta de força de seguir adiante dentro de um momento onde está ruim, mas já estava ruim no passado também, só piorou.

ED: A Mostra DAD 2019 homenageia o antigo técnico iluminador, Luiz Acosta, qual a importância de homenageá-lo?

Cristiane: A pressão que se deu a partir dessa nova empresa que retirou o Acosta do DAD foi justamente um confronto entre o que está acontecendo nesse governo, está precarização toda, com alguém que é ao contrário disso, que trabalha pelo coração.
Gisela: Ocupando o lugar de técnico, Acosta era tão generoso que nos ensinou tanta coisa, porque a gente aprende quando temos um profissional desse nível do nosso lado. Era óbvio que precisávamos homenagear o Acosta, nunca fizemos uma homenagem na Mostra DAD. Também é uma questão política homenagear o Acosta nesse momento, porque o Acosta nos foi tirado por muita injustiça, e ele era um profissional muito importante para a gente.

Cristiane: Fora que ele montou todas essas salas, pelo conhecimento dele desenvolvido durante décadas. A demissão do Acosta foi uma grande injustiça, e isto consta no programa da Mostra DAD. Não existe momento melhor para fazer esta homenagem tendo em vista o que está acontecendo no Brasil agora, e a demissão do Acosta é o símbolo máximo dessa precarização. Resposta da ignorância, na verdade o Acosta tem 40 anos para mais de profissão, a gente não acha um profissional no mercado como esse. Cerca de 40% da universidade é terceirizada, a tendência é aumentar. O Acosta implementou no Instituto de Artes, todas as normas exigidas pela legislação de segurança, cumprindo as questões de segurança e sindicais, e isso para alguns pode não ser nada, mas para a gente é muito.

A Mostra DAD 2019 acontece de 27 de setembro a 30 de novembro, tanto nos espaços do Departamento de Artes Dramáticas da UFRGS quanto em outros espaços de teatro da UFRGS e do centro de Porto Alegre. Todas as atividades têm entrada franca. Para conferir a programação e para maiores informações e atualizações: veja no Facebook.




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