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ARTES PLÁSTICAS | O expressionismo austríaco: Egon Schiele

Abordamos a obra do genial pintor austríaco Egon Schiele responsável, junto a Gustav Klimt e Oskar Kokoschka, pelo expressionismo na Áustria.

terça-feira 19 de julho de 2016 | Edição do dia

Autorretrato, 1916.

Egon Schiele foi um dos grandes artistas do figurativismo do início do séc. XX e junto a Oskar Kokoschka conformaram o que se conhece por expressionismo austríaco.

Sua vida esteve rodeada por uma contemplação profunda sobre o corpo humano nu, a beleza deste, expressando em cada detalhe de suas pinturas, com uma temática que assume uma altíssima tensão emotiva na sensualidade que se transforma em uma obsessão erótica, afastando-se sempre do dogmatismo da formação acadêmica.

O Abraço, 1917.

Uma das características mais fortes na pintura de Schiele é a destreza e a firmeza de seu traço, rompendo com a linearidade, seu traço seguia sem tréguas, uma vez começado, até o final sem nenhuma correção posterior. O artista continuava com seu desenho sem se importar caso o modelo se movesse ou mudara de lugar, dado que a linha o seguisse por seu trajeto transportando toda sua dimensão sentimental e emocional do momento.

Apesar de uma vida curta, sua obra é muito numerosa: são trezentos e quarenta pinturas e duas mil e oitocentas entre aquarelas e desenhos. Dentro do espectro criativo de suas obras figuram poemas e experimentos fotográficos. Seu estilo particular o situou entre os movimentos expressionistas na Secessão de Viena, com uma tipologia muito pessoal.

Schiele sempre admirou Gustav Klimt, de quem foi discípulo. Em lugar do desenho naturalista do corpo e um estilo pictórico em perspectiva, foi adotando progressivamente os princípios criativos de Klimt: a acentuação da superfície pictórica, servindo-se tanto do charmoso caráter linear do desenho, como da utilização de ornamentos em suspensão no espaço.

Duas moças se Encontram Entrelaçadas, 1915.

Para Klimt a linha é sempre a que define o espaço dos corpos, inclusive quando sua beleza se expressa de forma independente, a torna melódica, rítmica estilizando as figuras. A linha de contorno é fluida e suave, fixa o corpo como um todo e os desenhos raramente tem o caráter de um esboço.

No entando, a linha de Schiele, se converte em um instrumento autônomo da interpretação, em certo sentido é imaterial, e sua angulação oculta valores emocionais e expressivos.

A linha nos desenhos de Schiele, ao contrário, parece frágil e forçada, habitualmente quebradiça, quase nunca reta ou curva, se interrompe e se acentua ou enfraquece conforme realça um detalhe permanecendo sempre tão segura e magistral que até os críticos mais céticos não puderam deixar de conhecer a genialidade dos desenhos do artista.

Tradução: Daniel Avec




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