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PORTO ALEGRE | O ataque na VAP e Sudeste é precedente para reduzir salário de todos os rodoviários de Porto Alegre

quinta-feira 23 de julho de 2020 | Edição do dia

Nessa terça-feira (21) houve uma negociação entre a empresa VAP de transporte público de Porto Alegre junto do delegado sindical e outros representantes cipeiros. O acordo representa um enorme ataque aos trabalhadores rodoviários: redução salarial de 25% sem redução de jornada, 25% a menos no vale alimentação e passa a ser quinzenal. Tudo com a “promessa” da empresa de manter os empregos até março de 2021. Antes, na empresa Sudeste, acordo semelhante havia sido firmado também, e passou em silêncio. Os próximos são as garagens da Presidente Vargas e da Estoril

Em primeiro lugar, trata-se de um ataque inconstitucional pois até dentro da lei de Bolsonaro que prevê redução salarial com redução da jornada. A redução salarial de 25% corrói o poder de compra dos trabalhadores que hoje estão na linha de frente do coronavírus. Não bastassem as demissões em curso, a exposição ao vírus, a falta de EPI’s adequados, os ônibus lotados, os colegas adoecendo, os cortes de linha… agora os rodoviários estão a mercê de terem seus salários equiparados ao salário mínimo, mesmo com jornadas extenuantes e absolutamente cansativas. É preciso dizer: essa é uma proposta que serve apenas para manter os lucros dos empresários enquanto os rodoviários sofrem.

Se essa proposta passar efetivamente na VAP, abre-se um precedente para que todas as empresas de ônibus hoje tomem medidas parecidas. Os rodoviários, como já denunciamos aqui no Esquerda Diário, estão sendo massacrados pelas empresas de ônibus que seguem lucrando horrores. O preço do diesel diminuiu, dezenas de rodoviários já foram demitidos, têm menos ônibus rodando na cidade, as empresas estão trabalhando com a planilha de 2019 sem alterá-la com as modificações durante a pandemia, parte dos salários estão sendo pagos com o governo federal, está havendo redução da jornada em várias empresas, e agora os empresários vêm com essa de diminuir salário sem reduzir jornada. Lucro é o que não falta. Tudo com o aval do delegado sindical que mais parece delegado patronal do que qualquer outra coisa. Como se não desse para piorar, na sexta-feira haverá plebiscito na empresa para colocar uma faca no pescoço da peaozada: o voto será aberto. Ou seja, quem votar contra a proposta da empresa, provavelmente será demitido. E, como afirmou o delegado sindical, a empresa não vai pagar os direitos e o trabalhador, se demitido, terá que buscar seus direitos na justiça. É um descalabro sem fim que não pode ser aceito.

A direção do Sindicato faz corpo mole, não organiza nenhuma resistência aos ataques e defende a proposta de Bolsonaro que é a de diminuir o salário diminuindo a jornada. Mas essa MP de Bolsonaro serve para os patrões lucrarem mais, não para garantir empregos. O que deveria ser feito é que todas as empresas de transporte público passassem pras mãos dos próprios trabalhadores. Como afirmamos aqui, se está mal pro patrão, que largue mão e os trabalhadores tomam conta! Que todos os demitidos fossem reincorporados, com salários dignos, sem redução salarial, garantindo emprego para todos. O único caminho para isso ocorrer é com os próprios trabalhadores tomando conta do transporte público, junto da população, construindo um transporte 100% Carris.




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