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ELEIÇÕES 2018 | O que a CUT e a CTB estão esperando para organizar milhares de comitês de base contra Bolsonaro?

O Datafolha incrementa a vantagem de Bolsonaro sobre Haddad, agora em 18 pontos. Precisamos de uma estratégia que vá além das eleições. Nessa situação urgente, o que a CUT e a CTB estão esperando para organizar milhares de comitês de base em todo o país para derrotar Bolsonaro, os golpistas e as reformas nas ruas e locais de trabalho?

Marcello Pablito Trabalhador da USP e membro da Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do Sintusp.

terça-feira 16 de outubro de 2018 | Edição do dia

Bolsonaro e seu vice, o general Hamilton Mourão, estão numa operação especial para esconder o que prometeram até agora aos patrões: eliminar o "custo trabalhista" e tirar a "carga salarial" das costas dos empresários. Esse programa escravista de Bolsonaro é sintetizado na frase: "Os trabalhadores devem escolher: todos os direitos e nenhum emprego, ou menos direitos e algum emprego". Passa pela aplicação selvagem da reforma trabalhista de Temer, e inclui, como reiterou Mourão, a abolição do 13º.

Muitas pessoas, inclusive votantes de Bolsonaro, ainda ignoram que o programa ultraneoliberal de Paulo Guedes vai piorar as condições de vida das massas trabalhadoras a um grau superior ao que fez Temer. Isso implica salários mais baixos, fim do 13º, redução ou eliminação - em alguns casos - do direito a férias remuneradas.

Acompanhamos todos os que veem hoje na candidatura de Fernando Haddad uma forma de impedir a vitória eleitoral de Bolsonaro. Por isso votamos criticamente na candidatura de Haddad. Mas a estratégia do PT já se mostrou absolutamente impotente para combater a extrema direita. Não vamos combater o golpismo e a extrema direita com propostas vagas para atrair supostos aliados dos partidos neoliberais e golpistas tradicionais, como o PSDB, que foram derrotados nas eleições, ou com a Igreja Católica, negando o direito ao aborto.

O Datafolha incrementa a vantagem de Bolsonaro sobre Haddad, agora em 18 pontos. Precisamos de uma estratégia que vá além das eleições. Nessa situação urgente, o que a CUT e a CTB estão esperando para organizar milhares de comitês de base em todo o país para derrotar Bolsonaro, os golpistas e as reformas nas ruas e locais de trabalho?

As maiores centrais do país vão continuar perdendo tempo, sem organizar comitês de base em cada local de trabalho? A Apeoesp, maior sindicato de professores da América Latina, teria de convocar assembleias imediatas em toda SP para organizar os professores. A CUT e a CTB dirigem categorias estratégicas do movimento operário, como metalúrgicos, trabalhadores do transporte, Correios, bancários, entre outros. Não há tempo a perder, precisamos preparar desde já as forças da nossa classe para enfrentar seriamente o avanço da extrema direita sobre nossos direitos!

Há forças para lutar. Um grande setor de trabalhadores odeia Bolsonaro porque sabe que essa figura, autoritária e pró-imperialista, vem para colocar um fim a todos os nossos direitos. Essa força de combate precisa ser organizada, e não impedida pelas burocracias sindicais. Não é nas urnas que vamos vencê-lo, e sim na luta de classes.

Ao contrário disso, Vagner Freitas, presidente da CUT, quer canalizar o ódio legítimo dos trabalhadores contra Bolsonaro apenas para as urnas, longe das ruas. "É Fernando Haddad que, eleito, garantirá a mudança que o povo reclama e anseia: educação e saúde públicas de qualidade para toda a população, moradia, segurança, democracia, soberania e bem-estar social", diz Freitas. Nenhuma medida de luta proposta, nenhuma organização de base. Assim também propõe o restante das centrais que apoiam Haddad.

Dizemos claramente que é apenas a força dos trabalhadores, junto a todos os setores oprimidos que Bolsonaro quer esmagar com punho de ferro, que podem barrar essa extrema-direita. Por isso, as centrais sindicais, e principalmente CUT e CTB, dirigidas pelos partidos de Haddad e Manuela D’Ávila, precisam imediatamente romper sua paralisia e convocar assembleias e comitês de base onde os trabalhadores possam se colocar como sujeitos para organizar sua luta contra Bolsonaro.

Essas mesmas centrais traíram, em 2017, a imensa disposição de luta dos trabalhadores que ficou demonstrada na paralisação nacional de 28 de abril, que barrou a reforma da previdência e poderia ter barrado todos os ataques do Temer. Isso porque as direções burocráticas da CUT e da CTB queriam canalizar todo esse ódio para as urnas. Isso permitiu que Bolsonaro se catapultasse como líder nas pesquisas, somado às manobras autoritárias absurdas do judiciário que proscreveu a candidatura do Lula.

Precisamos exigir das centrais sindicais que saiam de sua paralisia e construam comitês de base por local de trabalho em todo o país, que imponha o não pagamento da dívida pública, o aumento salarial de acordo com os índices do DIEESE, igual salário entre homens e mulheres, negros e brancos, a redução da jornada de trabalho sem redução salarial, e a partilha das horas de trabalho entre empregados e desempregados. Não podemos permitir que Bolsonaro ataque nossos salários e nossas famílias!

É urgente organizar a luta contra a extrema-direita, e a construção de comitês de auto-defesa e de luta, em cada local de trabalho e estudo, contra Bolsonaro é o primeiro passo para isso. A primeira tarefa de todo comitê é massificar nossa luta. Nas universidades, escolas, fábricas e em cada local onde houver disposição de luta contra a extrema-direta precisamos mobilizar a maior quantidade de pessoas possível. Só nos mobilizando desde a base é que vamos conseguir construir uma verdadeira força social que seja capaz de enfrentar o reacionário Bolsonaro e seus aliados no exército, no judiciário, nas mídias, todos apoiados e financiados por grandes grupos econômicos.




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