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UM POUCO DE HISTÓRIA | O que é a Coreia do Norte?

Dirigida originalmente por Kim IL- Sung, que havia conduzido na Manchúria a guerra de resistência contra a ocupação japonesa, a Coréia do Norte nasceu como resultado da ocupação parcial da península coreana pelo exército vermelho, no fim da segunda guerra, e a separação do Sul em 1948.

Juan ChingoParis | @JuanChingoFT

terça-feira 12 de janeiro de 2016 | 00:00

No final do terrível conflito entre Pyongyang e Seul, no inicio de 1953, o norte foi devastado pelos bombardeiros liderados pelos Estados Unidos, cumprindo uma resolução da ONU. Tempo depois, seria o presidente Eisenhower que enviaria todo o arsenal nuclear ao Sul, no inicio do ano de 1958, apesar do armistício que proibia a introdução do novo armamento. As armas introduzidas incluíam várias peças de artilharia e mísseis, aviões americanos F-4 com ogivas nucleares, conseguindo assim um estado de alerta permanente. Todas essas provocações foram realizadas pela única potencia que utilizou armas nucleares no fim da Segunda Guerra Mundial em Hiroshima e Nagasaki.

Desde o início, portanto, a Coréia do Norte surge como um estado operário deformado, onde a burguesia foi expropriada e a economia posta sob controle burocrático do Estado. Durante os primeiros anos de sua existência, a Coréia do Norte adotou a estrutura industrial e de dominação política de seu vizinho estalinista.

Mais adiante, em sua tentativa de encontrar uma posição intermediária entre URSS e China, Pyongyang começou a desenvolver uma ideologia autônoma em função, em primeiro lugar, do afastamento do com relação a Moscou em 1955, e depois de uma maneira mais aberta na década de 60. A ideologia “Juche” (auto-suficiência em coreano) é um dos exemplos mais aberrantes e extremos da teoria da “construção do socialismo em um só país”. Essa concepção completamente oposta a qualquer ideia de internacionalismo proletário se baseia em uma adaptação monstruosa da burocracia a um contexto hostil, a presença de poderosos aliados em suas fronteiras como a antiga URSS e a China, o peso da herança de um passado como colônia japonesa, a agressão militarista norte americana e sul-coreana durante a guerra fria e o atraso econômico gerado ao país, tudo tingido de referencias neoconfucianas.

“O “pensamento Juche” mescla desde sua origem o nacionalismo coreano e o culto da personalidade do” Grande General”. Depois de sua morte em 1994, seu filho Kim Jong-il foi quem o sucedeu como chefe do partido único, o PTC, e como presidente da Comissão de Defesa Nacional. Também foi seu filho Kim Jong-Un que tomou o controle em 2012, revelando a natureza dinástica do regime que combina as formas tradicionais de legitimação e as estruturas de um estado totalmente burocrático. Socialmente existe uma enorme brecha que separa as condições de vida dos privilegiados e da elite governante, das condições de vida, extremamente duras, da população das cidades e dos campos.

Desde 1990, com o desaparecimento da URSS e o fim da proteção de Moscou, com a instauração de uma virada abertamente restauracionista e pró-capitalista da burocracia de Pequim e com o esgotamento da dinâmica extensiva da indústria norte-coreana, o regime de Pyongyang tem recorrido a manobras político-militares também buscando diferentes vias para encontrar uma nova posição num mundo cada vez mais hostil e onde os aliados vão desaparecendo. Assim, ainda que o país conservasse uma economia centralizada, se estabeleceram contatos com o governo sul-coreano de Kim Dae-jung entre 1998 e 2003 (por iniciativa da chamada shunshine policy, com vistas a melhorar as relações entre as duas Coréias, autorizando as visitas turísticas de cidadãos do sul e levando à primeira reunião, em 2000, entre os dois chefes de estado. Implementaram-se algumas zonas especiais de investimento. O complexo industrial de Kaesong é um dos últimos vestígios deste período.

Paralelamente, a necessidade de capital e investimento na economia norte-coreana e sua abertura parcial têm criado enormes oportunidades para as empresas chinesas. Sem dúvida, estas tendências de transformação da classe dirigente norte-coreana em uma burocracia como a chinesa, ou um cenário de unificação como a alemã não se pode desenvolver até o final, devido principalmente a considerações geopolíticas. Ultimamente, sem dúvida, as autoridades norte-coreanas têm declarado que seguiriam o exemplo de Cingapura, um país que combina um forte desenvolvimento capitalista com um modelo político-burocrático baseado na disciplina e na ordem, o que indica a natureza repressiva do regime que a Coréia do Norte buscará perpetuar, além da crise de base social que está se originando.

Para além das provocações e bravatas de Pyongyang, é Washington o maior fator de desestabilização da paz regional, utilizando as tensões com fins geopolíticos, especialmente contra a China. Neste marco, nós, socialistas revolucionários, enquanto lutamos pela revolução socialista internacional, para extirpar o imperialismo, raiz de todas as guerras e da acumulação suicida de armamento nuclear que poderia apagar a vida da terra várias vezes, defendemos o direito da Coréia do Norte ao desenvolvimento nuclear como elemento dissuasivo da política agressiva de Washington. Ao mesmo tempo dizemos abertamente que a única solução efetiva que pode trazer paz à região é que a classe operária de ambos os lados do paralelo 38°, unifiquem suas forças para expulsar o imperialismo norte-americano. Somente por essa via se poderá chegar a uma unificação progressista da Coreia, que resulte da ação e luta independente da classe operária coreana, tanto do norte como do sul. Do contrário, forçando a situação atual, só pode ajudar a provocar uma guerra.

Traduzido do original publicado em Revolutión Permanente




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