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QUILOMBO VERMELHO | “O Quilombo Vermelho é uma faísca de esperança”: veja os depoimentos no lançamento do Rio de Janeiro

O Quilombo Vermelho foi lançado no Rio de Janeiro no dia 25 de novembro, e já nasceu expressando o profundo entusiasmo de trabalhadores e jovens negros e negras para lutar contra o racismo e o capitalismo.

sábado 2 de dezembro de 2017 | Edição do dia

Leia abaixo os depoimentos dos professores, garis, trabalhadores das universidades, estudantes secundaristas e universitários, que estiveram presentes nessa emocionante atividade de lançamento sobre as perspectivas do Quilombo Vermelho no Rio de Janeiro.

Francisco trabalha como gari, fez parte da histórica greve de 2014

“O lançamento do Quilombo Vermelho aqui no Rio trouxe um avanço muito legal para a luta negra anticapitalista. Foram muitos e importantes assuntos tratados no lançamento do QV. Pois trouxeram um esclarecimento amplo sobre as condições de vida dos negros e negras aqui no nosso país. Precisamos avançar em direção aos nossos objetivos e calar de uma vez a voz dos capitalistas que tentam calar nossas vidas. Temos que dizer não a todo esse plano político maldoso e covarde que estão trazendo pro povo brasileiro um futuro de muita incerteza. Eu acho que nós temos que enfrentar de frente toda essa cambada de maldosos de covardes e fundarmos algo que possa ser verdadeiramente importante para toda a classe trabalhadora brasileira, seja ela branca ou negra é muito importante. Mas temos que realmente avançar e lutar pela nossa causa negra nesse país, que a cada dia eles querem em pleno século XXI colocar de novo nas senzalas todos os negros e negras, e agora também os brancos trabalhadores. O Quilombo Vermelho chega, e chega forte e nós vamos avançar em direção a esses nossos objetivos”.

Fernanda, estudante de Pedagogia da UERJ

“O lançamento do Quilombo Vermelho pra mim foi uma faísca de esperança no meu coração sobre a luta dos negros, sobre a gente se unir, se fortalecer, dar força uns aos outros e resistir juntos a esse sistema que nos oprime e nos mata todos os dias. Foi muito significativo pra mim cada fala, cada depoimento, cada participação e principalmente perceber que é maravilhoso estar junto e compartilhar as dores com quem passa pelo mesmo que você”.

Luis é professor na cidade de Resende.

“Muito bom o Quilombo Vermelho porque tem que atiçar mesmo essa iniciativa. Gostei mesmo da proposta daquela companheira do Sepe Niteroi, de fazer a campanha contra a escravidão na Líbia e para se debater contra o racismo, porque temos que ir contra o racismo na escola. Às vezes a gente vê uma tentativa de desconstrução da luta contra o racismo, com gente que fala que o Zumbi era estuprador, umas besteiras enormes. Tem diretor que fala que não gosta de cotas raciais, que é “privilégio”. Tem que ter iniciativa na escola contra o racismo, senão essa gente vai ficar colocando essas coisas na cabeça da população”.


Ariel, professora

“Sou professora e dou aula numa escola composta majoritariamente por negros. Neste ambiente, poucas crianças se reconhecem como tal. São crianças ensinadas e coagidas a se encaixarem em um padrão comportamental estipulado onde o uso de tranças e turbantes é totalmente hostilizado. Além disso, não detém conhecimento histórico sobre a luta dos negros, como por exemplo a biografia de Dandara dos Palmares, na realidade são crianças que não possuem nada. Às vezes é difícil insistir quando a sensação de estar lutando sozinha aflora. É ai que se faz presente a importância do Quilombo Vermelho. Mostra que não estamos sozinhos e que por mais que tenha uma longa jornada pela frente há meios de conquistarmos um futuro livre de preconceitos e livre desse sistema capitalista que lucra cada vez mais com o sofrimento de homens, mulheres e crianças”.

Elis, estudante de Serviço Social da UERJ.

“Foi imensurável o que senti no lançamento do QV no Rio. E mais ainda o que senti nos companheiros e suas falas. Senti um desejo de luta, que inclusive transformou a minha indignação acerca desse sistema escroto perverso, em vontade de lutar junto. Eu vi no QV um instrumento de combate contra capitalismo que eu sempre procurei. E ter a oportunidade de participar e aprender com o Coletivo me deixa muito feliz. Enfim, eu ainda tô em êxtase e saí do lançamento com o meu espírito muito mais aguerrido e esperançoso na união da classe trabalhadora, que na sua grande, maioria é o povo negro, unida, no poder e construindo um país melhor e igual pra todo mundo. Foi muito foda o que eu vivi sábado, e agradeço por ter me apresentado o Quilombo Vermelho”.

Guilherme, estudante de História da UERJ

“Estar presente no nascimento e lançamento do Quilombo Vermelho foi gratificante, pois construir um coletivo na luta negra que vai para além do empoderamento e discuti os problemas enfrentados pela classe trabalhadora era o que precisávamos. Temos que saber que a luta contra o racismo não se dá separada da luta contra o capitalismo. Precisamos lutar contra esse sistema que só oprime e explora ainda mais os negros e pobres, e ver essa luta nascendo com garra e força pelo Quilombo Vermelho me dá energia para seguir em frente para pôr fim a esse sistema, pois por mais que a regra dos capitalistas seja clara, venho informar para eles que vai haver mudanças pois a coisa tá ficando preta”.

Luciene, estudante de Serviço Social da UERJ e trabalhadora doméstica

“Eu achei o lançamento do Quilombo Vermelho incrível muito produtivo Eu particularmente não participo de nenhum coletivo, mas me identifiquei bastante. Acredito que coletivos de negros nunca são demais. Ainda mais hoje, nessa conjuntura que estamos, em questão de luta contra o racismo. Não me recordo de nenhum outro momento da minha vida uma luta tão engajada contra o racismo. Tem a questão do empoderamento, mulheres negras se assumindo mesmo. Embora eu ache que tem que ir além do meu black, né. Você começa a questionar o racismo, e questionar privilégios, e isso ataca uma burguesia. Desconstruir a questão de que o preto tem os piores salários, são os que fazem os piores empregos, os que fazem o trabalho doméstico. Questionar isso é questionar os privilégios. E isso vejo na UERJ também, que é uma universidade que tem cotas, onde o negro pode estudar. E agora estão atacando, que primeiro acontece na UERJ, e vai acontecer nas outras universidades até acabarem com as cotas. Esse é um medo que eu tenho. E eu acho que o Quilombo Vermelho traz isso de questionar não somente o racismo, mas toda a sociedade que a gente vive. Porque o capitalismo é isso, tem o explorador e o explorado. E o negro é sempre explorado.”

Gabe, estudante secundarista

“Para mim foi muito inspirador. E eu acho que resistir inspira resistência nas pessoas ao redor. E ver um coletivo que fala o que eu vivo, o que milhões de pessoas vivem é muito inspirador. Dá pra enxergar que a luta não está sendo em vão. Que estamos falando para alguém, e não para as paredes da universidade. Que expressa a periferia. Cada fala me inspirou muito e me lembrou do propósito que temos dentro da Faísca ou do Quilombo Vermelho”.




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