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Não sei quantas pessoas já se sentiram assim, com uma angustia e ao mesmo tempo uma inquietação. Um sentimento de uma não existência, mas ao mesmo tempo a prova concreta em carne e osso de que estamos aqui.

segunda-feira 30 de outubro de 2017 | Edição do dia

Ideias e sentimentos totalmente confusos sem saber a tradução de si mesmo para o real, nos tornando como inexistente, não sabendo explicar para o próprio intimo "o que sou?" ou "quem sou?"

Eu sou Gabi, o Gabi. Ha pouco tempo depois de muitos conflitos íntimos e de tentar me entender e não ser mais a reprodução do que meus pais projetaram para eu ser ou o que a sociedade projeta para que sejamos me reconheci um trans não-binário.

Vivemos em uma sociedade pensada na binariedade (homem e mulher) se voce nao e homem logo e mulher ou uma mulher masculinizada ou um homem afeminado.

Mas não e bem assim... Na verdade não e nenhum um pouco assim. Essas caixinhas que prendem nossa identidade e nossos corpos a coisas e formas que nao nos identificamos e simples não somos, nos perturbando insanamente, muitas vezes podendo causar ate a morte de muitos LGBTQ+ que não foram pensados para serem inclusos nesse sistema que e o capitalismo.

Bem, moro em uma periferia em Campinas, trabalho em uma empresa X onde minha identidade de gênero e clandestina. Sou parte de uma juventude precarizada que e terceirizada e vive a vida pessoal clandestinamente por ser LGBTQ+.

No trabalho todo o meu comportamento e roupas devem ser femininos, devo me enquadrar dentro da caixinha do feminino se quiser continuar tendo um emprego, diferente do que a mídia burguesa tem espalhado aos quatro ventos, uma inclusão de empoderamento para vender seus produtos, enquanto explora e oprime LGBTQ+ que vivem em condições precárias escondendo quem são em seus postos de trabalho.

Para poder conseguir sustentar pelo menos seus corpos ambulantes que se arrastam levando uma identidade que tem que ser oculta, sendo oprimidos constantemente pela construção do que e ou deveria ser a sociedade. Sofrendo também com os preconceitos de colegas nos postos de trabalho e ate mesmo dentro de casa onde vivem com famílias formadas pelo conservadorismo disseminando o ódio jurando ser amor.

O capitalismo NÃO e um sistema pensado para LGBTQ+, muito menos pensado para emancipação do humano.

Escrevo esse texto para que trans não-binários ou ate mesmo LGBTQ+ que vivem em condições precárias não percam suas esperanças e entendam o capitalismo como seu real inimigo de classe, permitindo-se sim o direito de ser e pensar uma nova sociedade pensada também para nos.

Nos também somos parte da classe trabalhadora que faz o capital rodar e que tem o poder para fazer com que ele pare, ate que morra!




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