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ENSINO SUPERIOR | O Sisu democratiza o acesso à educação?

Começa hoje a matrícula do Sisu que garante vaga para 238mil pessoas nas instituições de ensino superior públicas, utilizando a nota do ENEM. Porém, qual a realidade por detrás dessa aparente democratização do ensino?

Cristina Rose @CrisRoseMiranda

sexta-feira 3 de fevereiro de 2017 | Edição do dia

Nesta sexta-feira (03) se iniciou a matrícula dos estudantes selecionados pelo SISU, Sistema de Seleção Unificada, que ao todo garante vaga para mais de 238mil pessoas em instituições de ensino públicas, estaduais e federais.

Enquanto para muitos essa é a tão esperada oportunidade de ingressar em um curso superior, mais de dois milhões de inscritos continuam sem poder realizar esse sonho, pois apenas 9% dos inscritos no Sisu entram nas universidades.

Na Universidade de São Paulo (USP), uma das mais renomadas e prestigiadas universidades do país, 2.338 vagas foram destinadas ao Sisu neste ano de 2017, 21% do total de vagas oferecidas por essa instituição neste mesmo ano. Das vagas destinadas ao Sisu, 1.155 foram destinadas aos alunos vindos de escolas públicas, cerca de 10% do total, e apenas 586 vagas foram destinadas a alunos Pretos Pardos e Indígenas (PPI), 5% do total.

O que esses dados revelam?

Ao lado dos números fica evidente como essas medidas que visavam a democratização do ensino são insuficientes. Como pode haver real democratização do ensino quando, por exemplo, 34,6% da população em São Paulo se declara negra segundo o IBGE, e a USP reserva apenas 5% de vagas para as cotas raciais através do Sisu, mantendo o elitismo intacto e a universidade nas mãos de uma maioria branca?

Como pode haver real democratização do ensino quando a juventude que enfrenta 25% de desemprego e é empurrada para o ensino público precarizado que representa cerca de 80% das matrículas do ensino básico, tem garantido apenas 10% das vagas na mais importante instituição de ensino superior do país?

E, para finalizar, como pode haver democratização do ensino se dos apenas 14% da população que cursam o Ensino Superior, mais de 70% o fazem pagando altas mensalidades das Universidades Privadas, enquanto as matrículas no Ensino Superior Público em São Paulo, por exemplo, representam apenas 20% do total?

Qual a saída para essa situação?

A democratização do ensino segue sendo uma falácia na boca desses governos que só pensam em enriquecer os grandes capitalistas da educação. Ao mesmo tempo em que o governo golpista de Michel Temer tenta aplicar goela abaixo uma reforma precarizante do Ensino Médio, governos estaduais como o de Alckimin fecham escolas e salas de aula, apenas sendo contido pela mobilização dos secundaristas. No Rio também não é diferente, com o exemplo da UERJ, ameaçada de ser fechada - e claro, privatizada - por falta de verba.

É a velha tática de precarizar para privatizar. Deixam os serviços que nos oferecem cair aos pedaços, para em seguida dizer que eles precisam acabar e ser entregues a empresas privadas.

A única saída para uma real democratização do ensino está na nossa mobilização e na luta por um governo dos trabalhadores de ruptura com o capitalismo, que pare de pagar a divida pública que consome 50℅ do nosso PIB, para poder investir em educação ao mesmo tempo que acaba com o o vestibular e estatiza os conglomerados educacionais privados, para o ensino deixar de ser mercadoria e passar a ser um direito real de todos!




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