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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL | O arquipélago de interesses do MPF

Nas últimas semanas, oito operações policiais (Turbulência, Custo Brasil, Recomeço, Boca Livre, Saqueador, Tabela Periódica, Sépsis e Abismo), a mando do Ministério Público Federal (MPF), da Receita Federal, e dos juízes da Lava-Jato foram deflagradas. Algumas destas estavam há algum tempo paralisadas, como a Operação Saqueador, que investiga lavagem de dinheiro na empresa Delta Engenharia; já outras são recentes, como a Operação Sépsis, que trata de fraudes no fundo de investimento do FGTS. O que todas têm em comum é a utilização de informações colhidas pela Lava Jato.

quarta-feira 6 de julho de 2016 | Edição do dia

Nas últimas semanas, oito operações policiais (Turbulência, Custo Brasil, Recomeço, Boca Livre, Saqueador, Tabela Periódica, Sépsis e Abismo), a mando do Ministério Público Federal (MPF), da Receita Federal, e dos juízes da Lava-Jato foram deflagradas. Algumas destas estavam há algum tempo paralisadas, como a Operação Saqueador, que investiga lavagem de dinheiro na empresa Delta Engenharia; já outras são recentes, como a Operação Sépsis, que trata de fraudes no fundo de investimento do FGTS. O que todas têm em comum é a utilização de informações colhidas pela Lava Jato.

Entretanto, a quantidade de operações, as empresas investigadas e os políticos e empresários indiciados e presos mostram como o “partido judiciário” não está atuando de forma unificada. Dentro do poder que fomentou e que saiu fortalecido após o golpe institucional há divisões de interesses e de análises de quais táticas seriam mais adequadas para a atual conjuntura política. Enquanto os ministros do STF divergem entre si e com Sérgio Moro sobre diversos temas, como as investigações que dizem respeito ao ex-presidente Lula, promotores do MPF em vários estados começam a agir de forma descentralizada.

Se a quantidade de operações poderia indicar que há um combate à corrupção efetivo acontecendo, sabemos que a realidade é bem distinta. As investigações da justiça burguesa atendem a interesses específicos. Interpretações jurídicas são criadas e alteradas para favorecer interesses da classe dominante, como tem ocorrido com as pedaladas fiscais do governo Dilma.

Outro exemplo disso é a Operação Custo Brasil, que investiga propinas no Ministério do Planejamento que teriam sido pagas por uma empresa de tecnologia a políticos como o ex-ministro do Planejamento, o petista Paulo Bernardo (que ocupou o cargo entre 2005 e2011). Na tentativa de reaver os cerca de 102 milhões de reais que teriam sido desviados, a justiça ordenou o bloqueio das contas bancárias de políticos, advogados e do PT. A mídia golpista explorou largamente esse fato, sempre tentando vincular no caso a esposa de Bernardo, a senadora Gleisi Hoffmann, candidata a governadora do Paraná nas últimas eleições.

Obviamente, todos os corruptos devem ser punidos e seus bens confiscados, porém é notória a seletividade das ações de juízes e promotores, especialmente os mais próximos da “República de Curitiba” e da Operação Lava Jato. Não é possível confiar nas ações de Sérgio Moro, treinado pelo Departamento de Estado norte-americano para viabilizar o golpe, e seus aliados.

O golpe ocorreu, porém o governo Temer não é um governo estável. Um cenário possível é o retorno de Dilma Roussef através do Senado. Seja concluindo seu mandato (hipótese improvável nesse momento), seja convocando eleições/plebiscito, a frente golpista quer evitar qualquer possibilidade de novo fortalecimento do PT. As últimas pesquisas de intenção de voto para presidente indicam que Lula tem chances de ir ao segundo turno.

Apesar dos duros ataques contra os trabalhadores, de abrir espaço para setores conservadores, e de reprimir nas ruas, favelas e no Haiti, o PT não foi o suficiente para a direita. Essa quantidade de operações só mostra como a burguesia ainda se preocupa em enterrar de vez qualquer possibilidade de retorno do PT ao poder.




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