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EDITORIAL | O recuo da reforma, a intervenção no RJ e as tarefas da classe trabalhadora

Diana AssunçãoSão Paulo | @dianaassuncaoED

terça-feira 20 de fevereiro de 2018 | Edição do dia

A retirada da previdência da pauta pelo governo mostra como mesmo comprando jornais, TVs, deputados, Temer não tinha maioria para impor que trabalhemos até morrer, por isso tentou criar uma ’agenda positiva’ repressiva e com licença para invadir casas, sitiar bairros inteiros e matar no Rio. O governo não quis levar adiante a reforma da previdência por que sabia que iria perder, como perdeu para a Tuiuti no carnaval. Quer dizer, mesmo investindo milhões em campanhas mentirosas, a burguesia não conseguiu convencer a classe trabalhadora e o povo de que sua agenda de retirada de direitos traria algum benefício – o que em si é um fato muito importante -, e a pressão gerada pelo rechaço popular sobre a casta política impediu a aprovação da reforma.

Covardemente, também para dar uma desculpa aos seus amigos empresários, Temer promoveu uma intervenção no RJ, que longe de resolver o problema da violência urbana, só irá atacar os direitos democráticos da população. Mas o objetivo profundo dessa medida é fortalecer a repressão e a intimidação sobre os trabalhadores e o povo pobre, disciplinar pela força a insatisfação popular o que encontrou expressão no carnaval, e assim criar condições para avançar com medidas que retiram direitos e atacam as condições de vida dos trabalhadores e da população em benefício dos empresários.

Essa medida que dá superpoderes a um general mostra a continuidade do golpe e como mesmo com o recuo na previdência Temer e os capitalistas trabalham dia e noite para nos retirar direitos, podem recolocar a previdência em votação de outra maneira e avançar em outros ataques para os capitalistas, como as privatizações. Temer, a Globo e os empresários estão dispostos a degradar mais e mais a democracia dos ricos, os direitos individuais como estamos vendo no Rio, o que se fará sentir principalmente contra a juventude negra e pobre que já é alvejada constantemente pela polícia. A repressão no Rio com desculpas de combater a "criminalidade" é "tudo mídia" como confessou o próprio general-interventor Braga Netto. Querem um regime político mais autoritário, atacando o direito da população votar em quem quiser, e até mesmo invadindo lares ao bel prazer de um interventor militar, um regime que seja mais funcional a sua agenda de ataques.

Se o mero rechaço popular, abafado pelas centrais sindicais – que nos casos da Força Sindical e UGT chegaram a abortar paralisações aprovadas em grandes assembleias -, foi capaz de deter a reforma nesse momento, o que não conseguiríamos com toda a disposição de luta mostrada pelos trabalhadores organizada pela base para a luta? Temos que usar dessa debilidade de Temer em conseguir votar a Reforma da Previdência para seguir a luta pela retirada das tropas do Rio, pela garantia do direito da população votar em quem decidir, bem como para lutar pela reversão de outros ataques, como a reforma trabalhista. A luta pela reversão dessa lei escravista deve ganhar o primeiro plano, o carnaval mostrou a raiva contra ela e isso pode ser um ponto de apoio para exigir que as centrais sindicais, ao invés de "cantar vitória" numa batalha que elas não venceram, organizem na base assembleias de cada sindicato e um plano de luta contra todos os ataques de Temer.

No dia 8 de março, dia internacional de luta das mulheres, está marcada uma Greve Internacional das mulheres. As centrais sindicais devem construir ativamente essa mobilização em cada escola, em cada local de trabalho. Também é fundamental partir de todo apoio ativo às greves existentes, como a dos professores municipais de São Paulo a partir de 8/3, para unificar suas lutas com todos os demais setores da classe trabalhadora, organizando um plano de luta a partir das bases para combater todos os ataques do governo golpista, do congresso e do judiciário, reverter a reforma trabalhista e acabar com a intervenção federal no Rio de Janeiro.




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