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O governo de May sobrevive por pouco a moção de censura

A primeira-ministra britânica conservadora Theresa May, superou ontem por apenas 19 votos a moção de censura contra seu governo levantada no parlamento pelo líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn.

quinta-feira 17 de janeiro de 2019 | Edição do dia

Por uma margem muito pequena, 325 contra 306 votos, May obteve o voto de confiança da maioria da Câmara dos Comuns (a Câmara Inglesa Inferior), um dia após a histórica derrota sofrida na votação do acordo do Brexit que havia chegado com a União Europeia (UE).

Foi o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn; quem decidiu na sessão de terça-feira à noite iniciar este processo contra o governo conservador, depois de perder por uma ampla margem de 230 votos a votação em Westminster sobre o acordo do Brexit pactuado com a UE.

Além do apoio de toda a bancada de sua própria formação e como antecipado, May recebeu o apoio dos dez deputados irlandeses do Partido Democrático Unionista (DUP, por sua sigla em inglês), de quem depende para governar já que o Partido Conservador não conta com maioria própria no parlamento.

Durante o debate sobre a moção de censura, May argumentou que convocar uma eleição geral agora seria “o pior que poderia fazer” o Reino Unido. Na ausência de uma proposta concreta para resolver a crise do Brexit, a tática dos conservadores foi atacar o líder da oposição.

De sua parte, durante seu apelo, o líder trabalhista acusou a primeira-ministra de ter “falhado com o país”. “Qualquer outro primeiro ministro que tivesse enfrentado uma derrota da escala que sofreu (May) ontem a noite teria se demitido e este país poderia escolher o Governo que desejasse”, disse o líder trabalhista.

Corbyn, junto a um setor importante da câmara comuns, tinha a intenção de precipitar as antecipadas eleições gerais. Embora a moção de desconfiança apresentada por Corbyn tenha sido endossada por todos os partidos da oposição, incluindo o Partido Nacional Escocês, os Democratas Liberais e o Partido Verde, não obteve aprovação parlamentar. No entanto, seu partido não descartou a apresentação de mais movimentos de confiança no governo.

A contradição enfrentada por Corbyn é que, por um lado, ele deve levar em conta o sentimento eurocético de um setor de eleitores trabalhistas em regiões operárias no norte do país e na região de Midlands, no centro do país, amplamente afetado pela desindustrialização e anos de políticas de austeridade.

Por outro lado, não pode negligenciar a sensibilidade européia da nova base trabalhista de jovens ativistas, estudantes, trabalhadores e profissionais referenciados em Momentum, a organização por trás do fenômeno Corbyn. Além disso, após o resultado de hoje, Corbyn está sob pressão de dezenas de parlamentares que assinaram uma declaração apoiando um segundo referendo sobre o Brexit.

Em uma breve mensagem, após anunciar o resultado, a primeira-ministra afirmou que continuará trabalhando para cumprir o resultado do referendo de junho de 2016, no qual os britânicos votaram pela saída da UE. "Temos a responsabilidade de identificar um caminho que nos permita obter o apoio desta câmara", e reiterou sua intenção de conversar com o restante das forças políticas para tentar encontrar um terreno comum.

A primeira ministra tem um prazo legal até a próxima segunda-feira para retornar ao Parlamento e apresentar um "Plano B" para o Brexit, que se concretizará, se não acordado com Bruxelas uma prorrogação do prazo, no próximo 29 de março.

A grande incerteza que esta situação coloca é se a premier será capaz de chegar a um novo acordo em Bruxelas - algo improvável porque a UE até agora se opôs à reabertura do acordo, selada no final de novembro - e qual seria o cenário se não teve sucesso, após a derrota esmagadora sofrida na noite de terça-feira.




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