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GREVE DOS PETROLEIROS | O governo mente ao dizer que a Fafen dá prejuízo, é um pretexto para privatizar e demitir

Há 14 dias os petroleiros estão em greve nacional contra a demissão de mil trabalhadores e o fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados Araucária no Paraná. A alegação do governo é de que a fábrica dá prejuízo, assim como foi com as unidades da Bahia e Sergipe já fechadas. Mostramos a falácia do argumento do governo e da direção da Petrobras e os motivos para cercar essa greve de solidariedade ativa.

sexta-feira 14 de fevereiro de 2020 | Edição do dia

Hoje (14/02) é o dia em que a Petrobras pretende confirmar a demissão de mil trabalhadores, entre efetivos e terceirizados, além de concretizar o processo de fechamento da Fafen/PR, sob o argumento de que a fábrica dá constantes prejuízos. O fechamento dessa planta seria o ponto final de um processo específico de saída da Petrobras do mercado de fertilizantes, que simboliza tanto a irracionalidade do avanço da privatização sob a estatal quanto suas nefastas consequências para a população em geral e para seus trabalhadores.

Essa é a razão da batalha dos petroleiros em defesa desses postos de emprego e dessa fábrica. Por isso, a necessidade de cercarmos essa greve de solidariedade e fazer com que ela vença.

A partir de 2017 a Petrobras tomou a decisão de sair do mercado de fertilizantes. A alegação da Petrobras era a de que as 3 subsidiárias da empresa no mercado -Fafen/BA, Fafen/SE, Fafen/PA- davam prejuízos à estatal.

Levado em conta alguns dados, a afirmação da direção da Petrobras é risível. O agronegócio brasileiro se orgulha de ser um dos maiores produtores mundiais de alimentos, somos o segundo maior produtor de grãos do planeta. Não parece ser factível que dentro de um país em que a agricultura possui esse peso o mercado de fertilizantes dê prejuízo. Na realidade, o Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes em todo planeta, demonstrando a massividade desse mercado.

Ainda assim, mesmo diante desse vasto mercado, o que ocorre é que 80% dos fertilizantes utilizados pela agricultura nacional são importados. As grandes empresas imperialistas dominam esse mercado. Os maiores produtores são a empresa Agrium, do Canadá; Yara, da Noruega; e a Mosaic Company, dos EUA. Essas empresas operam suas próprias minas e fábricas. Juntas, são responsáveis por 21% do mercado global de fertilizantes.

Eis um dado que evidencia o projeto de país do agronegócio brasileiro e do governo Bolsonaro. Eles não estão preocupados em desenvolver um setor industrial que seria estratégico até mesmo para o crescimento ainda maior da agricultura, pelo contrário querem justamente abandonar por completo tal empreendimento, deixando o mercado livre para o imperialismo lucrar. Não existe preocupação em relação a superação da dependência e subordinação da economia de nosso país.

No seu anúncio aos acionistas, a Petrobras apresentou como justificativa para o fechamento da Fafen/PA o fato de que “a matéria-prima utilizada na fábrica (resíduo asfáltico) está mais cara do que seus produtos finais (amônia e ureia) e as projeções para o negócio continuam negativas”. Como contra argumentam os próprios trabalhadores da fábrica, essa é uma manobra contábil da direção da Petrobras. O resíduo asfáltico usado como insumo pela Fafen, trata-se de um refugo da Repar (refinaria da Petrobras em Araucária), ou seja, a Petrobras vende pra ela mesma, não faz sentido contabilizar a preço de mercado como é a manobra feita. Além disso ao transformar em uréia a Fafen agrega valor no insumo - inclusive as projeções para o valor da ureia esse ano são de valorização do produto.

O desenvolvimento da indústria de fertilizantes é parte fundamental da trajetória de desenvolvimento da própria indústria química. Essa é a importância que cumpriram as fábricas de fertilizantes. A Fafen/BA, antes conhecida como Conjunto Petroquímico da Bahia (COPEB), criada em 1971, foi peça fundamental para o posterior desenvolvimento do Pólo Petroquímico de Camaçari. Hoje o polo tem faturamento anual de aproximadamente US$ 15 bilhões e as vendas para o mercado externo correspondem a 30% do total das exportações baianas.

Ainda assim, sob o pretexto de que a empresa dava prejuízo ela foi fechada, junto a outra unidade da Fafen, em Sergipe. No final do ano passado a Petrobras anunciou a privatização das unidades, através de um contrato de arrendamento para a utilização pela empresa brasileira Grupo Unigel, por uma mixaria de R$ 177 milhões para um período de 10 anos.

Ao custo de mil trabalhadores postos na rua, a Petrobras busca repetir agora na unidade de Araucária no Paraná o mesmo processo. Utiliza-se do pretexto falacioso de que a fábrica dá prejuízo para privatizá-la e atacar seus trabalhadores. O que acontece nessa unidade é a tônica do processo geral que o governo quer implementar em toda a Petrobras. Por isso que toda a categoria nacional se lança nessa batalha em defesa da estatal. Os próximos alvos já estão anunciados, serão as refinarias, que também serão todas entregues - 8 ao todo - novamente tornando o país mais subordinado às importações e aos preços dos combustíveis internacionais.

A vitória dos petroleiros, se ocorrer, será uma verdadeira apunhalada no projeto privatista de Bolsonaro e Guedes. A vitória da greve colocaria novos patamares para enfrentarmos a entrega do pré-sal nos leilões, a venda das refinarias e terminais e oleodutos e, mais que isso, permitiria colocarmos em xeque uma política de preços que está a serviço de aumentar os lucros das empresas compradoras, às custas da população brasileira. E estaremos em condições muito melhores para avançar na necessária luta pela unidade da nossa classe, a começar por iguais direitos e salários para efetivos e terceirizados, batalhando por sua efetivação sem a necessidade de concurso, e por uma Petrobrás 100% estatal, administrada democraticamente pelo trabalhadores e com controle popular, que é o que pode garantir que essa enorme riqueza nacional esteja a serviço do povo, garantindo segurança operacional e ambiental nas operações bem como combustíveis baratos para toda a população.

Leia mais: CUT, CTB e esquerda precisam convocar atos de apoio à greve dos petroleiros em todo país




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