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ESCALADA DE ASSASSINATOS EM OPERAÇÕES | O governo de Maduro recrudesce os operativos policiais

quinta-feira 13 de outubro de 2016 | Edição do dia

O ministro do Interior e Justiça da Venezuela, Néstor Reverol, informou nesta terça-feira que durante um “operativo de segurança” nas mãos da Operação Liberação do Povo (OLP) foram abatidas 19 pessoas em cinco estados do centro do país.

“Temos realizado a OLP na madrugada dessa terça-feira, especificamente nos estados de Caraboro, Aragua, Guárnico, Miranda, e Distrito Federal”, disse Reverol, em um operativo em que supostamente “apreenderam 11 armas de fogo nos diferentes procedimentos”, segundo o comunicado.

A OLP é um sistema de “segurança” com uso exclusivo da violência, criada em agosto de 2015 pelo presidente Nicolás Maduro, para supostamente “garantir a segurança nas zonas populares”. A OLP parte da concepção de criminalização dos pobres, pondo como foco sua atuação violenta nos bairros pobres, onde por ser pobre já é suspeito.

Desde quinta-feira dia 6 deu início uma nova fase destes operativos em diversas cidades do país, e os relatórios diários de assassinatos por parte do ministro Néstor Reverol se conta às dezenas, onde praticamente se vem realizando um extermínio de supostos delinquentes. Mas ao mesmo tempo tem aumentado a as denúncias de que os corpos repressivos “tem matado muitas pessoas inocentes”.

Só entre os primeiros dias (6 e 7 de outubro) desta “nova fase” quarenta e uma pessoas foram assassinadas segundo informou o ministro do Interior e Justiça, Néstor Reverol. Assim são os informes diários que partem desde o alto mando dos corpos repressivos, que dão parte da onda direta de extermínio que levam a cabo, como o desta terça-feira em que se falou de 19 mortos. Em todos chama a atenção que não há nenhum policial ferido, levando em conta que inclusive se fala de supostos enfrentamentos em que caem abatidos, o que revela que na verdade se trata de verdadeiros extermínios.

Assim como se fosse uma guerra convencional, o ministro do Interior e Justiça ao final do dia já tem pronto sua “cota de guerra”: tantos mortos, tantos detidos, armas apreendidas, e tal qual uma “guerra” medem o “êxito” pelo número de mortos, feridos etc. Mas não há tal guerra convencional, senão verdadeiros operativos de extermínio em nome de combater a “insegurança”.

Até a própria fiscal geral da República, Luisa Ortega Díaz, expressou sua “preocupação” quanto ao aumento das denúncias de violações dos direitos humanos que tem recebido o Ministério Público por parte da Operação de Liberação do Povo (OLP). Só esse dado permite imaginar o nível de assassinatos inclusive de gente inocente, pois poucas são as pessoas que se atrevem a fazer as denúncias por medo de represálias por parte da polícia, e mais ainda o que acontece nos últimos cinco dias onde a quantidade de mortos pelas mãos dos corpos repressivos é alarmante.

Maduro vem incrementando um forte plano repressivo, que tem como foco a militarização dos bairros pobres, os grandes operativos militares onde a população é aterrorizada com o desenvolvimento militar e abusos de todo tipo, e até impondo verdadeiros toques de recolher nos mesmos, tudo para o que o governos chama de “combater a insegurança”.

Para dar apoio a toda essa política se lança todo um plano midiático que busca reforçar a política governamental do uso total da violência e a criminalização dos pobres, com o que concordam também os partidos da oposição direitista: mais polícia e maior controle social. Assim dia a dia os meios lançam números, imagens, titulares que demandam fortalecer mais os aparatos repressivos, e maior presença policial nas ruas e bairros.

Mas todos esses setores que pedem aumento do aparato repressivo do estado e o controle social, o que escondem é a verdadeira origem da insegurança: a enorme desigualdade social e a miséria gerada por esse sistema capitalista de exploração e opressão que o chavismo jamais superou, por mais que encha a boca de “socialismo”, uma desigualdade que tem se agravado no mesmo ritmo que a crise econômica imperante e empurra cada vez mais setores para a miséria.

Mas há um objetivo bastante claro também com esses operativos, pois o governo busca amedrontar, em meio a sufocante crise que vem pagando o povo trabalhador e os setores populares, qualquer tentativa de protestos populares como tem acontecido em diversos lugares do país por escassez, carestia de vida e os baixos salários.

Em um artigo que escrevemos em meados de maio deste ano quando recrudesciam os operativos repressivos, damos conta de como se leva a frente a militarização nos bairros pobres, a verdadeira origem da insegurança, as inseguranças das quais ninguém fala perpetradas por esse sistema de exploração capitalista, e a necessidade de dar um basta a criminalização dos pobres. Há que levantar claramente que, frente a demanda de “controle social” e mais policiais contra o povo pobre, é necessário opor um programa para terminar com a miséria e degradação do povo trabalhador.

Tradução: Filipe Amorim




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