×

MULHERES NEGRAS | O Rock´n Roll emana das mulheres negras

Jenifer TristanEstudante da UFABC

terça-feira 26 de janeiro de 2016 | 09:09

Nascida a 20 de Março de 1915, em Cotton Plant, Arkansas. Filha de Willis Atkins e Katie Bell Nublin, apanhadores de algodão. A sua mãe tornou-se pastora evangélica, cantando e tocando para a sua congregação. É através da sua mãe e pela sua mão que a pequena Rosetta Nublin faz a sua primeira atuação aos 4 anos, acompanhada pela guitarra. Aos 6 anos de idade, segue a sua mãe, que abandonou o seu pai e migrou para norte.

Durante a juventude com a sua mãe, fez digressões em circuitos evangélicos. Influenciada pelo seu meio e pela energia de Chicago, uma cidade que fervilhava a Blues e Jazz, a jovem Rosetta misturava o Gospel com os ritmos seculares, o que, juntamente com o seu engenho com a guitarra, tornaram-na bastante popular. A forma como tocava transpirava Blues e impressionou muitos. Rosetta era também uma das poucas mulheres negras a tocarem guitarra na década de 20 do século passado.

Casou-se com Thomas A. Thorpe, um pastor evangélico abusivo e controlador que se aproveitara do talento e da popularidade de Rosetta. Decide divorciar-se, mantendo o nome do ex-marido, mas alterando a grafia para Tharpe, nome pelo qual ficou conhecida. Muda-se para Nova Iorque com a mãe, onde conquistou o sucesso e atuou no prestigiado Cotton Club, ao lado de Cab Calloway, para um público mais mundano. O que gerou polêmica junto do seu fiel público-base.

Faz história, quando, em 1938, se torna na primeira cantora gospel a assinar por uma grande discográfica, a Decca Records. Um contrato controverso, pois impunha que Rosetta cantasse tudo o que o seu manager propunha. Os temas Rock Me e The lonesome Road conquistam as tabelas Pop em Outubro do mesmo ano. A irmã Rosetta era uma superestrela. Apesar do mal estar entre a comunidade gospel causado por músicas como Tall Skinny Papa, ninguém conseguia ficar indiferente ao seu estilo particular.

Durante os anos que se seguiram, somou sucessos. Todos queriam ver e ouvir a prodigiosa irmã, percorreu os Estados Unidos da América, encheu salas de espetáculos, é uma das poucas vozes femininas negras a animar os soldados norte americanos, durante a guerra. Grava Down by the Riverside e Strange Things Happening Every Day, num período onde a segregação era a norma, denotam que as normas são algo que Rosetta nasceu para quebrar e foi assim que foi a sua vida.

Mulher Negra e com uma guitarra potente!

Sister Rosetta tinha um programa gospel na rádio nos anos 30, 40, e num contexto onde nos Estados Unidos a situação dos negros no regime de Apartheid, com muitas dificuldades Sister rompeu o preconceito, criticava abertamente os problemas desse regime e mesmo assim o desafiava com show e casa lotada com a sua voz maravilhosa e sua ginga e audácia ao colocar a guitarra nas costas, Sister orgulha pela resistência enquanto mulher negra de insistir em seu talento e mostrar ao mundo para que veio.

Pioneira do Rock segue inspirando gerações até hoje

Reza a lenda que Rei do rock, Elvis Presley, quando criança, saía correndo da escola para ouvir o programa e as músicas que ela cantava. O jeito que ela cantava e tocava guitarra acabou sendo assimilado inclusive por B.B King que reconhecia o talento de Sister e que assume ser sua influência. Mas existe um terceiro Rei, de outra vertente musical o Mestre do Folk, Bob Dylan, assumidamente fã desta artista extraordinária.

Com uma energia possante a brincar com a guitarra, faz lembrar Chuck Berry. A verdade é que foi esta a mulher que inspirou Chuck Berry. A mulher “bonita, divina, sem mencionar sublime e esplêndida” como Bob Dylan afirmou numa entrevista, é a essência do Rock n’ Roll.

Rosetta Tharpe é uma inspiração para Etta Jones, Johnny Cash, Little Richard, entre outros. O seu legado é enorme, marcou a história da música, marcou gerações e apaixona todos aqueles que a ouvem, pois sempre teve uma energia cativante, muita irreverência e originalidade.

Em 2004, Down by the Riverside entra para a National Recording Registry, da biblioteca do congresso norteamericano. Em 2007, entra para o Blues Hall of Fame e, em 2008, o governador Edward Rendell declara o dia 11 de Janeiro o dia da Sister Rosetta Tharpe, no estado da Pensilvânia.


Temas

Cultura    Negr@s



Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias