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DISPUTAS | O latifúndio não paga INSS e quer mais subsídios com apoio de Bolsonaro e Estadão

Os reis da soja, do milho e do gado não pagam 7 bilhões ao ano que todos brasileiros precisam pagar para honrar as aposentadorias dos trabalhadores do latifúndio exportador. Guedes demagogicamente ataca esse privilégio porque quer entregar esses 7 bilhões para os bancos e outros donos da dívida pública.

quarta-feira 13 de fevereiro de 2019 | Edição do dia

Nas entrelinhas do noticiário econômico pode se ler uma importante disputa entre Paulo Guedes e o Agronegócio. Cada um em nome de bilhões de dólares puxa a sardinha para um lado. O agronegócio quer a continuidade dos seus crimonosos privilégios, como não pagar INSS ou pagar menos na conta de luz do que qualquer outro brasileiro, e Paulo Guedes quer cortar esses privilégios para entregar mais recursos aos donos da dívida. A retórica pode ser anti-privilégios mas é uma disputa sobre quanto da mais-valia e da renda terra é retida pelo latifúndio e quanto pelas finanças.

Essa disputa tem tido até o momento três focos de batalha. O primeiro e mais decisivo é o da previdência social. Guedes quer que o latifúndio exportador pague sua parcela do INSS (de 11% como todas empresas), já o latifúndio – evidentemente – quer manter seu privilégio. Esse privilégio dos bilionários é de ordem bilionária também. Custa R$ 7 bilhões ao ano como anunciou Guedes. Ou seja, parte do suposto déficit da previdência é diretamente causado pelo privilégio dos bilionários no campo.

Essa disputa tem impulsionado estranhas manchetes da Folha denunciando privilégios do agronegócio e um editorial do Estadão, defendendo-os, como pode-se ver no editorial de ontem “A ministra tem razão”.

Outro campo de batalha da disputa Guedes e Agronegócio está na conta de luz. Não basta não pagar INSS, a soja, o milho e os processadores de carne pagam menos na energia elétrica. Guedes “denuncia” que governo gasta R$ 3,4 bilhões ao ano para que o agronegócio pague contas de luz de 10 a 30% mais baratas que todo brasileiro.

Por fim, outra disputa, essa com direito até a tweet de comemoração de Bolsonaro, Tereza Cristina (da Agricultura) se impôs sobre Guedes e conseguiu que fossem erguidos impostos protecionistas em defesa do setor de leite em pó. Tudo isso com comemoração do Estadão, e críticas de outas mídias direitistas chocadas com a falta de “liberalismo” de Bolsonaro.

Esta disputa da agricultura e Guedes pode estar antecipando tendência da disputa entre aqueles que querem maior “pragmatismo” e aqueles que tal como os filhos de Bolsonaro querem um alinhamento total a Trump. No tema das exportações à China e relações com os países árabes Guedes tal como o agronegócio não se alinha aos “ideológicos”, mas no que tange a garantir maiores lucros aos donos da dívida ele não tem nenhum limite. Esse novo episódio, com vitória de Tereza Cristina, pode significar mais do que um enfraquecimento de Guedes (que tem conseguido se impor como negociador direto da Reforma da Previdência) um fortalecimento do agronegócio e maiores dificuldades a aqueles que querem a transferência da embaixada em Israel para Jerusalém e o alinhamento automático com Trump.

Nessas disputas (atuais e futuras) e nos impasses que podem abrir emergem maiores oportunidades para a classe trabalhadora entrar em cena com seu programa para impedir a reforma da previdência, já que nestas diferentes trocas de manchetes o que quer a soja, e o boi, e Guedes por outro lado, é ver em qual bolso bilionário ficam estes bilhões que arrancam do suor dos impostos e dos direitos de todos trabalhadores.




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