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DIA DAS MÃES | O dia das mães e nossa luta pelo direito à maternidade e contra o capitalismo

segunda-feira 9 de maio de 2016 | Edição do dia

Entendemos que o dia dedicado às mães é celebrado porque elas são as pessoas que formam os seres humanos. Será que temos noção da tamanha carga social que despejamos em apenas uma pessoa?

Quando uma criança nasce tem na figura da mãe a primeira referência de ser humano, a primeira referência de carinho, cuidado e tudo que se precisa para se identificar como um indivíduo parte de uma sociedade. Porém, para formação de um indivíduo social é necessário todo um conjunto de elementos que assegurem sua integridade física e psicológica.

Quando entramos em um restaurante e na mesa ao lado uma criança chora porque não quer comer cenoura, precisamos ter clareza que a responsabilidade de sanar ou não aquele choro é, não apenas da mãe, mas sim de toda uma comunidade, desde o camponês que plantou, até o garçom que serviu o prato com uma colher feita para adultos.

Somos diretamente responsáveis pela formação de uma criança, sendo mães/pais dela ou não. O grande impasse social hoje é responsabilizarmos individualmente uma tarefa comunitária.

É muito comum ouvirmos frases como "Eu não gosto de criança", "quem pariu Mateus que balance" ou ainda pior "Evento/espaço proibido para menores de X anos". Desrespeitamos a existência de uma criança a partir do momento em que não a vemos como um sujeito em formação, que necessita ser ouvida e praticar suas vontades em todos os ambientes que a mesma precisa freqüentar. Desrespeitamos as mulheres que são mães quando a excluímos com seus filhos de determinados espaços, ainda somos hipócritas quando desejamos "Feliz dia das mães" sem pensar nas proles desta. É incabível pensarmos que uma pessoa contribuirá para uma sociedade melhor sem pensar na responsabilidade do Estado.

Precisamos desmistificar a imagem da mãe, desfazer o conceito de que apenas ela deve lutar pelos direitos dos filhos, para assim, também conseguirmos entender que uma mulher pode não ter filhos, e que se engravidar precisa ter sim, o direito de escolher gerá-lo ou não, e se a decisão for abortar, o Estado deve garantir que seja de forma segura e gratuita. Para isso é necessário que não só as mulheres que não desejam ter filhos lutem, mas todos que entendam que a religião não pode impor suas regras para todas as mulheres e nem para o Estado que se diz laico.

É nítido que o Estado foge de sua responsabilidade, colocando a mulher na fogueira, sem acesso à um sistema de saúde e educação público, gratuito e de qualidade, sem direito ao lazer, conhecimento e explora os trabalhadores para a manutenção do sistema capitalista.

Lucram através da exploração do trabalhado das mulheres fora de casa para garantir o sustento do filho e o seu próprio, e precisa de um ambiente seguro e de qualidade para a criança, tendo que pagar por creche, um direito que o Estado deveria garantir tanto para a mãe quanto para o filho. Lucram também com as tarefas domésticas realizadas pelas mulheres para que a família tenha comida e roupa lavada e possam seguir sua rotina de trabalho todos os dias, sem que esses serviços sejam garantidos pelo Estado ou estejam à cargo dos patrões.

Lucram quando não asseguram uma educação de qualidade, com o objetivo de formar robôs que são ensinados a não questionar, a não falar, a não lutar, no modo "cópia e cola". Lucram por todos os possíveis meios de exploração sobre essa mulher e consequentemente sobre esse novo indivíduo.

É essencial para a luta contra o capitalismo entendermos que o modelo de família burguesa e tradicional nos empurrado goela a baixo é o modelo que o Estado formou única e exclusivamente visando no lucro através da exploração e da opressão das mulheres.

Ficou ainda mais claro na votação no processo de impeachment da presidenta Dilma, ou melhor, no golpe institucional impulsionado pelos deputados de direita e capitalistas que querem manter os interesses da família tradicional burguesa, aplicando ajustes inda mais duros do que o PT já faz com a classe trabalhadora, essa instituição privada sempre massacrando as mulheres, crianças, negras e negros, LGBTs, periféricas e periféricos, e hoje não arcam nem mesmo com o mínimo que dizem garantir.

Não temos merenda nas escolas, não temos tratamentos médicos, remédios que supram realmente a necessidades básicas, colocando mães e filhos para morrer na fila do SUS. Não temos lazer, esporte e cultura garantidos. E mesmo não tendo o mínimo de suporte necessário, são as mulheres, mais especificamente, as mulheres negras as mais precarizadas nos trabalhos terceirizados, empurradas para os extremos, favelas, morros e vielas onde vivem ainda nos dias de hoje, em situação sub-humanas, vendo seus filhos assassinados pela truculência da polícia racista, machista e homofóbica que defende apenas os interesses da burguesia.

Nossa comemoração é ao lado de nossos filhos e da classe trabalhadora, precisamos de força e união contra o capitalismo, precisamos de uma real sociedade que não haja nenhuma forma de exploração e opressão.

Não aceitaremos os parabéns pelo dia das mães deste Estado e nem a hipocrisia da sociedade capitalista. Temos orgulho de sermos mulheres e mães que estamos na luta por nossos direitos e direitos de nossos filhos, por isso nossa homenagem hoje vai para tantas mães lutadoras como as professoras do RJ, que há mais de dois meses estão em greve contra os ajustes do governo Pezão, para tantas mães que lutam por justiça pelos seus filhos assassinados pela polícia e para as mães dos secundaristas das escolas ocupadas do RJ e de SP que devem estar orgulhosas de seus filhos!




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